Não é das mais confortáveis a relação entre CBF e Flamengo, clube que vem oferecendo resistência à convocação de jogadores para a seleção brasileira.
Mas se engana quem pensa que a rusga esteja relacionada à convocação de Lucas Paquetá para os dois amistosos do time de Tite nos Estados Unidos.
Não me espantaria, aliás, se a insistência na convocação do meia-atacante para os jogos contra Estados Unidos e El Salvador fosse resposta ao "boicote" que o clube carioca vem fazendo às categorias de base da entidade, desde a negativa em ceder de Vinicius Junior para o Mundial Sub 17, no ano passado, na Índia.
É que em março, o clube voltou a negar a cessão de jogadores para amistosos da seleção sub 20.
Presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira, e Diego Alves - Foto: Gilvan de Souza
Estavam na lista o mesmo Vinicius Júnior, o zagueiro Thuller e o centroavante Lincoln, decisão até hoje criticada nos bastidores da CBF.
Foi quando o coordenador Edu Gaspar queixou-se publicamente das dificuldades que "alguns clubes" estavam criando para a formação da seleção sub 20.
Mas pouco adiantou.
Na semana passada, o Flamengo voltou a se recusar a ceder o zagueiro Thuller, que já serve o time profissional.
O jovem foi um dos 20 selecionados pelo técnico Carlos Amadeu para amistosos contra México e Japão, em setembro.
Mesmo sabendo que as partidas ocorrerão nas chamadas "Data Fifa".
E que fazem parte da preparação do time para o sul-americano em janeiro de 2019, no Chile.
O torneio classifica três seleções para o Mundial e o campeão e o vice ganham vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.
O Brasil, atual campeão olímpico, não tem vaga assegurada.
RETALIAÇÃO.
A posição do Flamengo incentiva clubes como Palmeiras, Santos e Paraná a também não ceder convocados que já estiverem integrados às equipes principais.
A CBF, então, veladamente, ameaça não chamar mais jogadores de qualquer categoria daqueles clubes que não colaborem com a preparação do time.
É uma guerra fria.
E para a qual o presidente do Flamengo tem dois fortes aliados.
Um é o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, antigo desafeto do bloco político chefiado pela dupla José Maria Marin e Marco Polo Del Nero.
O outro é o do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, que já havia alinhado ao lado do cartola rubro-negro na fracassada "Primeira Liga".
Coincidentemente os dois, como Bandeira, não votaram pela eleição do atual presidente da CBF, Rogério Caboclo.
E lideram movimento contra a participação da entidade no recebimento do dinheiro da comercialização dos direitos internacionais dos torneios da Conmebol.
Na semana passada, os três organizaram encontro em Brasília com a bancada da bola no Congresso e presidentes de outros clubes da Série A.
Rogério Caboclo foi eleito em abril, num pleito realizado às pressas para que a CBF tivesse um presidente a representa-la na Rússia, durante a Copa do Mundo.
A posse, porém, só acontecerá em abril de 2019.
Até lá haverá muito chumbo trocado - veladamente, é claro.
Fonte: Gilmar Ferreira
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