O isolamento político cultivado pelo presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, em seus dois mandatos se refletirá na eleição deste ano.
Enquanto tenta emplacar o vice de futebol, Ricardo Lomba, como sucessor, Bandeira vê antigos parceiros se unirem em uma chapa com cara de situação alternativa.
MÁRVIO DOS ANJOS: Caro rubro-negro, você consegue imaginar alguma partida no próximo mês em que seja possível usar time misto?
No domingo, a coluna de Ancelmo Gois antecipou, no GLOBO, que o presidente do Conselho Deliberativo, Rodrigo Dunshee de Abranches, abriu mão da candidatura para ser vice de Rodolfo Landim, empresário de 55 anos com larga experiência no setor de óleo e gás. A este grupo soma-se o apoio de Maurício Gomes de Mattos, vice geral; e de outros nomes que compunham a chapa Flamengo Campeão do Mundo, eleita em 2012 e que iniciaria uma revolução administrativa no ano seguinte. São os casos de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, Wallim Vasconcellos e Rodrigo Tostes, entre outros dissidentes.
— Rodolfo é idealizador do projeto que o Bandeira executou. Estamos tentando restaurar a chapa original. Gosto do Bandeira, que é bom sujeito e fez um bom governo, mas ele acha que tem o direito de apontar o dedo para qualquer pessoa e transformá-la em presidente do Flamengo. Não vejo assim — justificou Dunshee.
Ao longo das últimas semanas, pessoas próximas a Bandeira tentaram demovê-lo da ideia de emplacar Lomba como candidato. Na sexta-feira, um encontro entre Dunshee e o presidente, no qual também estava o vice de futebol, praticamente deu fim às chances.
Bandeira chega ao seu último semestre na presidência à frente de um grupo descaracterizado. Da chapa inicial, restaram três vice-presidentes: Alexandre Póvoa (Esportes Olímpicos), Alexandre Wrobel (Patrimônio) e Flávio Willeman (Jurídico). A última perda, em julho, foi de Claudio Pracownik, então vice de Finanças e Administração.
A debandada é a consequências mais evidente da postura centralizadora de Bandeira. Alguns dos seus ex-aliados sentiram-se esquecidos. As reuniões de vice-presidentes, que aconteciam até duas vezes por mês, rarearam-se ao ponto de virarem semestrais. E, quando as conversas sobre a eleição começaram, o presidente foi acusado de colocar sua rixa com Bap à frente dos interesses do clube.
Os candidatos têm até 1 de outubro para inscreverem suas chapas — o pleito acontecerá em data ainda indefinida, entre 1 e 10 de dezembro. Até lá, nomes com mais “cara” de oposição devem se apresentar. O principal deles, Cacau Cotta, ainda não decidiu se concorrerá novamente ou apoiará outro grupo. Mas a eleição já tem cara de disputa entre ex-aliados.
Fonte: O Globo
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