Durante toda a última segunda-feira, em evento que durou quase sete horas, 17 técnicos de clubes da série A do Campeonato Brasileiro debateram os rumos do futebol nacional no auditório da CBF, na sede da entidade, no Rio de Janeiro. E mesmo com a presença dos anfitriões Dunga e Gilmar Rinaldi, técnico e coordenador da seleção, respectivamente, quem assumiu o comando do encontro inédito que luta por melhorias no esporte foram os veteranos Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo.
A mesa principal com Dunga, Gilmar, o secretário-geral da confederação, Walter Feldman, e o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, não “intimidou” os treinadores de Grêmio e Flamengo. Rapidamente, Felipão e Luxa tomaram o protagonismo do debate.
Foi de ambos, por exemplo, a sugestão ao presidente da comissão nacional de arbitragem, Sérgio Corrêa, de que os treinadores tenham mais liberdade para falar com os árbitros.
“Dois técnicos se destacaram, adivinha quem? O Luxemburgo e o cara-de-pau do Felipão, claro. Eles pediram mais liberdade na área técnica. Na verdade, querem apitar mais o jogo”, disse o treinador do Atlético-MG, Levir Culpi, em tom de brincadeira.
“De fato, os dois, até pela experiência, participaram mais, falaram, comandaram um debate que foi muito interessante. Precisamos disso”, relatou o técnico do Fluminense, Ricardo Drubscky.
Destaque do encontro de treinadores, Luxemburgo é cercado pela imprensa na CBF
Luxemburgo e Scolari, inclusive, devem ser as principais vozes de uma comissão a ser criada para se reunir periodicamente com Dunga e Gilmar Rinaldi na CBF.
“A abertura para discutirmos é um avanço. Debatemos sobre tudo e colocamos as reivindicações. Precisamos criar alguns técnicos para representar a associação e requisitar as coisas que desejamos. São importantes mudanças. Se não mudar, não adianta estarmos aqui”, ressaltou o técnico do Flamengo.
Já Felipão, que voltou à CBF pela primeira vez após a derrota histórica para a Alemanha por 7 a 1 na última Copa do Mundo, mostrou que até a decepção no Mundial ajudou no debate de segunda-feira.
“Estou dando a minha contribuição com a experiência, o que vivi e o que pode acontecer no futuro. Muita coisa foi vivida no último Mundial. Aprendemos muito. As melhorias são fundamentais. E quero participar bastante”.
À vontade, Scolari cumprimentou funcionários da CBF, distribuiu sorrisos e passou pelo saguão da sede da confederação abraçado ao técnico Dunga. Claramente, o treinador procurava demonstrar que o trauma pela decepção na Copa havia ficado para trás.
Tite ausente
Quem não participou do debate foi outro técnico apontado como protagonista no cenário nacional. Campeão do mundo pelo Corinthians e considerado por muitos como um dos melhores profissionais em atividade, Tite se ausentou alegando que não poderia desmarcar um treino previamente planejado.
Sem ele, e mesmo com Dunga e Gilmar na área, Luxemburgo e Felipão ficaram livres para assumir os destaques, atrair holofotes e até mesmo aconselhar os mais jovens.
“É sempre bom escutar este pessoal mais experiente”, resumiu o técnico Guto Ferreira, da Ponte Preta.
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