domingo, 3 de junho de 2018

Rivais veem disparidade financeira com o Flamengo só aumentar

Enquanto o Flamengo teve na temporada passada mais uma rodada de boas novas nas finanças — receitas elevadas, mais investimentos no futebol, redução de dívidas —, Botafogo, Fluminense e Vasco continuaram a se prejudicar por condições financeiras que arriscam a competitividade em nível estadual no médio prazo. 


Em estágios diferentes de desespero, os três grandes clubes cariocas viram a disparidade em relação ao rival rubro-negro aumentar mais uma vez.

Ainda que dos quatro tenha o maior endividamento, o Botafogo foi o que melhor reagiu à crise financeira no ano passado. 


No terceiro e último ano do mandato de Carlos Eduardo Pereira, as receitas foram elevadas em 48% com bons sinais em quase todas as linhas. As bilheterias do Nilton Santos renderam o triplo do ano anterior, os sócios torcedores também triplicaram, e os patrocínios renderam o dobro. Os R$ 238 milhões não são suficiente para sanar os problemas financeiros alvinegros, mas ao menos houve avanço.


As dívidas botafoguenses continuam a atrapalhar. Mesmo depois de ter entrado no Profut para equacionar dívidas fiscais e de ter repetido o movimento com o Ato Trabalhista, pelo qual se formou uma fila de credores para receber salários não pagos, os R$ 705 milhões têm um efeito perverso no fluxo de caixa. Metade de todas as receitas é destinada ao pagamento das dívidas mensalmente, fato que impede o time de futebol de receber maiores investimentos. É por isso que, mesmo depois de três anos de austeridade e responsabilidade fiscal, o Botafogo continua a depender da eficiência de seu time para vencer.

O Fluminense está um degrau abaixo, e com dificuldades para avançar. Ao passo que os botafoguenses reconheceram suas dívidas, apaziguaram a política e deram início ao longo processo de recuperação financeira, os tricolores fizeram apenas o primeiro dever de casa no decorrer de 2017. O presidente Pedro Abad trocou de auditoria externa e passou um pente fino no balanço financeiro — inclusive o de seu antecessor, Peter Siemsen. Tirou esqueletos do armário e chegou ao montante de R$ 631 milhões devidos ao término de 2017, muito acima dos R$ 399 milhões que o ex-aliado tinha apontado em seu balanço de 2016.

Abad enfrenta enorme rejeição. Sem ter recebido R$ 80 milhões que Siemsen obteve em 2016 como luvas de um novo contrato de televisão, o dirigente registrou queda de 22% no faturamento em 2017. Menos dinheiro entrou no caixa e mais passou a ser devido. Sem um mecenas para emprestar ou doar recursos para o futebol, algo corriqueiro na última década, Abad passou a combater a sangria com austeridade. Reduziu custos administrativos, diminuiu a folha salarial do futebol, obrigou o técnico Abel Braga a se virar com jogadores jovens vindos da base. Todas medidas impopulares.

Cifras vascaínas nebulosas

O Vasco está mais um degrau abaixo. Embora seus números aparentem ser menos graves, pois a dívida esteve em R$ 557 milhões em 2017, os dados que a direção expôs em seu balanço não são confiáveis. A BDO, nova auditoria contratada pelo presidente Alexandre Campello, não conseguiu validar os números informados. Não existe nenhuma garantia de que os vascaínos devam R$ 557 milhões. Podem ser R$ 600 milhões ou R$ 700 milhões. O seu principal documento financeiro não possui credibilidade.

Campello pretende reapresentar o balanço da temporada passada ainda neste ano, com esforços para que a BDO consiga checar as informações. De qualquer modo, mesmo que os números contidos no balanço de 2017 sejam verdadeiros, a situação é desoladora. O Vasco depende da receita da televisão para sobreviver. Para que se tenha noção da disparidade, São Januário lhe rendeu R$ 4 milhões em bilheterias na temporada, enquanto o Botafogo faturou R$ 21 milhões com o Nilton Santos, e o Flamengo, R$ 62 milhões com Ilha do Urubu e Maracanã. Sem faturar, afogado em dívidas, o Vasco tem enorme dificuldade para investir no que interessa: futebol.

Fonte: O Globo

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