quinta-feira, 31 de agosto de 2017

É hora de voltar a chamar o Muralha apenas de Alex



Ninguém tinha grandes expectativas para a partida de ontem, claro. Competição que não era a prioridade do clube, vários atletas poupados, Gabriel atuando como lateral direito, Márcio Araújo como capitão.


O tipo de partida que, se torcer pro Flamengo fosse um curso superior, iria contar como disciplina optativa.

Ninguém aqui vai te criticar se você falar que preferiu passar um tempo com a família, levar a namorada no teatro, jogar videogame com o filho, ver aquele episódio de Game of Thrones que não deu pra ver domingo, HBO Go travando, já tomou spoiler no Facebook todo.

Mas ainda assim, lá estava o Flamengo, com uma única missão: vencer. Podia ser feio, podia ser de maneira confusa, podia ser sem merecimento, a única meta era ganhar a partida, passar pelo Paraná, continuar na Primeira Liga e seguir na disputa pelos milhões da premiação e por mais um título esse ano, ainda que não fosse um dos mais importantes. E ainda que com o gol de Éverton Ribeiro aos 18 minutos tenha parecido que a vitória estava encaminhada, logo aos 20 ficou claro que naquela noite de poucas emoções em Cariacica quem iria desequilibrar a partida seria outro jogador do Flamengo.

Não disse desequilibrar pra qual lado.

É difícil precisar o momento exato em que Muralha entrou em sua atual fase ruim. Chegando ao Flamengo como destaque do Figueirense, disputando posição com Paulo Victor e levando vantagem, ele se tornou titular e foi até mesmo chamado para a seleção. Nunca um goleiro de defesas espetaculares ou atuações decisivas, em seus primeiros meses Muralha ao menos se mostrava seguro, pegava algumas bolas importantes, dando a sensação de que, se não era um dos pontos fortes da equipe, também não era dos mais fracos. Até que, mais ou menos após seu retorno da seleção brasileira, tudo mudou.

Falhas seguidas tanto na saída quanto na reposição de bola, erros em lances totalmente defensáveis, momentos de desatenção extrema, incapacidade de cortar uma bola cruzada na área mesmo se essa bola estiver vazia, a área for uma área de serviço onde apenas ele se encontra e estiver liberado usar um facão para realizar o corte. Diante desse cenário, Muralha não apenas perdeu a confiança da torcida, como a posição de titular, deixando o lugar para o também um tanto quanto inseguro Thiago.

E nessa quarta-feira mais uma vez a estrela de Muralha brilhou, só que ao contrário, implodindo e novamente se tornando um buraco negro que suga toda luz, som e alegria de viver do flamenguista. Após falhar no gol de empate do Paraná, em que dispensou mais de um homem na barreira e aceitou um chute de longuíssima distância, Muralha, levado até a disputa de pênaltis, novamente realizou sua especialidade: não acertar nem mesmo o CEP, quanto mais o canto de qualquer uma das cobranças.

Por isso, ainda que seja impossível dizer que Muralha desaprendeu a jogar futebol ou garantir a duração dessa fase ruim que ele vive, não parece uma opção sensata contar com um goleiro que vem errando tanto, falhando tanto, mantendo tanta regularidade em ser ruim, numa competição que pode ser decidida nos detalhes e terminar nos pênaltis, como é o caso da Copa do Brasil. Muralha pode, sim, se recuperar, fazer bons jogos no futuro, mas contar com isso num momento decisivo como o que vamos viver soa no mínimo como loucura. Mesmo verde, mesmo inseguro, Thiago por enquanto faz por merecer a titularidade pelo simples fato de não se chamar Alex Muralha.

Nome esse que, por sinal, talvez já esteja merecendo uma leve atualização. Afinal, Alex Roberto, o nome composto original do nosso goleiro, não apenas é bonito e tem uma sonoridade forte, como faz bem menos promessas complicadas de cumprir. Afinal, faz muito tempo que Alex não é Muralha, mas vem sistematicamente conseguindo ser Roberto.

Espero que nenhum Roberto se sinta ofendido lendo isso.

Fonte: Espn

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