Um clássico pouco lembrado do Campeonato Brasileiro de 1993 pode representar mais um indício de corrupção no futebol brasileiro do fim do século XX. Quem acusa é Mário Sérgio Pontes de Paiva, técnico que comandou o Corinthians no torneio em questão. A declaração foi dada durante o programa Boa Noite Fox e confirmado pelo ex-treinador e comentarista ao UOL Esporte.
O clássico foi um Corinthians 3 x 2 Santos, pela primeira rodada da segunda fase da competição. Os dois times se enfrentaram em 20 de novembro daquele ano pelo Grupo E, composto também por Vitória e Flamengo. Jogando no Morumbi, o Corinthians venceu por 3 a 2, graças a gols de Rivaldo, Válber (de pênalti) e Zé Elias; Gallo e Guga marcaram para os santistas.
No entanto, segundo Mário Sérgio, o Corinthians recebeu uma oferta tentadora: se pagasse, seria favorecido pela arbitragem na partida, chefiada por Oscar Roberto Godoy. O treinador afirma que a possibilidade era recorrente na época e, normalmente, o árbitro nem sabia do esquema.
"Muitas vezes tinha um intermediário que entrava no negócio e propunha a venda do jogo, e o juiz nem estava sabendo do negócio - foi o que realmente aconteceu neste jogo, o Corinthians contra o Santos", contou Mário Sérgio. "O juiz daquela época apitou, foi uma arbitragem normal, e se alguém se sentiu prejudicado foi o Corinthians. A intenção era justamente ajudar o Corinthians", completou.
Mário Sérgio afirma que o emissário responsável por levar a oferta aos clubes era um ex-árbitro, não identificado. O Corinthians chegou a receber a oferta, mas se recusou a pagar – inclusive depois da vitória, já que a arbitragem de Godoy foi prejudicial para o clube no clássico de 1993. Naquela partida, após abrir 2 a 0, o Corinthians reclamou um pênalti que Godoy não marcou, de Ricardo Rocha sobre Viola.
"Eu falei para o Sidinei Dualib, diretor de futebol naquela época, o filho do (então presidente do Corinthians Alberto) Dualib: 'não dá nenhum dinheiro para esse cara, ele não ajudou a gente em nada; muito pelo contrário, ele prejudicou a gente. Esse cara quer o dinheiro para ele'", disse Mário Sérgio, que cumpria suspensão e acompanhava a partida das cabines do Morumbi. "O Sidinei não pagou nada, não. Foi o jogo que ganhamos de 3 a 2. Nós fizemos 3 a 0, aí o Santos começou a reagir, reagir, reagir. Aí teve um gol em completo impedimento do Santos (marcado por Guga), que o bandeirinha não deu. Eu dei um soco na janela, quebrei o vidro da janela e falei: 'Sidinei, você não vai pagar esse filho da p…, que ele está roubando a gente'", completou.
Atualmente comentarista da Fox Sports, Mário Sérgio disse que nunca caiu nesse tipo de propostas. Segundo ele, como nunca presenciou o próprio árbitro se oferecendo para ajudar um time em troca de dinheiro, não tinha como saber se não era um truque do intermediário.
"Era um ex-juiz, que se dizia intermediário do negócio, que estava defendendo os interesses do árbitro e que favoreceria o Corinthians no jogo contra o Santos. Aí, na hora do jogo, eu falei: 'não vai entrar nessa, porque o que eu estou vendo aqui, não está beneficiando em nada. Muito pelo contrário'. Eu disse justamente isso, naquela época, como pode ser que aconteça hoje também: alguém falava em nome do juiz, que não estava nem sabendo de nada", contou Mário Sérgio à reportagem.
Procurado pelo UOL Esporte para responder às declarações de Mário Sérgio, Oscar Roberto Godoy não quis se pronunciar.
Fonte: Uol
Nenhum comentário:
Postar um comentário