Reforçar é preciso. No Flamengo, ninguém duvida disso. Do consenso de que qualificar o elenco é fundamental para que a ambição no Brasileirão seja maior até a chegada de contratações, no entanto, há um longo caminho. E as duas semanas desde a eliminação no Carioca não foram suficientes para que fosse percorrido. Com o orçamento apertado, o departamento de futebol esmiúça o mercado por "tiros certeiros". Na prática, a munição rubro-negra conta com apenas duas balas que dependem do aval de setores do clube para serem disparadas. Alvos não faltam, mas, no momento, a mira aponta para os nomes de Petros e Robinho. Até o início do Brasileirão, a tendência é de que caras novas não pintem no Ninho do Urubu.
Com uma reserva de orçamento prevista para contratações, o Flamengo usa de uma avaliação criteriosa para tal. Ter o dinheiro previsto para o longo do ano está longe de significar tê-lo em mãos para compra de jogadores. Ninho do Urubu e Gávea trabalham em parceria, em organograma que prevê aprovação do conselho gestor para investimentos mais polpudos. A preocupação em não errar - como aconteceu no caso Carlos Eduardo, por exemplo - é evidente e exige paciência, por mais que a proximidade do Brasileirão torne a pauta emergencial. Elo entre estes setores, o vice de futebol, Alexandre Wrobel, reforça a ideologia da gestão Bandeira de Mello:
- Não podemos fugir de uma diretriz. Trabalhamos sempre em conjunto. Temos um orçamento e trabalhamos dentro dele. Lógico que podem surgir excepcionalidades. Aí, sentamos e conversamos numa boa.
Nestes diálogos, o departamento de futebol já expôs a necessidade de melhorias no centro de treinamento e chegada de reforços para que o trabalho evolua ao longo da temporada. Por mais que a avaliação trate o elenco com homogêneo, a contratação de peças com maior poder de decisão é considerada fundamental para que o Flamengo brigue na parte de cima da tabela. Vanderlei Luxemburgo já expôs por mais de uma vez seu desejo por qualificação do elenco. Mesmo com as decisões sendo coletivas, o treinador e o diretor executivo, Rodrigo Caetano, são os alvos mais visíveis diante de um possível fracasso no Brasileirão.
- Se o elenco for completado da maneira que queremos, vamos atingir outro estágio. Se eu continuar com a zona da confusão ou com o saco de cimento, vai ser tudo complicado, fica tudo horrível (...) A garotada é muito boa, mas, para pensar em coisa maior, precisamos de alguma coisa para completar o elenco. E essa é a discussão que eu venho tendo com a diretoria - disse em entrevista coletiva na última terça-feira, no Ninho.
Com o contrato de empréstimo do Milan ao Santos próximo do fim, o Robinho é o nome dos sonhos. Mais do que o retorno técnico dentro de campo, o jogador é tratado como ideal para movimentar torcida e clube como um todo, sendo um investimento que praticamente "se pagaria" se bem trabalhado. Diretoria e comissão técnica compartilham da mesma opinião e uma forma de dar um novo bote está sendo trabalhada nos bastidores. No fim de 2014, as partes chegaram a iniciar uma conversa, mas o Flamengo não se dispôs a "esticar a corda" para alcançar a pedida financeira do jogador, brecando o tema ainda em estágio inicial.
Desta vez, o clube ainda arquiteta um projeto que permita um final feliz antes de entrar em contato com a advogada do atacante, Marisa Alija. Ainda com um ano de contrato com o Milan após o término do vínculo atual com o Santos, Robinho dificilmente voltará para o clube italiano e já começa a pensar no futuro. Com meses de direito de imagem a receber no Santos, não aceita discutir um novo contrato antes de negociar a dívida, o que abre brecha para clubes interessados.
- Não há uma postura tão radical, mas, para discutirmos um contrato futuro, precisamos resolver as questões do contrato anterior. É uma relação como a de todo empregado. Nessa época, sempre surge esse disse me disse. Já falaram do Cruzeiro, agora do Flamengo, mas é semana de final de campeonato. O contrato de empréstimo se encerra no final de junho e precisamos começar a ver o que vai acontecer. O Robinho tem opções fora e também pode ser que fique no Brasil - explicou Marisa Alija.
O caso de Petros é menos complexo e pode ter solução mais breve. Insatisfeito com a condição de reserva no Corinthians, o volante conta com o aval de Vanderlei Luxemburgo e uma consulta prévia já foi realizada. O diretor executivo, Rodrigo Caetano, ouviu as condições para uma transferência: o Flamengo terá que adquirir parte dos direitos econômicos do atleta, divididos entre o Timão e a empresa que cuida de seus interesses. O Rubro-Negro discute a viabilidade do investimento no atleta de 25 anos. Empresário do corintiano, Fernando Garcia vê a negociação com bons olhos.
- Houve uma consulta. Acho interessante uma ida para o Flamengo. Até porque, o jogador está sendo subutilizado no Corinthians. Mas é algo ainda muito prematuro.
Com a mira apontada para o mercado, o Flamengo não tem pressa para disparar as poucas balas que tem. Se a obrigação é o tiro certeiro, a roleta russa é algo proibido. E não faltam dedos para segurar o gatilho rubro-negro.
Fonte: Globoesporte
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