A delegação rubro-negra viajou neste domingo para a Bolívia, onde, na terça-feira, enfrenta o San José na primeira rodada da fase de grupos.
A grande preocupação é a altitude de 3.700 metros de Oruro, por isso a comissão técnica fez uma logística especial para tentar minimizar os efeitos nos jogadores.
A estratégia será chegar em Oruro apenas seis horas antes de a bola rolar contra o San José, atualmente o sétimo colocado do Campeonato Boliviano. A delegação sai do Rio de Janeiro no domingo, em voo fretado, e treina em Santa Cruz da la Sierra na segunda-feira, quase ao nível do mar, e apenas na terça de manhã vai para o local da partida.
- O time está pronto. Esse é um jogo diferente, todos sabem o motivo. Vamos encarar de igual para igual, com alguns detalhes fundamentais para quem joga naquela altura. Se fizermos tudo bem, a chance de vencermos é grande - disse o técnico Abel Braga.
Ex-preparador do Fla lembra jogo na Bolívia na Libertadores 2012
Preparador físico do Flamengo quando Vanderlei Luxemburgo era o técnico, Antonio Mello trabalhou na preparação do time para Libertadores de 2012, quando jogou em Potosí, que fica a quase 4.100 metros de altitude. Na ocasião, o Rubro-Negro perdeu por 2 a 1 para o Real Potosí, mas se recuperou no Rio de Janeiro e avançou.
Ele elogiou o fato de a diretoria ter fretado avião, e, embora reconheça que há base científica para montagem desta logística, não gosta da prática de chegar ao local da partida poucas horas antes de a bola rolar.
- Do ponto de vista da literatura científica, a logística do Flamengo está correta. Mas eu, pela experiência de 30 anos, não iria apenas no dia do jogo. Não é possível se adaptar em apenas três dias, mas o corpo já começa a entrar no processo. Apesar da recomendação de chegar apenas momentos antes, existe o efeito surpresa, principalmente para os goleiros e na hora do domínio e passe. O atleta fica com a respiração ofegante, e essas surpresas podem pegá-los desprevenidos - disse o preparador físico.
Em 2012, na preparação para o duelo em Potosí, Antonio Mello viajou com os principais jogadores, como Ronaldinho e Thiago Neves, para Sucre, e Luxemburgo ficou no Brasil com uma equipe alternativa. O preparador acredita que essa é uma boa estratégia para confrontos na altitude.
- Com um elenco grande, eu viajaria com dez jogadores antes para fazer quatro dias de treinos no local do jogo para identificar problemas. No terceiro dia já começa a ter uma melhora. Não vai adaptar totalmente, para isso precisaria de pelo menos 15 dias. Estávamos em Sucre e íamos de van treinar em Potosí. Vimos que estávamos preparados. Não vencemos o jogo, mas dominamos e merecíamos a vitória. No Engenhão ganhamos e classificamos - relembrou.
Quando os times brasileiros viajam para jogar em cidades com altitude elevada, não é raro que levem cilindros de oxigênio até mesmo para a beira do campo. Mello, no entanto, também não considera a medida válida.
- Nunca um time meu usou balão de oxigênio. O jogador chega no intervalo ofegante e, claro, vai querer usar porque está hiperventilando. Quando sai do conforto e volta para o campo, vai sofrer. Em Potosí não usamos cilindros de oxigênio. O Flamengo chegou a levar, mas fui contra. Colocamos escondido no vestiário. Jogamos e corremos sem problema. Nenhum atleta pediu para sair do campo - afirmou.
Oruro tem "um dos maiores carnavais do mundo"
O elenco do Flamengo vai deixar o Rio de Janeiro no domingo de carnaval e vai para um país em que esta festa também é popular, principalmente em Oruro, cidade da partida. Mas, como a delegação chegará apenas na terça-feira, dia do jogo, não será muito afetada. O principal período de celebração é até a segunda-feira, dia 4 de março.
O carnaval de Oruro é considerado pelos bolivianos como um dos "maiores do mundo" e reúne milhares de pessoas pelas ruas. Os rubro-negros vão ficar domingo e segunda em Santa Cruz de la Sierra, onde também há festejos com música e dança, mas em menor escala. A tradição na cidade são as batalhas de água dos foliões pelas ruas.
Fonte: Globo Esporte
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