quinta-feira, 3 de agosto de 2017

"Melhor que Suárez", revelação do Fla busca clube e recorda comparação com o astro uruguaio



Fabiano Oliveira faz parte da estatística dos muitos jogadores que ainda muito novos enfrentaram o peso de despontar como uma promessa do Flamengo e que sucumbiram na descida do carrossel de emoções que é o futebol. Revelado pelo clube em 2004, com 16 para 17 anos, o menino de origem humilde tocou o céu ao ter o nome cantado no Maracanã, quando adolescente, vestindo as cores do time onde cresceu.



Mas, atualmente, aos 30, vive à sombra de um dia ter sido apontado como melhor que um então uruguaio de 19 anos que surgia no clube Nacional, de Montevidéu.
"Ele (Suárez) não é melhor que nossos atacantes jovens da base, como o Fabiano Oliveira", disse Andrade, em janeiro de 2006, depois de avaliar o craque do Barcelona em começo de carreira.
- Eu acho que não foi uma infelicidade do Andrade me comparar com o Suárez. Na minha maneira de ver, pela experiência que eu tive, futebol é momento. Cada jogador tem seu momento. No momento, o Andrade achava que eu estava melhor. Eles poderiam também contratar o Suárez e as coisas não terem dado certo. É coisa de momento, do futebol. O Andrade não estava errado. No momento, ele achou que eu estava melhor que o Suárez e eu estava correspondendo - afirma Fabiano Oliveira, ao comentar pela primeira vez ofamoso casoem que o ex-jogador Andrade, olheiro rubro-negro em 2006, preteriu Suárez por acreditar que tinha jovens mais promissores na base do Fla.

O tempo são outros e cada jogador seguiu o seu destino - como todos sabem, Suárez não defendeu o Flamengo, se tornou ídolo no Barcelona e figura entre os melhores do mundo. Enquanto Fabiano Oliveira virou andarilho da bola:atuou em Portugal e na Turquia quando ainda era vinculado ao Fla erodou por clubes como Goiás, Boavista e Tigres. Com o passar dos anos, foi obrigado a se adaptar às novas dimensões de tempo e espaço da carreira e, agora, encontra-se sem clube - após defender a Portuguesa-RJ no Campeonato Carioca.

- Eu acho que não estava preparado naquele momento e me deslumbrei um pouco. Mas isso acontece pela idade. As coisas acontecem de uma hora para outra. Às vezes, você está lá embaixo e do nada está lá em cima de novo. Eu ainda almejo voltar a jogar em grandes clubes no cenário brasileiro. Eu sei que não é tão fácil assim, mas o sonho sempre continua - afirma o atacante, que marcou oito gols em 49 jogos pelo Flamengo entre os anos de 2004 e 2006.

E foi com essa reflexão que, pouco mais de 12 anos depois de dar os primeiros passos entre os profissionais do time principal rubro-negro, Fabiano Oliveira conversou com o GloboEsporte.com para falar dos próprios fantasmas. Do ostracismo que sofre até mesmo nas mesmas ruas modestas do município de Seropédica, no Rio de Janeiro, onde deu os primeiros passos e vive hoje em dia, até os planos para o futuro, o bate-papo você confere na íntegra abaixo.

Aposentadoria não é uma possibilidade agora
- Eu tive uma lesão no joelho esquerdo na Portuguesa na reta final do estadual e meu contrato acabou. Eu terminei agora de fazer fisioterapia. Então, estava vendo algumas coisas para voltar para a Turquia, mas que acabaram não se concretizando. Até pelo fator financeiro. E eu estou treinando aqui em Seropédica, esperando uma nova oportunidade. Eu continuo mantendo a forma aqui. Eu tenho um amigo aqui que me ajuda. Ele é profissional de educação física, é personal também.

Sem pular etapas: um passo de cada vez no retorno
"Eu me desliguei do Flamengo em 2013. Meu contrato acabou e eu optei em voltar para a Turquia, onde eu tinha um mercado que eu abri, que atuei por quase três anos e quis voltar para lá. Eu tive algumas lesões que me atrapalharam um pouco na carreira, mas hoje me sinto 100% e espero que eu possa voltar a jogar. Não precisa nem ser em um grande clube. É começar por baixo agora para reconquistar espaço mais para frente"
Sucesso repentino ainda jovem subiu a cabeça
- Todo jogador que está na base do Flamengo quer jogar no profissional. Mas tudo acontece muito rápido e você não está preparado. Eu acho que não estava preparado naquele momento e me deslumbrei um pouco. Mas isso acontece pela idade. E acabou fechando as portas. O Flamengo sempre teve ótimos atacantes e, quando as coisas começam a não andar, todos sabem que a diretoria tem que contratar até para dar uma resposta para a torcida. Então, contrataram certos jogadores e tiraram meu espaço. E eu preferi ser emprestado para ganhar experiência e bagagem.

Comparação com Suárez não pesou
- Eu acho que não foi uma infelicidade do Andrade me comparar com o Suárez. Na minha maneira de ver, pela experiência que eu tive, futebol é momento. Cada jogador tem seu momento. No momento, o Andrade achava que eu estava melhor. Eles poderiam também contratar o Suárez e as coisas não terem dado certo. Então, é coisa de momento, do futebol. As coisas acontecem de uma hora para outra. Às vezes, você está lá embaixo e do nada está lá em cima de novo. Então, o Andrade não estava errado. No momento ele achou que eu estava melhor que o Suárez e eu estava correspondendo dentro de campo. E ele não viu a necessidade de contratar o Suárez. Mas isso para mim não prejudicou em nada. Eu sempre trabalhei, fiz minha parte. E a escolha era do Andrade e da diretoria. Então, eu era jogador do Flamengo e tinha que dar o meu melhor dentro de campo.

Ligado no Flamengo, time do coração do filho
- Eu continuo acompanhando o Flamengo, até porque o meu filho é flamenguista. Ele fica me enchendo o saco por não ter me visto jogar lá. Hoje, ele está com 10 anos. E tem esse período que eu surgi lá no clube. Então, fico cheio de expectativas com o time. Com a estrutura que tem, que deixa muitos times do Brasil bem abaixo. Uma situação totalmente diferente do período em que estive lá. Então, fico na torcida, por ter grandes amigos lá. Que o time possa fazer uma grande temporada e conquistar os campeonatos que está jogando.

Passagem pela Turquia o tornou um homem diferente
- A cultura era bem diferente. É uma região complicada. Aí você chega em um país como eu cheguei, eu ia fazer 20 anos na época. Eu já tinha jogado um ano em Portugal, mas lá, na Turquia, a língua é totalmente diferente. Em Portugal tinha uma cultura mais parecida com a nossa. Na Turquia, não. A comida era diferente, os costumes. Então, você acaba ficando meio tenso, até porque eu fui sozinho. Tive que conviver um tempo lá sozinho até minha esposa ir com meus filhos. Mas foi um momento muito bom, pois eu amadureci muito lá.

Concorrência e empresários atrapalham
- Cada vez mais o futebol se torna mais difícil, cada segundo surge um novo jogador. Então, as coisas vão ficar mais competitivas. São muitos empresários. E muitos clubes contratam não pela qualidade do jogador, mas pelo empresário. Hoje em dia eu me encontro sem empresário. Estou sem desde que sai do Flamengo e isso dificulta.

Fé inabalável em volta por cima
- Eu ainda almejo voltar e jogar em grandes clubes no cenário brasileiro. Eu sei que não é tão fácil assim, mas o sonho sempre continua. Até porque, enquanto eu estiver força e saúde, e a idade estiver permitindo, vou trabalhar para conquistar isso. Tenho feito contato entre amigos para as coisas caminharem. Mas ficamos sempre na esperança de voltar a um grande clube, para que eu possa seguir a carreira. O projeto que eu tenho de vida é atuar até uns 35 anos. E pretendo voltar à Série A. Se Deus quiser eu vou conseguir. Estou batalhando por isso e estou esperando a oportunidade. Mas nada é impossível para Deus.

Fonte: Globo Esporte

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