segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Empresa usará modelo do Borussia para atrair Fla-Flu ao Maracanã, confira:



Gestor de 58 arenas pelo mundo, o grupo francês Lagardère foi o primeiro a se mostrar interessado na concessão do Maracanã quando a Odebrecht sinalizou que desistiria do estádio. Sua intenção de administrar a arena tem a concorrência do consórcio formado pela Amsterdam Arena, GL Events e CSM, em parceria com o Flamengo. Caberá à construtora e ao governo do Estado decidirem a questão.


Em uma entrevista ao blog, o CEO da Lagardère, Aymeric Magne, disse que pretende atrair o Flamengo para uma parceria, mas que o Maracanã é viável sem o clube. Afirmou que em seu modelo de negócios há um maior número de shows, sinalizou com a manutenção do contrato do Fluminense, e com um aproveitamento de toda a área do complexo para eventos e atividades.


Em relação aos clubes, promete um modelo inspirado no do Borussia Dormunt, cuja arena é administrada pela Lagardère. Segundo ele, o clube tem influência nas decisões sobre o estádio.

Magne não respondeu, nem deu detalhes sobre diversos pontos de seu modelo e proposta financeira, alegando confidencialidade no negócio. Argumenta que isso será conhecido após a negociação. Lembre-se que o Maracanã foi construído com dinheiro público. Mas o executivo francês garantiu que o grupo atenderá todas as condições da concessão, incluindo R$ 1,5 bilhão para manutenção, R$ 200 milhões em investimento e pagamento de outorga. Veja abaixo a entrevista:

Blog: Qual o modelo que o senhores pensam para a gestão do Maracanã?

Aymeric Magne: Temos 58 arenas pelo mundo, sendo 45 de futebol. Nossa visão é clara: o Maracanã é o maior palco, a melhor arena do mundo. Tem quatro times que podem jogar dentro. É um conteúdo muito forte sem igual no mundo. É o palco do futebol carioca. É um monumento internacional. Nossa ideia é ter um dia a dia, revitalizar o bairro com atividades diárias. Pretendemos receber shows e times internacionais. Depois da Olimpíada, temos que aproveitar o legado para o Rio. O motor será o Maracanã.

Blog: Os senhores já tiveram conversas com os clubes sobre como seria a participação deles? 

Aymeric Magne: Tivemos discussões com times de futebol. Já existe um contrato do Fluminense com o operador. Em todas as nossas arenas nosso objetivo é gerir futebol. São 70 times de futebol pelo mundo que temos parceria. Cuidamos do marketing do Borussia Dortmund uma parte da Juventus, uma parte do Manchester City. A Arena é uma forma receita. O clube tem que participar da arena.

Blog: Então os senhores pretendem manter o contrato com o Fluminense como o feito com a Odebrecht?

Aymeric Magne: Tem um contrato vigente. Não posso entrar em mais detalhes.

Blog: O senhores pretendem negociar com o Flamengo alguma parceria? Como o senhores encaram as declarações do presidente do clube de que não jogará no Maracanã com a Lagardère? O estádio é viável sem o Flamengo?

Aymeric Magne: Como eu falei, sempre estamos querendo conteúdo para o estádio. O Flamengo é um dos grandes conteúdos, um dos maiores do Rio, um dos melhores se não o melhor time. Já temos modelos na Europa que podem ser aplicados no Brasil. Se não tiver o Flamengo, entendemos que o estádio é viável.

Blogs: Os senhores têm conversas com o Botafogo e o Vasco?

Aymeric Magne: Não posso falar sobre isso.

Blog: As informações que temos é de que teria de ser pago um valor entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões pela concessão do estádio. Dentro do sigilo da negociação, é possível revelar qual o valor? 

Aymeric Magne: Como você disse, há o sigilo da negociação. Discutimos há um amo com a Odebrecht. Temos condições pré-definidas. É uma negociação de privado com privado. Depois, o governo tem que dar a anuência porque tem todas as condições para assumir o estádio por 30 anos. Quem assume o estádio por 30 anos tem que poder pagar R$ 1,5 bilhão em manutenção, R$ 200 milhões em investimento no Maracanã e no Maracanãzinho, e ainda tem a outorga para pagar. Se não for uma empresa séria, não vai pagar e quem vai ter que pagar é o governo e o povo. O estádio custou R$ 1,2 bilhão então é muito importante pagar a outorga de R$ 5,8 milhões por ano para reembolsar o valor que foi investido.

Blog: Mas a manutenção do Maracanã custa R$ 30 milhões por ano com as economias feitas pela Odebrecht. Vocês colocam como R$ 50 milhões…



Aymeric Magne: Queremos uma operação no nível do Maracanã. Tem que ser de alto nível. Tem que atender todo o tipo de público. Tudo tem que estar limpo e funcionamento bem.

Blogs: Esse investimento de R$ 200 milhões é o mesmo previsto no edital? Porque inicialmente eram cerca de R$ 500 milhões e depois havia uma renegociação para entre R$ 130 milhões e R$ 140 milhões. Em que será investido?

Aymeric Magne: Com o valor corrigido, está em R$ 200 milhões. Houve uma revisão do primeiro edital. Isso seria investido no Complexo do Maracanã. Ainda não posso dar detalhes.

Blog: A Odebrecht assumiu o estádio em 2013 e não conseguiu torná-lo rentável. Por que seria diferente com a Largadère? O que os senhores fariam de diferente?

Aymeric Magne: Porque temos uma experiência de 20 anos com estádios. Administramos o Castelão e o Independência. Pesquisamos bem o Maracanã. Esse é o nosso core bussiness (negócio principal): é operar estádio e não construção. Temos parceiros globais que podem viabilizar. Teremos mais shows. Queremos que o Maracanã se torne o maior palco internacional. No Castelão, fazemos 12 shows por ano, e 47 jogos de futebol. O Maracanã tem um potencial bem maior. Precisa ter uma operação comercial internacional. Se o Allianz Parque consegue receber oito ou dez shows por ano, não sei o número exato, o Maracanã pode fazer o mesmo. Para isso, temos que flexibilizar a operação. Assim pode ter evento para 70 mil no Maracanã e outros no Maracanãzinho.

Blog: Serão revistas as condições do contrato que impediam a construção de um centro comercial perto do estádio e tombavam o Parque Julio Delamare e o Célio de Barros?

Aymeric Magne: Não posso divulgar. O que posso falar é que o Maracanã é um complexo. Todas as atividades são possíveis no Maracanã, no Maracanãzinho e dentro da área da PPP.

Blog: Vou voltar ao assunto dos clubes. Uma restrição que o Flamengo faz é a exigência de ter maior influência nas decisões do estádio. Qual o modelo que os senhores pretendem oferecer para os clubes em relação à gestão do Maracanã?

Aymeric Magne: Não posso falar em relação aos clubes. Posso dizer que será um contrato bom para eles. Eu te pergunto: quem opera a Arena Dortmund? Somos nós, e você ouve falar da Lagardère? A parceria que temos com os clubes eles têm influência sobre as decisões. Todos os modelos que temos com os clubes são para dar bônus para eles e sem ônus.

Blog: A Lagardère opera dois estádios, Castelão e Independência. O senhor pode dizer se a operação deles é superávitária? Digo se a empresa ganha mais do que investe?

Aymeric Magne: Não posso divulgar números. Posso dizer que é bom para todas as partes. Os clubes estão felizes tanto no Independência quanto no Castelão.

Blog: Um questionamento que se faz em relação à Lagardère é a parceria com a BWA, empresa paulista. A BWA já teve passagem pelo Maracanã cuidando da bilheteria e houve muitos problemas com ingressos e acusações de evasões de renda. A BWA vai participar da parceria do Maracanã? 

Aymeric Magne: Focamos no futuro e não no passado. Queremos fazer do Maracanã a melhor arena do mundo. Não sei o que aconteceu no passado. (A assessoria da Lagardère nega que a BWA faça parte do consórcio que tenta assumir o Maracanã)

Blog: Há uma perspectiva de quando vai se concluir a concorrência e a negociação em relação ao Maracanã? 

Aymeric Magne: A nossa perspectiva era que fosse o mais rápido possível para podermos desenvolver o melhor para o produto. Mas, depois da negociação privada, ainda tem que passar pelo governo. São processos que vão acontecer. Estamos fazendo o trabalho. Os próximos passos estão com a Odebrecht e o governo.

Blog: Isso significa que a proposta dos senhores já foi formalizada?

Aymeric Magne: Não falei isso.

Blogs: O senhor alegou confidencialidade em alguns pontos. Se a Lagardère sair vencedora desse processo, os dados da concessão serão divulgados?

Aymeric Magne: O processo de negociação é sigiloso. Mas, quando concluído, todos os termos da PPP serão transparentes sem frescura. O que posso dizer é que vamos cumprir 100% das condições do edital, 100% da outorga. Essas informações são importantes. Todos os requisitos do governo serão cumpridos.

Fonte: Rodrigo Mattos

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