Um dos jogadores mais conscientes do Flamengo, o capitão Wallace fez uma avaliação sóbria do ano da equipe e deixou claro que a falta de união entre os jogadores e questões extracampo serviram para transformar 2015 em um grande fiasco. Hábil com as palavras, o atleta não recorreu a termos simples, como fracasso ou tragédia, para simbolizar o caótico ano rubro-negro e o classificou apenas de controverso.
— Esse ano foi diferente, o mais tenso, mais crítico, mais irregular da equipe, e talvez mais esperançoso, um ano de controvérsias — disse Wallace que chegou ao Flamengo em 2013 — Faltou uma sintonia melhor entre nós, a gente poderia estar mais ajustado, e começou a trazer problemas desnecessários. Isso pesa em campo.
Controvérsias ou, em uma linguagem mais clara, polêmicas à parte, com mais recursos e a contratação de um candidato a ídolo como Guerrero, a cobrança cresceu. O time até pareceu que corresponderia, chegou a figurar no G-4 do Brasileiro, mas veio a queda livre e a prova de que os alicerces para uma boa campanha não existiam. De acordo com o zagueiro, a estrutura ainda acanhada e a interferência externa levaram a reações ruins no elenco, e o clube virou um “vulcão” em ano de eleição. Com a excessiva troca de treinadores, o trabalho não teve continuidade.
Questionado sobre o que seria o fator externo na Gávea, o capitão incluiu a diretoria e a torcida, a quem chamou de impaciente.
— Se tem um clube que o externo influencia no interno é o Flamengo. É tudo, o torcedor, com direito, foi muito mais impaciente neste ano, mas nem todo jogador assimila isso – justificou.
Wallace disse acreditar que, apesar de o clube ter se ajustado na parte financeira, pecou em mudar de treinador o tempo todo. Perguntado se era a favor uma faxina no elenco, o capitão não soube dizer, mas pediu uma mudança: união entre diretoria, atletas e torcida.
— Flamengo tem que ser Flamengo. Além de uma mudança estrutural, tem que ter paciência e a consciência de todos, staff, atletas, torcida, que seja de uma forma única, esse ano cada um seguiu uma linha e acabamos não se encontrando - criticou.
Wallace disse que cobra-se resultados rápidos sem as condições ideais. Mesmo que mostre alguma evolução, a pressão sempre é excessiva.
As controvérsias
Comportamento
Jogadores demonstraram falta de comprometimento, com aparições em festas ao longo do ano. Cinco deles foram afastados mas, depois, reintegrados. O episódio gerou cobranças que fizeram os atletas abandonarem o barco de vez.
Conselho Gestor
Vice-presidentes interferiram no futebol. Em momentos conturbados tecnicamente, atletas e treinadores ficaram sujeitos a opiniões de dirigentes amadores.
Troca de técnicos
Vanderlei Luxemburgo saiu e disse que a diretoria não entendia nada de futebol. Cristóvão chegou já sob desconfiança e Oswaldo não sustentou a reação que levou a equipe ao G-4.
Pressão da torcida
Os torcedores, na arquibancada e nas redes sociais, cobraram dos atletas comprometimento e perderam a paciência.
Eleição
A disputa eleitoral invadiu o clube desde o meio do ano. O racha político desmantelou a estrutura da atual gestão e gerou incertezas em todos.
Fonte: Extra
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