Caro rubro-negro,
Visualize a seguinte cena: segundo tempo de jogo, quarto árbitro levanta a placa da substituição para o Flamengo e o juiz autoriza. Que número você vê? 17. Quem entra? Ele, o eterno Gabriel. Esse cenário lhe parece familiar? É porque você já o viu, acredite, por mais de 160 vezes.
A verdade é que, não importa o tamanho do elenco, a qualidade que tenhamos no banco e os jogadores da base com potencial à disposição. As escolhas parecem ser sempre as mesmas, tanto na escalação do time titular, quanto nas substituições durante a partida, e mesmo nos mais variados cenários de jogo, vencendo ou perdendo.
É verdade que havia uma grande expectativa de mudança com a entrada de Zé Ricardo, aclamado pela torcida, pelo excelente trabalho desenvolvido na base rubro-negra. Quando anunciado como técnico interino pela diretoria, até mesmo o garoto mais esquecido da base deve ter se enchido de esperança, imaginando que, agora sim, teria sua vez. Mas, infelizmente, não é o que estamos vendo.
Quando, ansiosos, conferimos a escalação ou as substituições do Zé Ricardo, ficamos com aquela sensação de ‘déjà-vu‘, ‘já vi isso antes’. E antes que os defensores de plantão se manifestem, eu mesmo o faço. Ainda assim, acredito muito no potencial do Zé e o vejo como o nome certo para dar continuidade no comando da equipe. Mas precisa ousar! Mudar o que não deu certo com Muricy, Jayme e companhia. Não pode ter medo ou se deixar influenciar por ‘sugestões externas’.
Talvez a maior prova das escolhas ‘duvidosas’ repetidas pelo Zé é a falta de oportunidade para Mancuello e Cuéllar. Simplesmente, os dois maiores investimentos do clube para a temporada, somando juntos R$ 20 milhões, que no banco de reservas, diminuem o seu valor a cada dia.
Mas o treinador deve escalar o jogador só por que custou caro ao clube?
Não necessariamente. Mas você ousaria dizer que Márcio Araújo (que até tem se saído razoavelmente bem nos últimos jogos) é melhor que Gustavo Cuéllar? Alguns defendem a ‘marcação’ feita por MA. Mas, e Cuéllar? Esquecemos o ‘cão de guarda’ que ele mostrou ser, marcando incansavelmente os adversários e ainda com um passe de muito mais qualidade?
É verdade é que ele se lesionou e Márcio Araújo entrou em seu lugar. Mas isso quer dizer que nunca mais terá oportunidade? Será que o tão criticado Márcio Araújo é tão absoluto assim na posição?
E Mancuello? Alguns argumentam que perdeu espaço no time por causa do esquema tático adotado, onde ele disputaria espaço com Alan Patrick, titular inquestionável por mim e por você.
Então, surge a dúvida:
Justifica sacrificar um jogador tão completo, por quem pagamos R$ 12 milhões, para manter um sistema tático implantado pelo ‘mestre’ Muricy e que em 6 meses, ainda não deu resultado?
Explica-se manter o jogador considerado pelo técnico da seleção argentina, Tata Martino, como “a melhor versão de um volante interior com muita chegada e muito gol” amargando o banco, em benefício de um esquema tático que privilegia Gabriel, Cirino, Everton e Fernandinho? Jogadores que ‘correm muito’ e nada produzem?
Com Mancuello em campo, além de ter mais um jogador inteligente e não sobrecarregar Alan Patrick, teríamos mais uma opção de chute a gol, com qualidade, uma das nossas maiores carências, já que nossos atacantes não finalizam e quando fazem isso, fazem muito mal.
Seria muito difícil armar um time com um meio de campo composto por Cuéllar, Arão, Mancuello e Alan Patrick? Pelo menos para experimentarmos e após uma verdadeira sequência (não 1 ou 2 jogos), avaliarmos que não deu certo? Não é essa sensação que temos com o 4-3-3 do Muricy?
Talvez de todas as escolhas duvidosas, a falta de chance a Cuéllar e Mancuello talvez seja a situação mais inexplicável. Questionada por jornalistas e por muitos torcedores aqui no site:
Vale lembrar que o primeiro a barrar Mancuello foi Jayme de Almeida, lembra? Neste mesmo jogo, ele também barrou Willian Arão, que hoje, com a entrada de Zé Ricardo no comando, está voando em campo como capitão.
Há ainda quem diga que essa é a forma de Zé ‘ver o jogo’ e devemos respeitar. Tudo bem, se for isso mesmo e estiver dando certo, rendendo vitórias, com nossos ‘pontas’ fazendo assistências e gols, iremos apoiar. Independentemente da filosofia de jogo, todos aqui temos algo em comum: queremos o melhor para o Flamengo.
Mas, se não está dando tão certo assim, só podemos fazer o apelo:
“Zé, você tem liberdade para fazer suas escolhas, questionáveis ou não. Mas quando for necessário dar oportunidade a mais alguém, pelo amor de Deus, ouse e fuja do ‘mais do mesmo’ de técnicos ultrapassados, porque o Flamengo é muito mais que Gabriel, Fernandinho, Everton e Cirino. Não nos contentamos com ‘correria’ em campo. Queremos os melhores. Não deixe escorrer pelas suas mãos a chance da sua vida!”
Afinal, isso aqui é Flamengo!
PS¹: Gabriel, Fernandinho, Cirino e Everton não são jogadores para o Flamengo. Não estão à altura do clube e não deveriam ser contados nem como opção, especialmente pela posição em que jogam.
PS²: Márcio Araújo é um bom reserva para Cuéllar. Esforçado, marca bem, mas é muito inferior ao seu concorrente atual.
PS³: Por que que não uma sequência para Ederson, Thiago Santos, Ronaldo, Paquetá, etc? Não precisam ser 164 jogos… 5 já estaria ótimo!
Deixe sua opinião abaixo ou envie sua coluna para torcedor@colunadoflamengo.com. Vamos discutir juntos as melhores escolhas para o Mengão!
Saudações rubro-negras,
Arthur Nunes
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