quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Ex-Fla vira salva-vidas em praia do Rio após ter largado a carreira aos 23 anos



As palmas que Igor Nakamura sonhava escutar, hoje não são as mesmas. Mas o promissor lateral-esquerdo do Flamengo nas divisões inferiores, campeão de quase tudo nas categorias de base, agora ouve nas areias o som que esperava receber das arquibancadas um dia.


Afinal, atualmente, trabalha como bombeiro militar salva-vidas na Praia do Recreio, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, após ter abandonado a carreira precocemente aos 23 anos, em 2010.


Natural do Rio de Janeiro, Igor Nakamura chegou ao Flamengo com apenas 10 anos de idade. Ao lado de outras grandes promessas do Rubro-Negro, como Célio Júnior, Paulo Victor, Renato Augusto e Kayke, fez parte da geração tricampeã do Campeonato Carioca de Juniores comandada por Adílio. Em 2005, com apenas 18 anos, foi incorporado aos profissionais.

Participou de cinco jogos de um torneio amistoso, mas, a partir daí, não recebeu mais oportunidades até 2007, quando iniciou uma série de empréstimos: Atlético de Alagoinhas-BA, Botafogo-DF e Goytacaz-RJ. Quando retornou, em 2008, acabou preterido da equipe principal.

No mesmo ano, Igor, desiludido depois de rodar por equipes menores, decidiu largar de vez o futebol e investiu nos estudos. Trabalhou por quatro anos na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro e, nesse período, formou-se em administração.

Foi então que, em meados de 2015, prestou concurso para bombeiro militar guarda-vidas e acabou aprovado. Desde então, trabalha na profissão que aprendeu a gostar ao longo do tempo.

- Eu não guardo mágoa, na verdade sou muito grato ao futebol. Foi por causa dele que tive a minha formação, que me tornei um homem de caráter. É lógico que fico um pouco chateado pela situação toda, bate uma nostalgia. Eu não alcancei o sucesso que esperava, mas a minoria consegue isso.

Confira abaixo a entrevista completa com Igor Nakamura.

Base do Flamengo

- Eu joguei onze anos no Flamengo, de 1997 até 2008. E, na base, nós ganhamos todos os campeonatos possíveis. Na época, eu era muito próximo do Rômulo, o volante que depois foi "apadrinhado" pelo Joel Santana.

Renato Augusto diferenciado
- O Renato Augusto sempre foi um cara fora de série. Ele era diferente de todos os outros jogadores. Desde novo, eu já sabia que ele ia estourar nos profissionais. Era e é um jogador de extrema qualidade.

Série de empréstimos
- No total, joguei cinco jogos na equipe profissional do Flamengo em um torneio amistoso. Mas em 2007, estourou a idade dos juniores e tive que ficar em definitivo no time de cima. Aí fui emprestado para o Atlético de Alagoinhas-BA e conseguimos subir para a elite do futebol baiano. Também cheguei a passar pelo Goytacaz-RJ, Tupi-MG e Botafogo-DF, onde joguei com um amigo da época do Flamengo, o Marcinho Pitbull.

Poucas oportunidades no profissional
- Em 2008, o Flamengo estava bem servido de laterais-esquerdos. O Juan era titular absoluto e nunca se machucava, jogava todos os jogos. Já o Egídio era um fenômeno da base e, como era um ano mais velho do que eu, subiu primeiro. Aí fiquei sem oportunidades e passei o ano inteiro só treinando à parte.

Fim da carreira aos 23 anos
- Com o fim do contrato com o Flamengo, eu acabei indo para a Cabofriense, em 2010, para disputar o Campeonato Carioca. Depois, fiquei um tempo sem clube, até que surgiu uma oportunidade de ir para a Turquia. Mas o meu empresário da época não entrou em acordo com os representantes de lá e o negócio não foi pra frente. Aí fui desanimando e decidi recomeçar a minha vida do zero. Larguei o futebol de vez e voltei para a faculdade.

Conclusão do curso superior e trabalho na Fiocruz
- Em 2011, consegui um trabalho na parte administrativa da Fiocruz, mas não deixei os estudos de lado. Me formei em administração em 2013, só que eu nunca parei de estudar. Até que surgiu a oportunidade de prestar concurso para bombeiro militar guarda-vidas, e eu decidi que queria fazer aquilo. Fiz a prova e fui aprovado.

Trabalho como salva-vidas
- É muito gratificante poder dar a vida pelo próximo, aprendi a gostar da profissão. Todos nós trabalhamos com vibração e amor. É muito bom quando vamos para a água sem saber o que vai acontecer e tudo dá certo no final. Depois, quando saímos do mar, muitas vezes somos aplaudidos pela população. É muito gratificante mesmo.

Sem mágoas com o futebol
- Eu não guardo mágoa, na verdade sou muito grato ao futebol. Foi por causa dele que tive a minha formação, que me tornei um homem de caráter. É lógico que fico um pouco chateado pela situação toda, bate uma nostalgia. Eu não alcancei o sucesso que esperava, mas a minoria consegue isso. Hoje, eu sou muito grato por tudo, sei que foi a vontade de Deus. O meu maior sonho de criança era virar jogador profissional. E hoje posso dizer que fui jogador do Flamengo, meu time de coração.

Fonte: Globo Esporte

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