Fonte: Lancenet
A partir do ano que vem, e até 2018, Flamengo e Corinthians passam a receber pelos direitos de TV R$ 170 milhões anuais. Para muitos, o novo contrato, fruto ainda da negociação da Globo que implodiu o Clube dos 13, em 2011, significa um passo a mais para a espanholização do futebol brasileiro, uma referência ao abismo das receitas que separam Barcelona e Real de seus adversários.
No caso brasileiro, os dois clubes de maior torcida do país terão cada um R$ 60 milhões a mais do que o São Paulo e R$ 70 milhões a mais do que o Vasco e o Palmeiras. Em relação a clubes de menor investimento, como os paranaenses e os baianos, o Goiás e o Sport, a diferença pode chegar a 385%, segundo levantamento do Estadão.
É importante frisar que esses R$ 170 milhões de Flamengo e Corinthians representam um aumento de mais de 50% em relação aos R$ 110 milhões que recebem hoje da Globo. E esse valor não inclui a participação no pay-per-view – neste item, a receita do clube da Gávea e até um pouco maior do que a dos corintianos.
Apesar de agraciados com a maior fatia do bolo, os “milionários” da TV têm situação bem diferente. O Flamengo, focado na estabilidade financeira, na redução das dívidas, fechou 2014 com o melhor resultado dos últimos anos. Pelas projeções de um estudo recente do Itaú, dever repetir a dose este ano operando com lucro de R$ 72 milhões, o maior de um clube brasileiro em todos os tempos.
Já o Corinthians, enrolado das travas da chuteira até a raiz dos cabelos com os pagamentos e os imbróglios financeiros da construção da Arena de Itaquera, liquida seu elenco, vende hoje o almoço para pagar o jantar. E deve ter em 2015, ainda segundo o Itaú, o maior prejuízo do futebol brasileiro, algo em torno de R$ 24 milhões.
Será que isso explicaria o rubro-negro ter tirado Guerrero e Sheik do rival? Pode ser um dos fatores. Apesar a política rigorosa de austeridade e do controle dos salários, a diretoria do Flamengo tem a tranquilidade de, no horizonte, vislumbrar a possibilidade de investir, reforçada com a receita da Globo. Já no Timão, o aumento das verbas de TV é visto, pela atual gestão, tão somente como uma tábua de salvação para as combalidas finanças do clube.
A crise corintiana vai adiar a tal espanholização. Não há cota de TV que resolva a curto prazo. Além disso, contra essa tese, há outros clubes que, mesmo recebendo menos pelos direitos de transmissão, têm sabido gerar receitas de outras fontes para garantir sua competitividade. O Palmeiras, com a rentabilização do Allianz Parque, a atratividades do sócio-torcedor e patrocínios fortes, é bom exemplo. Mas os gaúchos, o Cruzeiro e o Atlético-PR trabalham para não ficar atrás.
Um equilíbrio que só fará bem.
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