Infelizmente futebol vive de resultados, mesmo o técnico Cristovão não sendo o principal culpado, até acho que Vanderlei Luxemburgo tem um grau acima de culpa, pela organização do elenco. Cristovão barrou Pará e Anderson Pico acertadamente, porém futebol não é uma ciência lógica que dará resultados imediatos.
Ao deixar o auditório do Maracanã após mais uma entrevista coletiva, Cristóvão cochichou algo no ouvido do presidente Eduardo Bandeira de Mello. Em troca, ganhou um abraço tímido, quase envergonhado, e um tapinha nas costas. O gesto é simbólico no sentido de que mostra como o apoio que o treinador tem para se manter no cargo é cada vez mais frágil. A cada segunda-feira, dia de reunião do conselho gestor, ele fica mais ameaçado.
O comportamento do presidente e do diretor de futebol Rodrigo Caetano neste domingo, após o jogo, mostraram como a situação de Cristóvão é delicada. Sentado no auditório durante a fala do treinador, Bandeira deixou o local antes que a entrevista terminasse — com isso, escapou do assédio dos jornalistas.
Minutos depois, já na zona mista, ele e Caetano passaram sem falar com a imprensa. Postura diferente da de uma semana atrás, quando o executivo encarou os microfones após a derrota para o Figueirense para dizer que o trabalho seria mantido.
Sem ninguém da diretoria disposto a assegurá-lo no cargo publicamente, Cristóvão foi o único a falar sobre sua situação e a do próprio time, que segue em crise. O técnico puxou para si a responsabilidade por mais uma derrota, a sexta da equipe sob o seu comando.
— O erro é meu quando a equipe perde porque sou eu o responsável. Eu que escolho, eu que escalo. Os jogadores estão ali para cumprir o que determino. Traçamos estratégias a cada jogo. Às vezes eles são felizes em executá-las; e, às vezes, por coisas que envolvem uma partida de futebol, não. Mas a responsabilidade maior é minha.
Tempo para consertar os erros é algo de que o Flamengo não conta. O time já se reapresenta nesta segunda no Ninho do Urubu, onde se prepara para o jogo contra o Náutico, pela Copa do Brasil. Na terça, os jogadores viajam para Recife, local da partida de quarta. Num duelo que vale a sobrevivência da equipe na competição, o técnico Cristóvão não poderá contar com o lateral-direito Ayrton e o meia Alan Patrick, que já atuaram na competição pelo Palmeiras.
— Temos jogadores para substituir eles — tenta tranquilizar Cristóvão, que aposta todas as fichas na reação do time no duelo na capital pernambucana, com grande potencial de ser o seu último em caso de eliminação:
— Com toda certeza reagiremos na próxima partida. Porque temos condições.
O treinador, que já não conta com apoio sólido dentro do clube, também perdeu quem o segure fora dele. Neste domingo, os torcedores o vaiaram e o chamaram de burro (sem contar os palavrões impublicáveis).
— A reação da torcida é compreensível. Em casa, independentemente de qualquer coisa, não tem como ficar satisfeito com um 3 a 0. O torcedor tem direito de manifestar indignação. Até porque estamos aqui para trazer resultados positivos. E temos oscilado bastante — admitiu Cristóvão.
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