terça-feira, 14 de novembro de 2017

"Esse time não honra a camisa do Flamengo", diz Cosme Rimoli



Uma chuva sui generis alcançou o ônibus do Palmeiras. Primeiro, um banho de pipoca. Em seguida, Pamonhas e bananas explodiam nos vidros escuros, enquanto os jogadores se abaixavam, se protegiam, amedrontados, temendo pedras. As pamonhas e bananas eram atiradas com raiva por parte de membros da maior organizada do clube, a Mancha Verde.


Ela havia divulgado uma 'carta de demissão' de Egídio, Roger Guedes, Fabiano, Luan, Juninho, Antônio Carlos, Arouca, Michel Bastos, Deyverson, Bruno Henrique e Erik.


Faixas e muitos palavrões contra o presidente Maurício Galiotte, Cuca, Alberto Valentim e Mustafá Contursi.

Esse foi o protesto da torcida pela 'campanha vergonhosa' do Palmeiras em 2017.

Alberto Valentim conversou com os seus jogadores antes da partida contra o Flamengo. E exigiu que seus jogadores dessem a resposta em campo. O time se uniu e, com todo o auxílio da irritante apatia rubro negra, o Palmeiras venceu a partida por 2 a 0. Dois gols de Dayverson, que acabara de ser 'demitido' pela Mancha Verde.

Mas a grande estrela foi Felipe Melo, que voltou a ser titular, e teve uma ótima atuação. Dominou o meio de campo, se impôs. Seguindo seu estilo firme, com garra, vibração, luta. Que tanto agrada a torcida. Até mesmo a Mancha Verde aplaudiu o volante que Cuca não queria. E que a diretoria já havia decidido negociar em 2018. Foram três meses sem jogar. Com a vitória, o time chega à terceira colocação.

"Eu mostrei o quanto sou profissional. Foram três meses sem jogar, mas treinei com toda a dedicação. Vim para ajudar o Palmeiras. A torcida fez o seu protesto fora do campo. Mas quando a bola rolou, nos incentivou. A vitória foi ótima. Ganhamos de um adversário direto pelo G4. O time jogou bem. A defesa não tomou gols. Vou seguir dando o meu máximo enquanto me quiserem por aqui", disse, empolgado, Felipe Melo.

Só que sua alegria pode durar pouco. Será julgado pela confusão com Clayson do Corinthians, no intervalo do clássico do domingo passado. Pode pegar até seis partidas por 'conduta contrária à disciplina ou ética esportiva. Ele jogou sua munhequeira no corintiano, que teria cuspido no volante. O STJD analisará o caso na próxima quinta-feira.

Quem voltou a ganhar espaço foi Michel Bastos. Ele atuou pela lateral esquerda. E muito bem. O jogador deverá ser o novo dono da posição, já que Egídio está definitivamente fora do elenco de 2018. "Eu esperei com tranquilidade e respeitando as escolhas dos treinadores. A torcida me cobra porque sabe do meu potencial. Nunca desisti de jogar pelo Palmeiras. Só não era escalado", destacava o lateral.

E o instável Flamengo de Reinaldo Rueda, fica estagnado na sétima colocação. Se o time não vencer a Copa Sul-Americana, o treinador colombiano pode não começar 2018 na Gávea. Sua equipe se mostra cada vez mais desinteressada e sem estrutura tática.

Ficou muito claro, desde os primeiros minutos, a disparidade de atitude das duas equipes. O Palmeiras entrou focado, concentrado, irritado, querendo vencer. O Flamengo, malemolente, tentando tocar a bola, diminuir o ritmo de jogo, a correria do time da casa. O comportamento da torcida outra vez foi incrível. Não parou de vibrar, empurrar a equipe de Alberto Valentim durante toda a partida. Mesmo a Mancha Verde cumpriu o que havia prometido. A vibração favorável ao time para garantir a participação na Libertadores de 2018. 'Pequena' compensação para o clube que teve mais de R$ 115 milhões de investimento no time em 2017.

Sem Mina e Guerra servindo à Seleção Colombiana. Egídio, liberado para cuidar de 'problemas particulares', na verdade afastado da equipe. Juninho, depois de inúmeras falhas, na reserva. Felipe Melo como titular absoluto. Situação que havia acontecido pela última vez contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil, em julho.

A estratégia de Valentim foi marcar alto, compactar o time e forçar pelas laterais, ponto mais do que fraco do Flamengo. Mantendo a intensidade, a vibração, a tensão no jogo, o tempo todo.

Sem Diego, convocado para a Seleção, Trauco, na Colombiana, Rever, Thiago e Berrio, contundidos e Guerrero, suspenso, o Flamengo entrou sem alma. Foi um time apático. Buscando contragolpes esporádicos para tentar vencer. Ou Rueda acredita demais na conquista da Copa Sul-Americana ou perdeu o controle da equipe. Deu raiva de ver a falta de vibração, de ambição dos flamenguistas.

E não demorou para o Palmeiras sair na frente. Lançamento espetacular de Moisés. A zaga formada pelos rodados Rhodolfo e Rafael Vaz, em linha, não percebeu o desengonçado Deyverson invadir a área. Dominar a bola. Errar o chute e enganar Diego Alves. 1 a 0, aos 13 minutos.

O gol deu mais confiança aos palmeirenses. Os flamenguistas seguiram lentos, desinteressados. Há algo muito errado na Gávea. O time de Valentim não tinha nada a ver com isso. E ampliou o placar. Keno, na esquerda, cortou para o meio, e acertou a trave. Enquanto a defesa flamenguista ficou olhando, lá foi o desengonçado, sim, o mesmo adjetivo, Deyverson marcar seu segundo gol, de peixinho. 2 a 0, Palmeiras, aos 37 minutos.

A vantagem no placar dava mais tranquilidade ao time verde. Os jogadores diminuíram o ritmo. Sentiam que o Flamengo não oferecia perigo. Everton Ribeiro lutava sozinho tentando construir as jogadas ofensivas. Felipe Melo conseguia se antecipar, marcar, fechar com facilidade a entrada da área palmeirense. Foi assim até os 12 minutos do segundo tempo, quando, cansado, pediu para sair. Ele sabia que havia feito ótima partida.

Com a vantagem, o Palmeiras administrou o jogo. Até obrigou Diego Alves a algumas boas defesas. O time paulista não correu risco nunca neste jogo. O Flamengo seguiu pragmático, previsível e sem vibração. Atuação mais do que preocupante.

A vitória palmeirense foi mais do que justa.

Agora resta saber se haverá estabilidade.

Acabarão as pamonhas, pipocas e bananas.

O Palmeiras decepcionou quando tinha chance de ser campeão.

Que mostre firmeza pelo menos para se manter no G4.

Restam Sport, Avaí, Botafogo e Atlético Paranaense.

Quatro partidas para garantir 2018 na Libertadores.

Para fazer a obrigatória reformulação no elenco.

E escolher um técnico.

Quanto ao Flamengo, que Rueda vença a Sul-Americana.

Ou seu período no Brasil será mais curto do que imagina.

Esse time que jogou hoje não honra a camisa gloriosa do Flamengo...

Fonte: Cosme Rimoli

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