sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Em Cariacica, nem todo mundo está feliz com a final da Taça Guanabara



Enquanto os cariocas começam a se habituar com a final da Taça Guanabara fora do antigo Distrito Federal, a marcação de Boavista x Flamengo para o estádio Kleber Andrade, em Cariacica, também demanda ajustes no futebol capixaba.




E, desta vez, foi além da concorrência por atenção e investimento.
A equipe mais afetada foi a tradicional Desportiva, da própria Cariacica. Mandante na rodada do próximo fim de semana, o clube precisou alterar sua programação para que o policiamento atendesse ao evento de maior porte deste domingo. Isso incomodou a diretoria, que teve que antecipar para sábado a partida contra o São Mateus no Engenheiro Araripe, na mesma cidade.

- Infelizmente, o grande centro do futebol acaba sufocando o menor. Mudou totalmente o planejamento de treinamento do time e a logística em relação ao jogo. Estava programado para domingo, estamos refazendo todos os contatos - disse o diretor de futebol da Desportiva, Paulo Renato da Cunha.

Com média de público de 574 pagantes por jogo nas duas rodadas como mandante, o dirigente também reclama da concorrência nas bilheterias.

- O ingresso lá (no Kleber Andrade) vai ser R$ 100. O nosso é R$ 20, e o torcedor já acha caro. Mas eles lotam lá o jogo do Flamengo. Precisamos fortalecer o futebol capixaba, e a Desportiva é a única que consegue colocar de 800 a 1.200 pessoas por jogo. Por aí você vê o cenário. Jamais pensamos na hipótese de fechar as portas para os times cariocas. É um estádio público, bem organizado. Não queremos que se proíba de jogar aqui. Mas que seja feita a logística e que haja compensação para o time do município. Eles (times cariocas) pegam a renda e vão embora, com o futebol capixaba penando - sugeriu o dirigente da Desportiva, que ainda não sabe se terá rival neste sábado: o São Mateus ameaça abandonar o Estadual por falta de dinheiro.

Para Cunha, o ideal seria uma lei em que 10% da renda fosse destinada ao time do município. Procurado pelo GLOBO, o presidente da Federação do Espírito Santo, Gustavo Vieira, ressaltou que só concordou com a final da Taça Guanabara porque há condições para tal.

- Ajudamos, temos uma parceria muito boa. O estádio não estava reservado para a equipe local no domingo. Se fosse no sábado, não seria possível, porque tem um jogo lá, Doze x Espírito Santo, com TV aberta. E também não daria para mudar se fosse nossa final - contou Vieira.

A questão é delicada. Historicamente sem clubes de expressão, o vizinho Espírito Santo é um dos estados que mais lidam com a divisão da paixão do torcedor local. E isso gera um impacto financeiro para os clubes e também para a Federação, onde Vieira afirma estar trabalhando ao máximo para promover o torneio e superar uma "questão cultural de gerações". A reformulação do campeonato no ano passado acabou com as rodadas no meio de semana, e foi assinado um novo contrato de transmissão em TV aberta.

- Normalmente, o cara tem dois times - diz Cunha. - Eu só sou Desportiva, mas a maioria tem dois times. Os ingressos da final de domingo vão ser todos vendidos. O cara prefere externar a paixão pelo time carioca, por ser vizinho nosso, mas não vai ver o time capixaba - lamentou o diretor da Desportiva.

DECISÃO QUASE FOI PARAR EM MINAS

Antes da confirmação de Cariacica como local da decisão da Taça Guanabara, uma conversa entre os dirigentes do Rio chegou a ser iniciada com a Federação Mineira. A porta foi aberta, segundo apurou O Globo, e a hipótese discutida era a realização da final no Parque do Sabiá, em Uberlândia. Mas, em comum acordo, a opção pelo Espírito Santo se deu por ser um terreno já conhecido pelos dirigentes do Rio. Já há uma relação construída com autoridades locais e a confiança nas condições do estádio para o jogo em questão.

Fonte: O Globo

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