A volta do futebol ao Maracanã está cada vez mais complicada. Por motivos diversos, e não dependem apenas da boa vontade de A ou B a antecipação dos prazos. O Comitê Rio 2016 tem até 30 de outubro para fazer a devolução do estádio ao consórcio encabeçado pela Odebrecht, que não deseja mais gerir o local. E o Nilton Santos, ou Engenhão, pode se tornar saída para jogos maiores, no Rio de Janeiro, da dupla Fla-Flu.
A Rio 2016 devolver o Maracanã antes significa que, quando isso acontecer, mais cedo alguém vai pagar as contas de água, luz, segurança, manutenção dos elevadores etc. E o Comitê teria custos extras para desmobilizar de forma mais rápida tudo o que lá instalou. Por isso, exceto para Fluminense e Flamengo, o mais confortável, seguro, seria o cumprimento do prazo até o fim de outubro.
A ideia do buraco no gramado para a solenidade paralímpica, revelada pelo blog, preocupa por motivos diversos. Tal escavação pode afetar o sistema de drenagem e a colocação de novo solo causar recalques (afundamento) no futuro. Ou seja, para não correr tal risco a intervenção precisa ser mais longa, 12 dias e outros quatro para a instalação do gramado e mais quatro destinados a ajustes, totalizando 20.
No entanto, a empresa que cuida da grama (Greenleaf) só poderá iniciar seus trabalhos por volta de 23 de setembro, depois que forem removidos vários itens a serem instalados para a festa de encerramento da Paralimpíada. Assim, o piso não deverá estar concluído antes do período entre os dias 12 e 15 de outubro.
Contudo, uma megaoperação de auditoria é necessária para que o Maracanã seja devolvido da mesma forma que a Rio 2016 o recebeu, e aí vai além do campo. Se existe alguma chance de liberação para futebol antes do dia 30 de outubro, dependerá do que será feito na cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos, em 18 de setembro.
Mas não pode ser descartada a necessidade de a Rio 2016 precisar de mais tempo até a devolução, por causa de ações sem relação com o gramado. Caso da reorganização em áreas como a marquise, depois de medidas como a colocação de grande quantidade de fogos do show de abertura da Olimpíada, em agosto. Assim precisaria de todo o prazo para recolocar a casa em ordem e antecipar algo seria mais complexo.
Além disso, o Maracanã está num imbróglio que envolve a intenção do consórcio de devolvê-lo, a dificuldade para se chegar aos termos de rescisão com o governo do Estado, como e quem herdaria a gestão do estádio, etc. É algo político, jurídico e técnico, um nó difícil de ser desatado. Aí o Engenhão pode se tornar a alternativa.
O estádio foi retirado do Botafogo quando de sua interdição pela prefeitura, em março de 2013, devendo ser devolvido ao clube no futuro. A Rio 2016, naturalmente, o entregará a quem o repassou, ou seja, à administração municipal. Já os alvinegros não pretendem lá jogar em 2016, pois vêm mandando suas partidas no campo da Portuguesa, na Ilha do Governador. Dependeria de um acordo entre prefeitura, Fluminense e/ou Flamengo a utilização logo após a Paralimpíada.
Com o intuito de ampliar a capacidade, arquibancadas foram instaladas no estádio olímpico para os Jogos, assim como telões que não deverão permanecer. A remoção desses itens levaria alguns dias, mas em compensação o gramado não tem previsão de troca. Em tese seria viável até mesmo a permanência desses itens provisórios por mais algum tempo com os jogos de futebol lá acontecendo.
Com alguns dirigentes que mantêm uma espécie de fixação pelo Maracanã, ao Flamengo cabe ser realista e correr atrás de um plano B, com enorme atraso por sinal. Já o Fluminense, que encontrou uma saída em Edson Passos, pode escolher entre tentar um local maior ou seguir no campo do América, que reformou.
Fato: para a dupla Fla-Flu, jogar no Engenhão depois de 18 de setembro e mais factível do que sonhar com o Maracanã. Mas um acerto seria mais político do que técnico.
Fonte: Mauro Cezar Pereira
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