Nesta hora em que temos uma chuva de pesquisas eleitorais (que trazem na bagagem por vezes também pesquisas de torcida), neste instante em que temos um embate entre Flamengo e Corinthians nas semifinais da Copa do Brasil e neste momento em que temos novos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a população do país, é hora de atualizar o tamanho das torcidas dos times brasileiros.
Segundo o IBGE, são 208.494.900 brasileiros espalhados por 5.570 municípios no país. Houve um aumento de 0,82% na população nacional em comparação com 2017. Uma conta grosseira que normalmente é feita para medir o tamanho aproximado das torcidas dos clubes consiste em pegar a população e cruzar com os índices das pesquisas de torcida.
Neste ano, tivemos a tradicional pesquisa do Datafolha, feita com pessoas de 16 anos ou mais e que inclui o número de torcedores que não gostam de futebol, não simpatizam com nenhum time (22% do povo brasileiro, o que dá 45.868.870 pessoas). Poucas mudanças aconteceram na verdade nessa pesquisa do Datafolha em relação a outros anos. Flamengo tem 18% da preferência nacional, com o Corinthians ostentando 14%. São Paulo (8%), Palmeiras (6%), Cruzeiro e Vasco (4%), Grêmio, Inter e Santos (3%), Atlético-MG (2%) e Bahia, Botafogo, Fluminense e Vitória (1%) são os outros clubes preferidos dos brasileiros, lembrando que há uma margem de erro de dois pontos nessa pesquisa, para cima e para baixo.
Passo abaixo então o tamanho das torcidas com base na população atualizada do Brasil, lembrando que isso é uma conta grosseira, uma vez que menores de 16 anos não votam espontaneamente nos times de coração.
O Ibope, outro instituto que faz pesquisas regulares de torcida, apresentou neste ano uma inovadora lista, que traz tanto as “torcidas de fato”, o número absoluto de torcedores, como os “simpatizantes” de cada time, o número de pessoas que citam um clube como sua segunda opção. Vou dar mais ênfase aqui no número absoluto, que é o tema maior do post. Essa pesquisa recente feita pelo Ibope Repucom também leva em conta apenas quem tem 16 ou mais anos de idade (159,7 milhões de indivíduos, considerando que a lista foi produzida em 2017). Excluindo as pessoas que não torcem para nenhum time, o número de pessoas na pesquisa cai para 110,4 milhões de pessoas. Passo abaixo o resultado dessa pesquisa junto com o valor aproximado do tamanho de cada uma das maiores torcidas.
Cruzando essas duas pesquisas divulgadas, podemos fazer uma média daquilo que seria o tamanho aproximado das torcidas dos clubes brasileiros. O Flamengo tem mais de 37 milhões de torcedores, mas ainda não alcança os 40 milhões que muita gente divulga. O Corinthians quase bate nos 30 milhões de torcedores, número que foi propagandeado há anos sem muita base científica para isso. O São Paulo tem mais de 16 milhões de torcedores e consolida a posição de terceira maior nação, com o Palmeiras aparecendo pouco atrás, com mais de 13 milhões de fãs. O Vasco, que vive um século difícil, figura ainda em quinto lugar, mas não muito à frente do Cruzeiro, colecionador de títulos recentes. Grêmio, o mais popular do Sul, está mesmo tecnicamente empatado com o Santos, que renasceu para grandes conquistas neste século. Internacional e Galo vêm na sequência. Botafogo e Fluminense, que fecham a lista dos “12 grandes”, têm hoje torcidas que se equivalem à do Bahia. Vejamos a média das duas listas:
Não fiz a média dos demais times citados porque eles apareceram apenas em uma das duas pesquisas. O Sport, pelo Ibope, pode ter uma torcida comparável à de Bahia, Botafogo e Fluminense. Essa pesquisa mostrou os clubes com mais torcedores “fiéis” e aqueles com mais “simpatizantes” (segunda opção no coração da pessoa): Grêmio e Inter (86% de fiéis e 14% de simpatizantes) são os melhores nesse quesito. Corinthians (82% e 18%), Flamengo (81% e 19%), Vasco (79% e 21%), São Paulo (77% e 23%), Cruzeiro (76% e 24%), Palmeiras (75% e 25%), Atlético-MG (74% e 26%), Sport (70% e 30%), Santos e Vitória (66% e 34%), Atlético-PR (65% e 35%), Ceará (64% e 36%), Fluminense (59% e 41%), Bahia (56% e 44%), Botafogo (55% e 45%), Paraná (44% e 56%), Chapecoense (23% e 77%) e América-MG (7% e 93%) completam a lista.
Os clubes gaúchos, embora não tenham as maiores torcidas do país, podem se orgulhar da fidelidade de seus torcedores. O Rio Grande do Sul é o Estado em que menos se torce para times de fora. A teoria muito usada pelos corintianos de que o Flamengo tem na verdade um grande número de simpatizantes cai por terra na medida em que os dois clubes têm, falando proporcionalmente, quase o mesmo número de “fiéis”. Mesmo os clubes mais tradicionais do Nordeste apresentam elevado número de torcedores que são “apenas simpatizantes” (gente que torce possivelmente para um grande de Sul e Sudeste e tem seu clube nordestino como segunda opção). No Paraná o cenário também se repete, com muita “torcida principal” para times de outros Estados. Santos, Fluminense e Botafogo são grandes e tradicionais clubes do país com alto índice de “simpatizantes”, o que talvez explique por que esses times têm certa dificuldade em alavancar programas de sócio-torcedor e de encher os estádios em que normalmente mandam as suas partidas. Na Série A deste ano, os times com maior proporção de “simpatizantes” são a Chape (certamente o acidente aéreo contribuiu muito para isso) e o Coelho (uma espécie de “queridinho” de Belo Horizonte).
Uma forma moderna de medir os torcedores e os simpatizantes de um time futebol é computar o alcance desses nas mídias sociais. Passarei um quadro abaixo com número de maio deste ano. A ordem das maiores torcidas do país é mantida quase sempre se compararmos com as pesquisas mostradas acima, mas aparece com destaque a Chapecoense, muito seguida nas mídias sociais exatamente pela simpatia que angariou mundo afora após o acidente aéreo na Colômbia.
Fonte: Fox Sports
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