No dia 11 de janeiro, os jogadores do Flamengo começarão a se apresentar no Ninho do Urubu e darão início ao que o clube considera uma nova era do seu futebol profissional. Eles farão parte do primeiro elenco rubro-negro a fazer a pré-temporada num centro de treinamento próprio do clube, que dá aos jogadores não apenas a oportunidade de treinar, mas também de se alimentar, receberem tratamentos médicos e fisioterápicos e descansarem em 24 suítes duplas — tudo no mesmo local.
Esse era um antigo sonho rubro-negro, tanto que o local em que o CT foi instalado, na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Grande, é do clube há 32 anos. O centro de treinamento ganhou o nome do presidente responsável pela aquisição do terreno de 150 mi m², George Helal. Ele foi homenageado também com uma estátua em frente à entrada principal.
O terreno foi comprado por 300 milhões de cruzeiros, que, corrigidos, valem hoje cerca de R$ 1,7 milhão. Para a mais recente obra, um módulo para o futebol profissional, o Flamengo teve que gastar R$ 15 milhões. No ano que vem, o clube projeta um investimento de R$ 16 milhões para fazer um módulo para as divisões de base. Por outro lado, o rubro-negro deve economizar com diárias em um hotel de luxo na Barra da Tijuca, onde o elenco costuma se concentrar.
JUAN: 'ESTÁ TUDO INTEGRADO'
Criado no rubro-negro e de volta ao clube desde o ano passado após passagens pelo futebol europeu, onde teve contato com as estruturas do Bayer Leverkusen, da Alemanha, e do Roma, da Itália, o zagueiro Juan será um dos jogadores a desfrutar a nova fase do Flamengo. Para ele, o CT está aprovado.
— A estrutura ficou muito boa, está tudo integrado e os jogadores não vão precisar se locomover para ter o que precisam. Temos tudo o que um clube profissional precisa para fazer uma temporada de alto nível — disse Juan. — O futebol foi para um lado no qual os times que têm estrutura chegam melhor a longo prazo, aguentam mais durante o campeonato. A gente espera que, com o módulo definitivo, os profissionais consigam a arrancada rumo ao título (Brasileiro em 2017).
Antes mesmo da inauguração de uma estrutura permanente, o Ninho do Urubu já era um velho conhecido dos jogadores. Ele passou a ser usado com mais frequência a partir de 2010, quando começou a ganhar estruturas provisórias cada vez maiores, com contêineres que abrigavam vestiário, academia de musculação, salas para diretores e treinadores e sala para entrevistas coletivas. Atualmente, são cinco campos oficiais — utilizados também por categorias de base.
Mesmo a estrutura temporária já afastava o time da Gávea. O objetivo é isolar os jogadores do contato diário com sócios e frequentadores da sede do clube, além de oferecer melhor estrutura, com mais campos. Maior ídolo do rubro-negro eque se acostumou a treinar com a proximidade de torcedores, Zico já não defende mais os treinos na Zona Sul.
— Tem muita gente que recebeu título de sócio só para “cornetar” ou votar em alguém. É problemático. Até eu, que sempre fui favorável a treinar na Gávea, hoje sou contra. Baderneiro tem que estar longe — afirmou Zico.
ATRATIVO PARA REFORÇOS
A nova estrutura tem ainda um campo de futebol de grama sintética e um campo de treinamento para goleiros. Um dos campos utilizados, que fica visível às casas de um condomínio atrás do terrenos, ganhará também uma grande painel que vai encobri-lo da vista dos vizinhos. O campo, que tem o gramado ainda renovado, terá também uma pequena arquibancada para 500 pessoas. Ele é justamente o que fica mais perto dos dois prédios do módulo de futebol profissional.
Além dos 24 quartos duplos, os dois prédios, que são interligados, têm sala de jogos, auditório, refeitório, sala de musculação, piscinas e vestiário, com sauna e jacuzzi. Há salas ainda para treinador, gerência, departamento médico, fisiologia e nutrição.
A estrutura é considerada um atrativo para a chegada de reforços, como de Conca, Shanghai SIPG, da China, que está se recuperando de cirurgia no joelho esquerdo e deve chegar por empréstimo em 2017. A ideia é usar a estrutura como atrativo assim como o São Paulo fez com o seu centro de recuperação, o Reffis.
— Hoje, você não precisa ir a lugar nenhum para fazer o que é necessário para um time de futebol. Qualquer profissional de qualquer área gostaria de trabalhar no CT — elogiou Zico. — O jogador tem tudo, só tem que se preocupar em treinar e jogar futebol.
Fonte: O Globo
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