Depois do trabalho no centro de treinamento do Fluminense, na última quinta-feira, Renato Augusto mais parecia professor.
Em um bate-papo de exatos 32 minutos com O Globo, o meia abriu o coração: lamentou ter sido recusado duas vezes para voltar para o Flamengo, mas também exaltou o grande momento que vive na carreira.
Sentado sobre a caixa térmica, conversava com os jovens do time sub-20 tricolor, todos no chão feito crianças, com os olhos voltados para cima, atentos ao titular da seleção.
Em um bate-papo de exatos 32 minutos com O Globo, o meia abriu o coração: lamentou ter sido recusado duas vezes para voltar para o Flamengo, mas também exaltou o grande momento que vive na carreira.
O Globo: Mais uma vez você treinou sozinho, antes de todos os jogadores da seleção. Você sente que precisa treinar mais do que os outros?
Renato Augusto: Venho antes por causa do fuso horário, principalmente. Demora um pouco para se acostumar. A questão não é treinar mais, é conhecer seu corpo. Sempre tive curiosidade de aprender as coisas. Se estou com dor em um lugar, pergunto o motivo. É preciso saber a hora certa de treinar mais, de treinar menos. Conheço melhor meu corpo atualmente.
Durante a semana no Rio, viu o clássico no Maracanã?
Eu assisti a uma parte, mas como estou no fuso horário da China ainda, não aguentei e dormi. Gostei de partes. Foi um clássico nervoso, era semifinal. Foi um bom jogo, mas nada perto do que poderia ser. Como os times são de grande nível, ficamos sempre na expectativa de mais.
Bateu uma vontade de voltar ao Flamengo?
Eu tinha um sonho maior de voltar e tentei duas vezes. Quando vim da Alemanha e quando o Corinthians estava tentando me emprestar. Liguei para o Flamengo e não me quiseram. Hoje não tenho essa mágoa, mas fiquei chateado por eu ser da casa. O Flamengo estava em um momento conturbado e queria chegar e assumir essa responsabilidade de ajudar. Mesmo assim, o Flamengo não quis. Fiquei triste.
E o Corinthians já é campeão brasileiro?
É difícil prever, mas acredito que vai ser campeão. Tudo pode acontecer, mas vendo os jogos, é um time compacto, com as linhas muito próximas, com sistema de cobertura, perde pouco a bola, não dá contra-ataque... Está fantástico. O Corinthians manteve o padrão que vem tendo há muito tempo. É sempre a melhor defesa, é um time sempre bem postado. O Fábio (Carille) manteve o trabalho do Tite.
Já está ansioso para a Copa?
Penso sempre jogo a jogo porque precisamos estar sempre confirmando nosso nome. Hoje a seleção já é olhada com respeito novamente, até mesmo medo. Por termos Neymar, Coutinho, Jesus. Você olha para o banco e temos o Willian. É uma equipe fantástica, mas ainda está cedo. Tudo pode mudar para nós e para os adversários também.
Você fala muito da parte tática, é considerado um jogador inteligente. Já pensou em ser técnico quando parar?
Nunca pensei nisso. Hoje eu tenho certeza de que não estou pronto, por mais que tenha a minha leitura de jogo, que não sei se está certa ou não. É preciso estudar para ser treinador.
Além da falta do diploma, por que técnicos brasileiros não têm vaga na Europa?
O idioma é pesa também, mas acho que de um tempo para cá os brasileiros estão se preparando. Tem uma nova leva. Roger é interessante e também gostei do pouco que vi do Jair Ventura. Mesmo com um time reduzido, está indo muito longe. O próprio Zé Ricardo. Já ouvi falar muito bem dele. Seria muito bom se um técnico brasileiro brilhasse na Europa. Para a gente, da China, é interessante que o Paulinho chegue ao Barcelona e arrebente. As pessoas vão olhar para os brasileiros na China de forma diferente. Vai abrir portas.
Acha que vai dar certo o Paulinho no Barcelona?
Creio que vai dar muito certo. É natural, vai precisar de adaptação no início. Talvez demore um pouco, mas vai.
Ainda é um sonho voltar para o futebol europeu?
Não chega a ser um sonho, mas gostaria sim. Hoje estou bem adaptado a Pequim (Renato defende o Beijing Guoan, da China, desde janeiro de 2016). Estou feliz. Tivemos algumas sondagens, mas nada chegou de verdade. Vamos com calma. Meu contrato é praticamente até a Copa do Mundo. Dando tudo certo, pode acontecer alguma coisa positiva depois.
O que achou da ida do Neymar para o PSG?
Vi como uma transferência normal. O PSG é um grande time, joga a Liga dos Campeões e o mais importante é estar feliz. Se ele estiver feliz, pode jogar na China, no Japão. Quando você está feliz, o universo conspira a favor. Quero esse moleque feliz.
E você está feliz?
Estou muito. Já fui muito negativo. Sentia uma dorzinha e pensava que tudo tinha acabado para mim. Hoje procuro ser sempre positivo, estar bem com a família, com os amigos. Quando se está assim, Deus olha e fala : “vou dar um moral para esse menino”. E tudo dá certo.
Fonte: O Globo
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