VIP - Você assumiu como vice-presidente de comunicação do Flamengo. Pesou o fato de alguns jogadores, como o Márcio Araújo, serem uma piada?
O Márcio Araújo, hoje, está jogando bem, é um dos melhores do meio-campo do Flamengo. Como torcedor eu já o citei, já xinguei muita gente, inclusive mães de árbitros que nem conheço, a senhorinha de 70, 80 anos lá no interior de Minas. Mas o Márcio Araújo, ainda bem, queimou a minha língua.
Estar numa instituição que tem uma dívida impagável atrapalha o trabalho?
Para você saber: a dívida do Flamengo é pagável. E está sendo paga na gestão atual. Dívidas existem em todos os clubes, e o Flamengo está pagando a dele. Só o fato de o [presidente] Eduardo Bandeira de Mello ter mudado prioridades para pagar as dívidas fez com que o clube ficasse mais respeitado no mercado e conseguisse captar mais dinheiro. Ou seja, é um círculo virtuoso. O Flamengo é um clube que, se fizer o dever de casa direitinho, vai poder comprar Messis daqui a três anos. Mas na falta de grana é que entra a criatividade.
Quais foram os maiores problemas que você encontrou na comunicação do clube?
As redes sociais do Flamengo eram uma temeridade. A produção de vídeo era muito aquém do que a gente vê por aí. E ainda existe uma cultura do clube se levar muito a sério publicamente, e futebol é diversão. Então o Twitter do Flamengo ficou mais divertido. Quando ganha de um adversário tradicional, brinca com isso, sem desrespeitar ou cantar vitória antes. No Brasil o futebol é religião, a religião é política e a política é futebol. Como futebol é religião, se você canta vitória antes do tempo e dá errado, vira quase uma superstição, tem que ter esse cuidado. Mas é um cuidado até a página três. E o Flamengo tinha esse cuidado até a página 30.
Clubes como o Flamengo trabalham com a crença de que torcida ganha jogo. Adianta a torcida gritar se o Pará não acerta um cruzamento?
A torcida é o maior patrimônio do Flamengo. Se o Flamengo não tivesse a torcida que tem, não seria o clube que é. Torcida ganha jogo, sim, já vi isso acontecer. Tem uma charge maravilhosa do Henfil com um jogador do Flamengo magrinho contra um adversário grande. A torcida começa a gritar “Mengo, Mengo, Mengo”, o cara vai crescendo e engole o outro. E você tem visto os últimos jogos? O Pará está acertando…
Botafogo, Fluminense ou Vasco, quem mais o irritou até hoje?
O Fluminense. Porque é o anti-Flamengo. Flamengo é o povão, Fluminense é a falsa aristocracia; Flamengo é o que os adversários chamavam de urubu, com conotação racista, eles são o pó-de-arroz. Oposto do oposto, sabe?
Leia a entrevista na íntegra na PLAYBOY de novembro. Já nas bancas
Por Jardel Sebba
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