sábado, 30 de setembro de 2017

Planejamento, inteligência e frieza: faltou muita coisa ao Flamengo



Faltou planejamento. O Flamengo chegou até uma final de Copa do Brasil tendo como principal jogador um zagueiro de 38 anos que até bem pouco tempo atrás não era nem mesmo uma opção considerada para a reserva.



Visto como um dos melhores elencos do Brasil, o Flamengo não tem laterais confiáveis, tem apenas um zagueiro (veterano) de qualidade, tem seu principal meia numa fase ruim e seu substituto natural não estava inscrito na competição.
Faltou inteligência. O Flamengo foi enfrentar o Cruzeiro sabendo que um empate levaria para os pênaltis e ciente que o Cruzeiro tinha um goleiro que poderia eventualmente pegar um pênalti, enquanto o nosso tem um nível impressionante de aproveitamento no quesito “adivinhar o canto onde o batedor não vai chutar”. Mesmo assim, e mesmo diante das fragilidades apresentadas pelo adversário, manteve um segundo tempo cauteloso e deixou que a partida fosse numa direção que obviamente não seria vantajosa para nós.

Faltou frieza. Ainda que pênaltis sejam uma loteria, é sempre mais fácil vencer essa loteria quando você, por exemplo, não aposta na megasena as dezenas “pato, marreco, cachorro”, que realmente não são dezenas, e sim nomes de animais, o que reduz um pouco suas chances. Diego mais uma vez se saiu mal nos pênaltis, assim como Muralha, que agora implementou uma ousada estratégia de “pular sempre para o mesmo lado”, uma das ideias mais apalermadas da história do futebol e que apenas mostra o desespero vivido pelo goleiro rubro-negro.

E falta, e isso falta muito, não aceitar mais esse tipo de situação. Claro que derrotas acontecem, claro que perder é um risco inerente à vontade de ganhar, claro que não é porque o time foi derrotado ontem que todo o trabalho deve ser jogado fora e nada que foi feito antes tem méritos. Mas falta ao Flamengo de hoje um certo nível de indignação, de revolta, de inconformismo com a derrota, que torna ainda triste e sofrido o ato de perder. Eliminações vexatórias são encaradas com um “isso acontece”, derrotas imperdoáveis são vistas como acidentes de percurso, situações que exigiriam no mínimo uma reavaliação de várias decisões da diretoria são vistas como apenas obstáculos numa espécie de caminho garantido do sucesso.

O resultado disso nesse ano foi uma eliminação vexatória na Libertadores, uma eliminação constrangedora na Primeira Liga e um vice-campeonato da Copa do Brasil. Ou seja, fora o Campeonato Carioca, ainda não vencemos nenhum título esse ano, nos sobrando agora a Sul-Americana, com um clássico nas quartas de final, e um Campeonato Brasileiro em que nem no G6 estamos mais. E isso claramente é muito pouco.

Rueda precisa continuar seu trabalho, claro, e é com esse grupo que precisamos contar até o fim do ano. Mas fica claro que lições precisam ser aprendidas, tanto para a montagem do elenco no ano que vem como para aplicação imediata, Se 2017 já deixou claro que não vai ser o ano que esperávamos, cabe agora ao menos um esforço para que ele não seja um fracasso completo. E ainda parece faltar muita coisa para que o Flamengo consiga isso.

Por João Luis Jr., do Isso Aqui é Flamengo

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