quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Landim prega mudanças na gestão e detalha propostas para Fla


No início da tarde desta quinta-feira, o principal concorrente do atual presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, o empresário Rodolfo Landim, 61 anos, lançará sua candidatura à presidência do clube.

Em entrevista exclusiva ao blog, ele fala dos seus principais planos para a gestão do rubro-negro.

Ex-membro do grupo original que governa o clube há dois mandatos, ele também analisa por que não foi possível uma união com a atual situação. E aponta a principal indignação com o futebol, adiantando o tom da disputa que terá fim em dezembro:

"Tem uma coisa que eu não suporto. Eu não suporto perder, eu acho que o Flamengo tem de ganhar tudo. O Flamengo pode perder, isso é da vida, mas tem de estar sempre querendo ganhar. E tem de estar sempre indignado com a derrota", disse.




O blog tentou fazer uma entrevista para ser publicada na mesma data com o candidato à sucessão de Bandeira, Ricardo Lomba, mas o pedido não foi aceito. Por ser o atual vice-presidente de futebol e não ter lançado sua candidatura, ele foi orientado a não falar neste momento. 

Entrevista com Rodolfo Landim, candidato à presidência do Flamengo.

Pergunta: vocês se intitulam "situação paralela". O Rodrigo Dunshee de Abranches  (presidente do Conselho Deliberativo e membro da sua chapa) disse isso em entrevista recente. Como é isso?

Resposta: Na verdade, as pessoas tentam colocar a chapa como se fosse uma chapa de oposição, como se a gente fosse contra o Flamengo. A gente não é contra o Flamengo. Essa palavra "oposição" carrega um peso muito forte. A gente é a favor do Flamengo e é por isso que a gente quer mudar o Flamengo.

Esse movimento envolve uma série de pessoas que estão na administração do clube, são pessoas que começaram a mudança do clube em 2012, que ficaram de fora depois da reeleição do Eduardo e algumas delas, inclusive que continuaram com o Eduardo e estão saindo agora, como por exemplo a tão propagandeada boa administração financeira. O vice-presidente Cláudio Pracownik saiu e está nos apoiando. Fora os outros poderes do clube, que é o caso do Dunshee, no órgão máximo do clube (deliberativo).

Assim como outros poderes, o conselho fiscal, o conselho de grandes beneméritos, acredito que em sua grande maioria também está apoiando esse movimento nosso. A administração do clube não é o Conselho Diretor e não são aquelas poucas pessoas que estão ali, escolhidas pelo Eduardo, gravitando em torno dele. Eu acho até um pouco arrogante daquelas pessoas dizerem "eu sou a situação".

Nesse bojo de maior participação, vemos alguns ex-presidentes com vocês, como Márcio Braga, por exemplo, entre outros, que foram responsáveis por gestões que não trouxeram bons resultados mais recentemente, inclusive no futebol. Como ter essas pessoas e ao mesmo tempo não voltar a antigas ideias que já se provaram atrasadas e de pouco sucesso?

Eu tento em qualquer coisa que eu faço na vida olhar pra frente. Claro que a gente olha para trás, para aprender com os erros, mas é muito difícil julgar o passado. A primeira coisa que temos de pensar é que há muitas críticas em relação à antigas gestões do Flamengo, mas temos de considerar que a situação era completamente diferente. O futebol não é o que é hoje um grande negócio, temos de ver que as decisões foram tomadas em cima de outras variáveis. Lembro que na época do Márcio Braga, eu tive contato com ele na época em que eu era presidente da Petrobras Distribuidora e ela era patrocinadora, tinha grandes contratos e lembro das dificuldades que eles tinham. O Márcio olhava pra mim e falava que no domingo não tivesse chovendo ele ficava com o coração partido porque ninguém ia pro Maracanã, que o pessoal ia pra praia e não ia ter bilheteria. Porque naquela época a receita da bilheteria era fundamental, era enorme, dentro do percentual de arrecadação que os clubes tinham. As condições no passado eram completamente diferentes.

É claro que tem de olhar para o passado e ver as coisas erradas para não praticar no futuro, mas eu tendo a não julgar muito o passado das pessoas que trabalharam no Flamengo até porque se o Flamengo conseguiu chegar ao que ele é, foi em grande parte em função ao trabalho de diversas pessoas que trabalharam no Flamengo. É muito fácil julgar pela capacidade que o futebol tem de arrecadar hoje. A gente tem de unir essas cabeças e o aprendizado delas para tentar fazer melhor.

Eu quero levar essas pessoas que querem levar sua contribuição e que estão se sentindo completamente isoladas pelo fato de entenderem que o clube hoje está nas mãos de um pequeno grupo, que se fechou, que não ouve ninguém, que quando ouve críticas dizem "façam uma chapa e ganhem a eleição", então é isso que estamos fazendo. Estamos juntando pessoas que são rubro-negros como todas, têm capacidade para, de fato, modificar o Flamengo. As coisas que estiverem sendo bem tocadas vão continuar, mas têm coisas que precisam ser modificadas, a começar pela forma de cobrar.

Aplicar bem os recursos. Acho questionável a forma como alguns recursos foram aplicados, especialmente no futebol.

Você acha que o dinheiro no futebol não foi bem aplicado?

Futebol não é ciência exata. Não é algo que você faz um investimento e com certeza tem um retorno. Você vai ter acertos e erros, mas a quantidade de erros que tivemos com a aplicação de recursos que a gente tinha disponível no clube e no futebol foi inacreditável.

Já vamos entrar no futebol, mas para falar mais um pouco da chapa. O que foi fundamental para que a união entre azuis e verdes não acontecesse?

Essa é uma percepção muito pessoal minha. Não queria dizer "azuis e verdes". Isso foi na última eleição. Essa separação incomoda e é uma estratégia de eleição que a situação faz ao dizer que eles são os azuis. Todos eram azuis, ou grande parte eram, saíram e continuam saindo, ficando apenas um pequeno grupo querendo buscar para si os louros da administração que, na verdade, não foram nem eles que começaram.

A nossa proposta era de união, para trazer mais pessoas, para incluir. Eu fui conversar com o SóFla, o problema é que ao fazer isso era natural que as pessoas abrissem mão do espaço que você tem na governança e administração para a entrada de outros grupos e isso não existe. O SóFla tomou conta da administração do Flamengo e não abre mão de nada. Eles têm um projeto de poder que foi estruturado lá dentro que ficou muito difícil abrir mão para outros poderem entrar.

A outra razão e essa me foi dita pelo próprio presidente do clube numa conversa, é que ele tinha claramente a posição de indicar um candidato. Ele queria fazer um sucessor. Passados seis anos lá, acho que ele entende que deveria ter um candidato e indicar alguém. Essa foi uma pergunta direta que fiz, se ele tinha espaço para uma união, também com o SóFla que inclusive foi quem solicitou que tivéssemos essa conversa. E ele me fez perguntas se tinham duas pessoas que estavam me apoiando e minha resposta foi "não sei, mas espero que sim". E ele disse que com essas pessoas ele não iria se unir.

Então você tá querendo me dizer que o ódio que você tem por essas pessoas é maior que o amor pelo Flamengo. Ele não me respondeu, mas acho que essa foi só a desculpa para poder continuar com o projeto de poder que é só dele.

Qual é o papel que essas pessoas que saíram desse grupo inicial terão na sua gestão, se eleito? Luiz Eduardo Baptista (Bap), Wallim Vasconcellos, Carlos Langoni, Gustavo Oliveira vão ter na sua gestão?

Boa pergunta. Não tenho conversado muito com o Langoni, uma pessoa que gosto muito e conheço há muitos anos. Ele esteve muito presente no início e gostaria que ele tivesse comigo. O Wallim tenho certeza que nos apoia, mas ele não está diretamente envolvido na campanha, acho até que o processo anterior foi meio doloroso, principalmente para ele que estava diretamente envolvido. Isso deixa algumas mágoas e cicatrizes que espero que passem com o tempo. Espero poder contar com ele na administração, apesar de não ter discutido nada sobre isso com ele.

O Gustavo está diretamente envolvido no processo, foi um dos grandes incentivadores para que eu saísse (candidato) e ele certamente vai estar comandando a área de comunicação do clube, acho até que ele foi um dos grandes responsáveis para mostrar para fora a administração que vínhamos fazendo em 2012.

O Bap com certeza vai estar envolvido nisso, espero que de corpo e alma e a gente tem algumas coisas importantes que ele pode contribuir muito. Vamos falar como a gente imagina que o futebol precisa... o Flamengo precisa ser mais ouvido. Pela importância que ele tem não pode ficar brigado, tem de se relacionar com federação, com a CBF, você não pode se ausentar e ficar reclamando porque está sendo prejudicado pela arbitragem. A gente precisa construir um relacionamento no futebol com as entidades que representam o futebol, precisa discutir o futebol brasileiro de uma forma maior. Nós só vamos conseguir ter um nível de competitividade com a Europa se a gente melhorar o produto. Quem tem de capitanear esse processo são os líderes. Se o Flamengo com mais de 40 milhões de torcedores não faz isso, quem vai fazer?

Uma crítica que ouço de outros presidentes de clubes é que o Flamengo é arrogante nas conversas, se colocando como o maior e na hora das negociações não olha muito o seu papel no futebol nacional, pensando apenas em si. O que você acha disso?

Isso depende das pessoas que você vai colocar para tocar essas negociações. Tive conversando com pessoas, presidentes de federações, não só no Rio, mas de outros estados e a percepção não é só essa, é um pouco pior que essa. Como dizer... o Flamengo precisa fazer crescer o bolo. O futebol brasileiro precisa melhorar. Aí me dizem, "a Tv Globo vai ser contra".  Eu penso assim, a Globo quer ganhar dinheiro, se todos ganharem, ela vai ganhar. O Flamengo não consegue jogar nos Estados Unidos. Nós involuímos, o clube se apequenou. O clube poderia ser muito maior nessa história. Essa visão de cada um quer ganhar o seu, não ajuda. Se não daqui a pouco estamos perdendo o Lucas Paquetá, estamos perdendo o Lincoln. Vamos ficar fazendo jogador a vida toda para exportar. Não é isso que eu quero.

E o Bap vai coordenar isso?

Esse é um papel que eu tenho discutido muito com o Bap e que ele aceitou esse desafio de trabalhar pelo Flamengo. Ele vai estar coordenando esse processo de transformação pra fora.

Quem vai ser o CEO, a pessoa que vai negociar, o executivo das negociações, das relações?

Não vai ser o CEO que vai fazer isso. Eu já tenho um CEO mas não posso falar agora porque ele está em outros locais. Espero que essa negociação vá adiante para poder dizer. Mas eu não vejo este papel do CEO. Este papel foi um pouco desvirtuado. Quando o criamos, ele era mais administrativo, você tinha um planejamento estratégico (que eu era) e todo um processo de metas que eram acompanhadas por essa pessoa.

Quem vai ser o vice de futebol?

Já temos um nome sendo conversado, mas não queremos falar disso agora para não sermos acusado de atrapalhar com esses movimentos. Vão nos criticar, dizer que estamos trabalhando contra.       

Mas qual o perfil dessa pessoa?

O futebol não pode ter só um nome concentrando todas as informações e tomando todas as decisões. A estrutura do futebol vai sofrer modificações. Você não pode ter um mesmo cara definindo as contratações e analisando o desempenho dos jogadores do Flamengo. Este grupo de pessoas não pode ficar subordinado à mesma pessoa que faz as negociações. Se ele é o sujeito que está comprando, ele vai controlar esse cara. Essa informação tem de ser independente. Quem analisa o desempenho dos atletas tem de ser independente de quem contrata. Tem de estar debaixo de um conselho.

A ideia é ter um conselho decidindo o futebol?

Isso, vamos ter um conselho para discutir e analisar as principais diretrizes, decisões, para orientar o vice-presidente com muito mais independência e muito mais cobrança. Existem coisas que a gente precisa explicar... como, por exemplo, porque o Conca foi escalado, quando isso ia levar a um tremendo prejuízo para o clube quando ele não tinha a menor condição de ser escalado. A parte médica, de desempenho, nutrição, psicologia têm de ser independentes, para dizer se o jogador pode ou não ser utilizado. Hoje você coloca tudo embaixo de uma pessoa e você não consegue ver onde está o erro. Assim ocorrem as proteções e a análise de que tá tudo bem. E sempre tá tudo bem. O Flamengo empata com qualquer um e sempre tá tudo bem. Hoje eu não consigo identificar onde está o problema.

Em agosto do ano passado, o seu grupo publicou uma carta ao treinador Reinaldo Rueda dizendo que o time era "lento", "burocrático, "apático, sem vida, sem vibração". O time mudou de postura na visão de vocês?

Continuo dizendo a mesma coisa. A gente vê o time mudando, os jogadores dizem que se fecharam após levarem uma pancada...

Você acha que essa pancada foi o Rodrigo Lomba (atual vice-presidente de futebol) quem deu?

Não, acho que isso foi muito mais de fora pra dentro do que de dentro pra fora. Eles foram forçados a fazer isso. O perfil do Eduardo acaba se transferindo para toda a estrutura. De contemporizador, conciliador. Ele é uma pessoa boa, eu entendo, mas se sentou naquela cadeira você tem de tomar atitudes. Teve desempenho ruim ou vai pro banco ou vai sair do Flamengo. Não tem essa de proteção aos fracos e oprimidos. Eu também posso gostar do sujeito na física, mas se teve um desempenho ruim tem de ser cobrado. O Flamengo precisa ganhar, está lá pra ganhar. E tem uma coisa que eu não suporto. Eu não suporto perder, eu acho que o Flamengo tem de ganhar tudo. O Flamengo pode perder, isso é da vida, mas tem de estar sempre querendo ganhar. E tem de estar sempre indignado com a derrota. É assim, cobrando. Não é aquele ambiente de apatia que a gente vê, que vamos conseguir alguma coisa. Na minha vida inteira eu nunca vi esse tipo de comportamento levar a nada. As pessoas que ganham, que são vitoriosas não são pessoas conformadas com a derrota. É simples assim.

Nesse sentido, duas pessoas muito importantes para o futebol são o Carlos Noval (atual diretor-executivo de futebol), que está no clube há bastante tempo, e o Maurício Barbieri, que vem sendo bem avaliado. Qual a sua avaliação sobre o trabalho deles?

Por mais que tivesse vontade, não falaria sobre eles neste momento. Não cabe a mim ficar fazendo críticas às pessoas que estão lá. Lógico que vamos analisar o trabalho deles e se acharmos que estão capacitados para estar lá, vão ficar. O Noval vem fazendo um trabalho há muito tempo no Flamengo, inclusive quando estávamos lá.

Eu não vou analisar quem está lá, agora. O que eu posso te dizer é que a forma de gerir e de cobrar, vai mudar.

Você acha que houve erro na estratégia inicial de um Flamengo que cobrava caro em ingressos e em planos de Sócio Torcedor? Um clube que não olhou inicialmente para sua torcida com menor poder aquisitivo?

Quando assumimos lá atrás a situação era terrível. A estratégia que foi montada naquela época foi uma estratégia de sobrevivência para o momento em que vivíamos. Estávamos saindo de um ano de arrecadação de R$ 212 milhões. Agora, estamos chegando com receitas - mesmo que muitas não sejam recorrentes - de duas vezes e meia a arrecadação que a gente tinha. A situação é completamente diferente. Existiu uma política de ingressos que foi necessária e que teve todo o tempo para mudar, durante esta última gestão, quando a situação já estava melhor. Poderia ter mudado antes. E tenho muitas dúvidas das principais motivações que fizeram essa política mudar nesse momento (preços mais baratos). Quando estamos nos aproximando de eleições e não só no Flamengo.

Você acha que tem motivação política?

Não sei, olhando de fora, não sei se houve uma conscientização tardia disso e se foi, parabéns. Ou se foi por motivação política.

Então me leva a crer que na sua gestão, se houver, a política de preços mais baratos continua?

Claro que sim. Queremos o Maracanã lotado o tempo todo. Esse é o grande diferencial que a gente tem. O Flamengo só é do tamanho que ele é por causa da sua torcida. Você não pode elitizar o Flamengo, de jeito nenhum. Agora é fato que a política de venda de ingresso durante um tempo foi voltada para pagar as contas, mas agora já podemos fazer diferente. É um círculo virtuoso. Com ingresso barato você tem mais gente no estádio, o time joga melhor e gera demanda para o próximo jogo.

Qual será a sua relação com o Maracanã?

Não sei se você gosta de jogar xadrez, eu gosto porque nos ensina a olhar algumas jogadas para frente. E eu olho a estratégia dessa gestão com o Maracanã e não entendo. O clube saiu para buscar uma solução alternativa para o estádio, porque precisou buscar já que a relação com o Maracanã era difícil mesmo, investe R$ 20 milhões para jogar 20 jogos e aí volta a negociar com o Maracanã. Tudo bem que teve o problema da queda da torre, mas o clube assinou um contrato com o Maracanã nos mesmos moldes lá de trás, quando o consórcio está numa outra situação, deficitário. Eu quero entender a lógica do porquê jogar R$ 20 milhões no lixo.

O contrato foi aprovado, com ressalvas e se diminuiu o tempo para dois anos de duração, porque não tínhamos o que fazer. Estávamos nus, sem ter onde jogar.

Você acha que o clube precisa de um estádio próprio? Como a sua gestão trata esta questão?

Quando você fala da construção de um estádio é algo complexo. Você tem de ter um local e no Rio de Janeiro os locais bons estão ocupados. Não vamos criar factoides dizendo que temos um local. Mas tem o aspecto econômico. Fazendo um cálculo rápido, um assento num estádio custa em torno de R$ 12 mil. Se for fazer um estádio para 40 mil pessoas, vai te custar de construção perto de R$ 500 milhões, fora o preço do terreno que vai elevar o custo para R$ 650 milhões a R$ 700 milhões. Na hora que você pensa financeiramente, o nível de dívida que o Flamengo ainda tem, vamos conversar com o Maracanã. Pode ser uma solução, pode, mas é preciso fazer as contas. Pra mim a solução natural é o Maracanã, um estádio em que a torcida se identifica, se sente em casa. Mas se não conseguirmos uma solução com o estádio, vamos avaliar. Mas não é simples.

Voltando a falar rapidamente de política. Internamente, o SóFla diz que passou a não confiar na sua candidatura porque você defende uma cobrança de vices amadores sobre o futebol ao invés de profissionais como Carlos Noval. É por aí?

Não é verdade, estão colocando palavras na minha boca. Ao contrário, o processo de profissionalização do clube, quem iniciou fomos nós. Todas as pessoas que estão lá agora, os profissionais, gestores, são pessoas que nós colocamos. O Bruno Spindel (atual CEO), o Paulo Dutra (ex-diretor financeiro), o Fred Luz (ex-CEO), as pessoas que foram escolhidas foram entrevistadas e contratadas por nós. Então agora estão querendo atribuir esse discurso para eles? Chega a ser piada...

Como seria a sua relação com eles?

Se eu vencer as eleições e acho que vou vencer, vamos ouvi-los. Eles são importantes e são rubro-negros. Mas não vamos fazer o que eles fizeram que é excluir a opinião de todos. Além disso, quero dizer que serei presidente por um mandato apenas. Não acredito em reeleição. Todos os segundos mandatos de clube e na vida pública são piores que os primeiros. Eu mesmo vou propor ao conselho essa mudança no estatuto, para impedir a reeleição.

Por último, há desconfiança nos bastidores de que pelo fato de uma de suas empresas (Ouro Preto Óleo e Gás) ter vencido uma concorrência grande na área de petróleo, isso lhe tiraria o tempo para se dedicar a presidência. Você vai ter tempo para ser presidente do Flamengo? 

Eu trabalhei muito na minha vida. Trabalhei 26 anos e meio na Petrobras e tive uma carreira da qual me orgulho muito lá. Eu talvez tenha sido o superintendente mais novo da história da companhia. Com 31 anos eu era superintendente de uma das cinco regiões de produção do Brasil. Depois fui ser superintendente na Amazônia, depois fui ser responsável por toda exploração e produção da Bacia de Campos que era disparado a maior unidade industrial do Brasil durante cinco anos e meio. Depois fui ser diretor na sede, fui presidente da Gaspetro,  depois fui ser presidente da Petrobras Distribuidora. Em 2006 pedi demissão, tinha três convites e acabei indo trabalhar com o Eike (Batista). Fui presidente da MMX, OGX, da OSX, abri capital dessas três empresas. Trabalhei feito um mouro, meu apelido na Petrobras era seven eleven, eu chegava às 7h e só ia embora às 11h da noite, sempre trabalhei muito. Eu durmo 4 horas, 4h e meia por noite há 40 anos.. Trabalho pra caramba, graças a Deus, consegui comprar minha independência. Hoje sou sócio-controlador das duas empresas aonde eu trabalho (Maré Investimentos e Ouro Preto Óleo e Gás), sou dono do meu nariz, eu escolho o que eu quero pra minha vida, ganhei minha independência.

Eu acho engraçado alguém perguntar isso pra mim como você tem o Lomba (Ricardo Lomba, candidato na chapa montada por Bandeira de Mello), que é funcionário público que tem horário pra cumprir. As pessoas estão preocupados comigo, que sou dono da minha vida, do meu dinheiro, já ganhei dinheiro pra mim, pros meus filhos, para os meus netos.

Fonte: ESPN

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