Semana passada vi uma entrevista do Claudio Pracownick, vice de finanças do Flamengo, onde ele dizia que o Flamengo pagou o “impagável” e que nos próximos ano o Flamengo vai conquistar títulos. Se você não viu está aí o link: Entrevista Pracownick
A primeira vista esse é o tipo de entrevista que deixa o torcedor eufórico e esperançoso. Eu, como torcedor também não escapei desse sentimento, mas resolvi imaginar o que nos falta para voltarmos a ser os gigantes que sempre fomos e que há alguns anos anda adormecido.
Comparar com o futebol europeu nos coloca em nível de desigualdade, principalmente quando o assunto é dinheiro, basta ver que o Flamengo, dono da maior receita do futebol brasileiro em 2015 não aparece entre as 40 maiores do mundo. Porém, hoje fazemos parte de um grupo seleto chamado Top Five da adidas, um grupo com gigantes dos países que mais consomem o futebol, e que é formado por Real Madrid, Bayern de Munique, Chelsea, Milan e o Flamengo. Sobre esse grupo que gostaria de analisar a nossa situação atual.
Entendam que o objetivo desse matéria não é instigar o “complexo de vira-latas” já presente na cultura brasileira, mas saber onde estamos e onde queremos chegar, pois é o primeiro passo para sairmos da inércia que infelizmente acometeu o Flamengo durante muitos anos e que agora estamos saindo a passos lentos mas firmes.
Garimpando informações em mídias respeitáveis como o blog Olhar Cronico Esportivo, revista Exame e em pesquisas da Fifa e Datafolha divulgadas no ano passado levantamos alguns números que podem nos nortear.
Bem, começaremos falando de Receitas e como elas se dividem, verificando os números da Football Money League, temos as seguintes receitas dos clubes em 2015:
Independente da atual desvalorização da nossa moeda, a disparidade assusta e dita o porquê da diferença entre europeus e brasileiros em relação a times e estrutura. Ganhar um mundial hoje, dado a esse massacre financeiro, beira um ato de heroísmo. O Real Madrid ganha quase 7 vezes mais que o Flamengo.
Essa dependência dos contratos de TV e patrocínio também chamam a atenção, sendo responsáveis em geral por quase 80% das receitas dos clubes.
Para se ter uma noção, quando falamos de Patrocínio os valores gritam na diferença entre os times, o Real Madrid por exemplo recebe em torno de US$ 49 milhões da Adidas, o Chelsea US$ 32 milhões, o Bayern US$ 29 milhões, o Milan US$ 19 milhões e o Flamengo US$ 9 milhões. Uma observação, o contrato do flamengo é em reais, algo em torno de 36,5 milhões por mês, os outros em dólares ou euros, o que aumenta ainda mais esse abismo.
Mas seguindo, vamos falar sobre o número de torcedores, como eles contribuem e ajudam a elevar a Marca e o nome do seu time mundialmente:
E nesse quadro o ar de suspiro do rubro-negro enfim sai da boca, verificando os números o magnífico potencial da torcida rubro-negra fica explícito. Afinal, sua torcida é maior que a soma de todos os outros “Top Five” da Adidas. Fica claro também o quão mal explorado é esse potencial, visto o pequeno número de sócios, seguidores e público médio do Flamengo.
Sim, é pífia a relação torcedor x consumidor do Flamengo, e aí entram em cena várias questões que denotam a necessidade de crescimento do Flamengo em relação aos outros integrantes do Top Five, como Estádio, sócios, marketing, estrutura…
Para se tornar realmente um Top Five, a construção de um estádio é primordial! Um público médio de 30 mil torcedores é ridículo ante ao tamanho da torcida rubro-negra. Fortalecer o programa de sócios torcedores é uma outra necessidade, 60 mil torcedores em um universo de 40 milhões é um número ínfimo, e antes que alguém diga que é um dos que mais faturam, isso não diminui o insignificante percentual de sócios em relação ao gigantesco universo de torcedores rubro-negros. Por isso se você ainda não é e tem vontade de se tornar parte do Nação Rubro-Negra agora é hora!
Nosso marketing também engatinha na exploração do potencial da torcida, vide o número de seguidores das redes sociais, obtenção de parcerias e patrocínios e divulgação da marca internacionalmente. O Flamengo pode e deve ser mais bem explorado, principalmente pelos torcedores off-rio, que querem consumir Flamengo e muitas vezes não são alcançados. Somos o clube com a mais valiosa marca do Brasil, ainda assim temos valores menores de patrocínios que alguns clubes brasileiros. A realidade é que o Flamengo deveria ser disputado a tapas pelos patrocinadores, afinal gera mais mídia e audiência que a própria seleção brasileira.
Ser Top Five da Adidas é bom para o ego, mas hoje não significa muito para nosso bolso e nem para a nossa marca. A internacionalização que a Adidas prometeu ainda engatinha, tanto é que em muitas lojas da Adidas no mundo ainda não são encontradas. O clube também não investe nesse tipo de divulgação, tanto é que já rejeitou convites de torneios no exterior e nunca utilizou uma das vantagens que o contrato da Adidas proporcionou: A utilização do Centro de Treinamento da Adidas na Alemanha para pré ou inter temporadas.
Acho que o marketing do Flamengo já entendeu o recado, então arregacem as mangas e trabalhem, pois o que estamos fazendo ainda é pouco perto do que podemos e precisamos. Somos Gigantes, mas hoje ainda precisamos evoluir muito. Não adiantar estar no Top Five e não ser Top Five. Para isso nós torcedores teremos que realmente impulsionar o Flamengo. Pois hoje somos o diferencial e a única esperança para vermos o Flamengo onde ele merece estar, de onde nunca deveria ter saído, o topo do mundo.

Por Jerônimo Simeão Júnior
Fonte: Coluna do Flamengo
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