segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Chapecoense agradece e chama Flamengo de irmão: "Nos cedeu jogadores"



Presidente da Chapecoense, Plinio David de Nês fala sobre experiências adquiridas nas viagens recentes do time, descreve encontro com o papa Francisco e relação com familiares das vítimas do acidente.


Para ele, ‘tour’ não prejudica equipe no Brasileirão. Mas clube tem um desafio importante pela Sul-Americana, contra o Flamengo.

Qual a avaliação das viagens que a Chapecoense fez nas últimas semanas?
Foi de real importância para a Chapecoense as viagens que fizemos para Espanha, Japão e Itália. Nesses encontros, vislumbramos pontos valiosos para o futebol da Chapecoense, mas também pudemos conviver com os que são os grandes clubes do mundo. Fizemos avaliação de como eles trabalham, se desenvolvem no campo do futebol e administrativo. As pessoas que conhecemos foram pessoas de extrema simpatia. Abriram para nós, através dos gestos de respeito e carinho pela Chape, várias áreas dos clubes. Foi um aprendizado de grande significado.

Como foi o contato especificamente com o presidente do Barcelona?
Foi uma pessoa extremamente acessível, de uma relação muito transparente. Mostrou para nós o momento que o clube vive, comentou do estádio, permitiu que, pela primeira vez, um menino Henrique, filho de um ex-dirigente nosso, entrasse na área VIP do Barcelona. Fiquei ao lado dele no jogo, ele elogiou nossos atletas. Quem sabe em um futuro possamos enviar alguns jogadores para lá e eles nos emprestem outros.

O encontro com o papa, em Roma, foi o ponto mais marcante?
Sem dúvida, separando jogos e o relacionamento criado, a visita ao papa foi a mais alta demonstração do carinho e da homenagem que alguém poderia oferecer à Chapecoense. O papa Francisco nos deu uma atenção que jamais poderíamos imaginar que pudesse ser feita. Existe um protocolo muito rígido no Vaticano. Para a Chapecoense, eles abriram. Ele desceu até nós para nos dar a benção, uma palavra de carinho, fé e esperança. Quem esteve lá e viveu o momento, tenho certeza, não vai esquecer. Ele nos deu uma força redobrada para continuarmos a levar o nome da Chapecoense durante o tempo em que estivermos aqui. É uma pessoa que só sentindo, vendo, para avaliar no que ele impacta em nós. Ele nos fez crescer.

Identificou algum tipo de menosprezo em relação ao time da Chapecoense, pela diferença técnica entre Brasil e Europa?
Não. Nada disso imaginamos que aconteceu. Temos os pés no chão. Sabemos do nosso tamanho, das nossas possibilidades. Fato é que isso tudo foi muito importante para nossa equipe. Somos um time regional, que procura sempre continuar na Série A. Sabemos dimensionar nosso tamanho diante das grandezas do futebol. Não cresceu na nossa cabeça nenhuma situação, a não ser trabalhar cada vez mais pela Chape para ser reconhecida internacionalmente.

Qual a projeção para o duelo com o Flamengo pela Sul-Americana, competição tão especial para o clube?
É uma missão extremamente difícil para nós. O Flamengo é um time irmão, nos cedeu alguns jogadores. Sabemos da dificuldade, mas entramos com o mesmo espírito que eles entram. Vamos fazer uma boa partida. Vamos recebê-los com muito carinho. O presidente Eduardo Bandeira de Mello é um amigo, o diretor Rodrigo Caetano também, mas o futebol, dentro de campo, é outra situação. Cada um quer ganhar.

Foi difícil negociar com a CBF para conseguir os ajustes na tabela da Série A?
Foi dentro de uma normalidade. Só não entendemos o fato de o Coritiba não aceitar antecipar em um dia o jogo, o que dificultou nossa logística. Mas temos que respeitar. A CBF sempre atendeu o que solicitamos.

Acha que, pela viagem, o time pode ter perdido o foco no Brasileiro?
Absolutamente não. Para nós, é sempre muito difícil, como já falei. Agora estamos voltados ao Brasileiro. A partir de domingo, vamos dar mostras disso.

A viagem ajudou a melhorar a relação com alguns familiares das vítimas?
Nesse aspecto, a Chapecoense sempre esteve aberta ao diálogo e ao entendimento. Tivemos na semana da viagem, encontro com as associações que representam as famílias. O diálogo foi o melhor possível. Às pessoas que pediram para nos acompanhar nós demos a liberdade, fizemos esforços. Nosso sentimento é de carinho e amor pelos que estiveram conosco e isso é extensivo às famílias. Aquilo que a Chape puder.

Fonte: De Prima

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