Rafinha, Pablo Marí, Rodrigo Caio, Gabigol, De Arrascaeta,Gerson,Bruno Henrique e Filipe Luís.
Se Balotelli aceitar R$ 1,5 milhão por mês, livres de impostos, assinará um contrato de três anos.
Nunca nenhum clube da América do Sul gastou tanto em reforços em oito meses. São cerca de R$ 210 milhões.
Só sua folha de pagamento é de R$ 17 milhões mensais, distribuída nos salários dos atletas.
Ninguém paga tanto no continente, nem o Palmeiras, com seu bilionário patrocínio.
O clube carioca prevê receitas de mais de R$ 700 milhões em 2019.
Os direitos de transmissão, patrocinadores, arrecadação, sócios-torcedores, venda de atletas. Tudo isso pode fazer com que cheguem mais de R$ 750 milhões no seus cofres ao final de dezembro.
Mas qual a razão de o clube ser tão cruel?
Espalhar mais sofrimento para 13 famílias.
Dez delas que tiveram seus filhos, entre 14 e 17 anos mortos, na concentração do Flamengo.
Presos em contêneires que juntos formaram uma armadilha, no incêndio da madrugada do dia 8 de janeiro. Estavam dormindo quando um improvisado ar condicionado começou a pegar fogo, de acordo com os bombeiros.
Eles eram jogadores da base do clube.
Pais deixaram as crianças sob responsabilidade do Flamengo.
Não imagivam que eles dormiam em contêineres inflamáveis que tinham o injusto apelido de alojamento. E que a prefeitura do Rio de Janeiro nem imaginava que existia, já que na planta do CT do Ninho do Urubu, o lugar era demarcado como estacionamento.
Por sorte, o clube havia liberado 20 garotos para dormir fora da concentração. E apenas outros 20 ficaram. A tragédia poderia ter sido muito maior
Mas foi terrível.
Dez morreram carbonizados ou intoxicados com a fumaça tóxica que saía dos contêineres derretidos, queimados.
Três se feriram.
São as famílias desses 13 meninos que têm direito à indenização, por lei.
O Ministério Público de Trabalho do Rio de Janeiro tomou a frente das negociações. E fixou o valor das indenizações em R$ 2 milhões para cada família que teve seu filho morto. E mais R$ 10 mil mensais até que cada um deles completasse 45 anos.
Para os feridos, a metade disso.
A diretoria do Flamengo não concordou.
Usou como referência os mortos no incêndio da boate Kiss, no Rio Grande do Sul.
Seia anos depois do incêndio que matou 242 pessoas e 623 feridos, mais de mil processos seguem parados na justiça. São tantos porque há famílias processando não só os donos da boate, mas como o município de Santa Maria, o estado e os músicos que provocaram o fogo assassino.
A justiça gaúcha determinou a indenização de apenas R$ 20 mil por cada morte.
E o Flamengo se baseia neste dinheiro.
Não levando em conta que há centenas de recursos, de pais revoltados. A maioria dos mortos estavam em faculdades de Santa Maria.
A família do jogador Dener, do Vasco, esperou 21 anos para receber a indenização do seguro do atleta que morreu em um acidente automobilístico.
Os advogados do clube usam esses argumentos para tentar convencer cada família a aceitar entre R$ 400 mil e R$ 300 mil mais uma pensão de um salário mínimo por dez anos.
A pressão até estava dando certo.
Três das 13 famílias com indenização acabaram cedendo.
Só que a diretoria do Flamengo não esperava que a mãe de Rykelmo procurasse a advogada Gislaine Nunes.
Ela é muito conhecida no mundo do futebol.
Já liberou dos clubes Ronaldinho Gaúcho, Edmundo, Juninho Pernambucano, Adriano, Juninho Pernambucano entre outros.
Gislaine exige R$ 6,9 milhões do Flamengo e da CBF. A entidade foi citada por permitir que o clube carioca usasse os contêineres como dormitório.
E também o indiciamento criminal de Rodolfo Landim e Rogério Caboclo por terem assumido o risco da morte dos dez garotos.
Inteligente, ela exigiu na ação, segredo de justiça.
Ou seja, pode chegar a um acordo por menos com Flamengo e CBF.
Mas não será pelos R$ 400 mil e por um salário mínimo, como quer o Flamengo.
A exposição do clube continuará.
Gislaine já foi procurada por outras famílias, interessadas em ações na justiça.
A exposição é péssima, mancha a imagem do clube.
De forma desnecessária, mesquinha.
E faz lembrar a cada instante a frase do presidente Rodolfo Landim.
"Na minha percepção, foi uma fatalidade."
Sim, ele classifica como 'fatalidade' a morte de dez meninos que o Flamengo tinha a responsabilidade de cuidar. E colocou em uma série de contêineres soldados, com uma só saída. Com ar condicionados improvisados, encaixados de forma improvisada nos contêineres.
Bastasse o que gastou com Arrascaeta, R$ 47 milhões, e a questão estaria resolvida. O clube não estaria sujeito a ações, à demonstração pública da crueldade de sua decisão.
Mas Landim já avisou.
Não vai ceder.
Mesmo com os R$ 750 milhões de receitas.
Só em 2019.
Triste realidade do clube mais popular deste país...
Fonte: Cosme Rimoli
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