Caros Rubro Negros,
É um alivio poder falar com vocês agora sobre assuntos que não sejam um técnico a beira do abismo, jogadores de quem esperamos mais, jogadores que viram “Cristo” ou sobre uma fase ruim no futebol do Clube. A situação atual nos da alguma tranquilidade para olharmos o futuro próximo com otimismo e também nos faz poder lembrar que o futuro de médio e longo prazo do Fla tem tudo para ser brilhante.
E sobre um dos pilares desse futuro que eu gostaria de falar com vocês hoje.
Atualmente muitos consideram que o elenco do Flamengo está entre os 3 melhores do Brasil. Além disso, o Fla conta uma boa estrutura em seu CT. Tem suas finanças e dívidas equacionadas. E não dá nenhuma pinta de que passará por qualquer apuro para cumprir seus compromissos financeiros. Isso certamente é uma grande diferença de quando nos lembramos de tempos idos do nosso Flamengo. Tempos de atraso de salário. Sem patrocínio master. Tempos de elenco fraco e estrutura pífia. E essa reviravolta começou a ser construída em 2013.
É de notório conhecimento que o Mais Querido passou por um enorme choque de gestão a partir do ano de 2013. É sempre bom lembrar que o Flamengo ao fim de 2012 era um clube alquebrado. Um clube absolutamente podado de seu real potencial por décadas de descaso e amadorismo, pra dizer o mínimo. Éramos motivo de chacota, apelidado de “Flalido”, entre outras alcunhas desagradavéis. O nível de descontrole e desorganização era tal que a dívida do Flamengo “passou” de cerca de 350 milhões de reais para mais que o dobro apenas por conta de uma mais que necessária auditoria externa. A conta havia chegado lá na Gávea. Tenho convicção de que o nosso destino certo era uma vexatória queda para a série b, parecida com a do Botafogo em 2014.
Durante esses anos, nos quais a situação financeira do Flamengo inspirava grandes cuidados, com os resultados esportivos inexpressivos, muitas bobagens eram ditas sobre esse processo. Coisas como “Flamengo campeão apenas do Itauzão” ou “o que importa são os títulos”. Ou ainda, a “melhor” de todas: “o Flamengo virou um banco”. Mal se lembram esses colegas que a maior quantidade de títulos que o Flamengo ganhou pegando do ano de 1993 até 2012 foram os títulos protestados. Que frequentamos a zona do rebaixamento muito mais tempo do que o recomendado. Que os poucos títulos de fato dignos de nota ( carioca não é digno de nota para este que vos escreve ) nesse período podem ser contados nos dedos de uma mão. Algo absolutamente insuficiente para a grandeza do Flamengo.
“Mas em 2009…”. O título de 2009 foi lindo. Maravilhoso. Sensacional. E cada vez mais aquilo não vai acontecer daquele jeito. Não dá. Cada vez mais o profissionalismo e o planejamento vão se sobrepor ao “vamo que vamo” e ao “isso aqui é Flamengo” pura e simplesmente. Cada vez mais time desorganizados adminstrativamente e fracos nas finanças ganharão menos títulos. “Ah, mas time tal foi campeão e não passou por essa situação”. Nenhum clube dito grande (exceto o Botafogo) tem a situação que o Flamengo teve. A situação financeira do Flamengo era CATASTRÓFICA.
“Mas de 2013 para cá ganhamos apenas 2 cariocas e 1 copa do Brasil”. De fato. Contudo vale lembrar que, em se falando de administração, finanças e estrutura o Fla saiu da lama nesse período. Uma lama que estava em nosso pescoço. E olha que, na minha opinião, foi até rápido sairmos de onde estávamos e chegarmos aonde estamos pelo tamanho do dano pelo qual passamos. Esperava muito mais sofrimento e muito mais tempo para isso. Ainda estamos longe do nosso real potencial, mas em condições bem mais aceitáveis nas quais podemos sonhar baseados na realidade ao invés de fazê-lo baseado apenas no imenso tamanho da nossa camisa e da nossa torcida.
Muitos falam de 2016 como um ano no qual o Flamengo “teve tudo para ser campeão Brasileiro”. Isso é uma grande patacoada. Elenco formado no meio do torneio e ainda bem desequilibrado. Jogando o campeonato inteiro fora de casa. Trocando de técnico no meio da temporada. A verdade é que, pela conjuntura, o 3º lugar no Brasileirão ficou de bom tamanho. 2017 sim é o primeiro ano no qual temos condição de estrutura, finanças e elenco para brigarmos por títulos na condição de favoritos. Tudo bem que começamos muito mal nesse sentido com a precoce queda na Libertadores. Mas o ano de 2017 esta longe de acabar.
Claro que o futebol não é ciência exata. Não da para cravar que um time vai ser campeão na temporada tal só por que tem uma boa situação administrativa. Contudo, no médio prazo, uma situação como a que o Flamengo procura, tendo estrutura, planejamento, elenco forte e finanças confiáveis é a chave para títulos nos anos vindouros. Esse é o caminho para voltarmos ao topo do futebol nacional. A verdade é que cada “itauzão” desses que o Flamengo é destaque está sim mostrando que estamos cada vez mais perto de termos muitas glórias e alegrias com esse time. Quem viver, verá.
Opine, elogie, critique…Participe!! E se você ainda não é Sócio Torcedor…faça o seu imediatamente!!! O seu maior benefício é ver um Flamengo cada vez mais forte!!
Pixotada: Cornetas. Ser exigente eu acho ok. Mas calma lá. O time mostra evolução tática e técnica nos últimos jogos. Novamente começamos a ver um time equilibrado, inteligente, consistente e competitivo. Podemos não concordar com a forma que o técnico vê futebol. Podemos não concordar com algum jogador da escalação. Mas soar as trombetas do apocalipse dia sim e outro também por conta disso, sem enxergar a nítida melhora pela qual passamos… é demais.
Golaço: Continuidade no trabalho. Parabéns a diretoria por manter o ZR durante o período de maior turbulência. A solução mais fácil sempre é demitir o técnico e dar satisfação para a ala mais radical da torcida, como vemos diariamente no futebol brasileiro, triturador de técnicos. Contudo também é a solução mais amadora. Que não indica profissionalismo. E que não costuma trazer grandes resultados.
Seção Gato Mestre: Palestino 0x1 Flamengo. Não sabemos ainda o time que entra para o jogo de hoje. Será um jogo truncado, no qual teremos dificuldades de criação e passaremos poucos apuros defensivos. De toda forma é um confronto que não podemos perder, sob pena de abalarmos a sequência do ano (novamente) e encerrarmos o curto período de paz que vivemos depois de uma fase de pouco futebol e muita pressão.
Luiz Henrique Amorim
contato@colunadoflamengo.com
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