quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Entrevista reveladora! Patricia Amorim, quebra silêncio de quatro anos e fala até de Ronaldinho Gaúcho



Cinco quilos mais magra, a ex-presidente do Flamengo, Patricia Amorim, venceu a depressão e, após um sumiço de quatro anos, de novo dá as caras, agora como subsecretária municipal de Esportes e Lazer do Rio. A um mês de completar 48 anos, Patricia ainda sente nas ruas o efeito das acusações que lhes foram feitas pelo grupo político que a derrotou na eleição rubro-negra de 2012. E guarda um arrependimento: não ter mandado Ronaldinho Gaúcho para a rua.

Guarda mágoa de alguém no Flamengo?


Tive mais votos quando perdi (2012) do que quando ganhei (2009). Se não tivessem me destruído, eu teria vencido. Fui destruída. Uma coisa é discutirem sua competência. Outra é dizerem que você não é correta. Tenho, no Flamengo, 40 anos de vida associativa. Nasci lá. Mas, depois que saí, fizeram uma comissão de inquérito. Isso durou um ano e meio. No fim, minhas contas de 2011 e 2012 foram aprovadas sem ressalva. Eu precisava passar por todo esse desgaste?

Você assume algum erro que tenha deixado brecha para tantos questionamentos?

Admito que pequei na parte contábil. Pequei na organização, sim. Mas não houve dolo, nem intenção de dolo. Mas um coisa é gostarem ou não da minha administração. Outra é dizerem que sou desonesta. Não sou. Sou correta.

Como é recebida na rua?

Na rua, de dez pessoas, nove são gentis comigo. Mas tem sempre um que joga um veneno. Falam muito do Ronaldinho...

Arrepende-se de ter contratado Ronaldinho Gaúcho?

Não posso me arrepender. Se errei, errei com 30 mil pessoas que quebraram o portão da Gávea (na apresentação do jogador). Em uma ação de risco, você pode ganhar ou perder.

O Flamengo ganhou ou perdeu com Ronaldinho?

Vou te dizer que errei quando mandei embora o Vanderlei Luxemburgo e fiquei com o Ronaldinho. Não havia sustentação política com o Vanderlei porque ele se metia em tudo. Se era para mandar embora, devia ter mandado embora todo mundo. E, quando mandei embora o Isaías Tinoco (gerente de futebol), chorei copiosamente.

Frequenta o Flamengo?

Fiquei três anos sem ir ao clube. Mas meus filhos Vitor, de 20 anos, e Leo, de 10, são atletas do basquete. Eles diziam: "Mãe, nem aparece aqui". Minha saída do Flamengo fez bem aos meus filhos. Eles foram conquistando as coisas sozinhos. Em 2016, voltei a frequentar. O Flamengo fez um carinho bacana: batizou de Patricia Amorim a raia 4 da piscina. Isso não apaga nada, mas a gente tem que ser capaz de superar.

Fala com o presidente Eduardo Bandeira de Mello?

Ele foi um dos primeiros a ligar na minha nomeação (para o cargo de subsecretária de Esportes e Lazer).
O Flamengo atrapalhou sua trajetória política? Ainda vai se candidatar?
Disputei seis eleições: duas no Flamengo e quatro de vereadora. Ganhei quatro. Como o saldo é positivo, paramos por aí. No Flamengo, posso me candidatar a grande benemérito porque em janeiro completei dez anos de benemérito. Aí, fecho com chave de ouro e fico discutindo o clube com os grandes beneméritos.

Está mais magra do que quando era presidente do Flamengo. Teve depressão?

Tive depressão. Meus filhos liam coisas que não fiz, que não sou. Quem se qualifica para aquela cadeira elétrica sabe que é difícil administrar paixão. Não se aprende na universidade. Nesse período, emagreci quatro ou cinco quilos. Envelheci bastante. Perdi ânimo e alegria. O Flamengo é um amor para mim, mas todo casamento tem que ser correspondido.

Qual foi seu grande erro no Flamengo?

Não dei prejuízo. Deixei o flamengo com 80 milhões em caixa. Mas admito... A gente, de boa fé, pagou ao Ronaldinho a parte de imagem que era de responsabilidade da Traffic. A gente pagou cinco meses, um total de R$ 3,75 milhões, que a Traffic não estava conseguindo pagar. Por isso, atrasamos o pagamento dele, que era bem abaixo do que essa parte da Traffic. E, por causa disso, ele conseguiu um parecer trabalhista e foi jogar no Atlético (Mineiro).

O que acha do caráter dele?

(Risos). Todo mundo que entra na Justiça contra o Flamengo fecha uma porta.

Depois que você saiu, esteve alguma vez com Ronaldinho Gaúcho?

Não. Nem quero vê-lo.

Como está sua vida financeira depois desse período fora da câmara municipal e do Flamengo?
Venho de origem humilde. Especulam tantas coisas sobre minha passagem pelo Flamengo... Mas faltam dez anos para eu terminar de pagar o financiamento do meu apartamento e tenho um automóvel 2013.

E a relação com Zico, desgastada por causa do Capitão Leo (presidente do conselho fiscal na gestão de Patricia)?

Moro no prédio do Bruno, filho do Zico. Outro dia, passei pelo Zico e a Sandra. Cumprimentei.
O nome do Zico está ao lado do seu no muro de tijolinhos do Ninho do Urubu...

Isso não é bom? Ele é meu ídolo.

Quais são seus projetos para a subsecretaria de Esportes?

O esporte tem que estar atrelado à escola. Fui nomeada na sexta-feira. Preciso fazer reuniões e entender como funciona. O prefeito (Marcelo Crivella) já me ligou e disse: "As piscinas das vilas olímpicas estão com água verde. Vamos botá-las pra funcionar". Uma das arenas olímpicas deverá ficar com a prefeitura. 

Podemos fazer ali uma escola de esportes.

Você já foi acusada de empregar parentes. Levou algum para a subsecretaria?

Não. Em 2001, como vereadora, empreguei três familiares. Mas isso foi antes da lei do nepotismo. Falam do meu marido, mas ele está na Riotur, não tem nada a ver.
Há quanto tempo não vai ao estádio ver um jogo do Flamengo?

Desde que saí da presidência, só fui uma vez, na apresentação do Guerrero. Levei um time de cegos. Em casa, não vejo os jogos. Fico no quarto assistindo a filmes, mas corro para ver o gol, quando meus filhos gritam. Alguma coisa desconectou. No dia em que eu for escrever um livro...

O que acha da administração do Eduardo Bandeira de Mello?

Não compreendo por que tanto empréstimo. Se as suas finanças estão bem, você pede empréstimo? Não entendo. Um dia vou perguntar isso a ele.

Vai escrever um livro?

Vou. Mas, só depois que umas duas pessoas morrerem, pois não quero ser processada.

O que acha da situação do Maracanã?

Podiam municipalizar o Maracanã, já pensou? Eu queria na minha mão o Maracanã, o Júlio Delamare e o Célio de Barros.

Fonte: Extra

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