Contratado pelo Goytacaz para a seletiva do Campeonato Carioca de 2018, Márcio Carioca está empatado com Henrique Dourado, do Fluminense, no posto de maior artilheiro do futebol brasileiro neste ano, com 30 gols. Curiosamente, ambos ficaram amigos quando atuaram juntos pelo Cianorte-PR, em 2012.
“Quando eu cheguei ele já estava há um ano e fui reserva dele. Estávamos juntos o tempo todo e é um moleque do bem. Tem um faro de gols fantástico. Sempre foi um grande goleador e temos amizade até hoje. É um cara muito família e que nunca mudou nada”, disse ao ESPN.com.br.
Naqueles tempos, o "Ceifador" era um jogador muito menos badalado e sequer havia criado sua quase infalível técnica de cobrar penalidades.
“Ele não batia aquele pênalti ‘fera’ de hoje. Ele desenvolveu isso no Cianorte, mas depois que saí porque nunca tinha visto isso por lá (risos)”, recordou.
Aos 34 anos, Márcio Carioca diz que a fase artilheira que vive neste ano teve a ajuda do amigo famoso.
“Quando eu estava no Rio Branco-ES ele foi jogar no estádio Kléber Andrade pelo Fluminense. Fui visitá-lo e ganhei uma chuteira dele. Depois disso, eu comecei a pegar os gols dele (risos)”, gargalhou.
Para manter a boa fase no Carioca do ano que vem, o centroavante quer outro presente do artilheiro do Fluminense.
“Infelizmente a chuteira já acabou no fim do campeonato. Eu até vou pedir uma nova para próxima temporada (risos). Aliás, pode mandar outra aqui para mim ‘nego’, e que venha bençoada de novo para eu continuar metendo caixa”, divertiu-se o jogador.
Com a disputa pelo posto de goleador do Brasil, os amigos não param de brincar por meio das redes sociais.
“Ele vive um momento maravilhoso. Estava conversando com o Henrique no WattsApp, que falou: ‘Tô chegando!’ Eu respondi: ‘Tá maluco?’ Ainda tirei uma onda com ele também”.
Como Márcio Carioca não jogará mais na temporada, pois acabou a segunda divisão do Campeonato Carioca, a única chance dele se manter no posto é Henrique não balançar as redes até o fim do ano.
“Torço para que ele ainda faça muitos gols na carreira neste ano e que passe a minha marca. Ele é meu parceiro e de forma nenhuma vou secar. Se Deus quiser ele vai buscar a seleção brasileira ainda. Pode anotar! É um cara que merece”, falou.
Em 2017, Márcio disputou 39 partidas e fez 10 gols pelo Rio Branco-ES e outros 20 pelo São Gonçalo, sendo artilheiro da segunda divisão Carioca. Já Henrique Dourado participou de 50 jogos com a camisa do Fluminense.
Passagem por Fla e Itália
Natural de São Gonçalo-RJ, Márcio Gesteira da Silva trabalhou em uma oficina mecânica durante a adolescência. Seus primeiros passos no futebol foram em uma escolinha antes de passar por um período na base do Flamengo.
"Foram alguns meses na base treinando, mas como eu não era federado um dia falei: 'Não quero mais'. Saí de lá e fui para o América-RJ".
Depois, ele passou pelo Costeira, clube de São Gonçalo. Por indicação do técnico Paulão, que tinha um filho que atuava na Itália, ele foi para o Cavese-ITA, aos 17 anos.
“Eu fiquei por lá e seria uma ponte para eu ir para a Juventus porque era um time da Série C Italiana. Mas chegando lá não deu certo por causa da documentação porque eles queriam um jogador comunitário. Fiquei seis meses e voltei ao Brasil”, lamentou.
O primeiro clube no qual Márcio Carioca deslanchou foi o Boca Juniors-SE. “Fui artilheiro do Campeonato Sergipano e depois passei por Vitória-ES, Gama-DF e Ceará”.
Após se destacar no Cearense de 2007, o centroavante foi para o Passos de Ferreira, de Portugal.
“Eu cheguei até a jogar a Copa da Uefa, mas não me adaptei bem por lá e resolvi voltar ao Brasil. Estava com algumas situações boas para jogar, mas como não deram certo eu fiquei seis meses desempregado. Como tinha pegado um valor da rescisão de contrato eu não passei necessidade”, explicou.
O goleador ainda rodou por clubes como Democrata-MG, Guarany de Sobral-CE, Treze-PB, Boca Juniors-SE, Kuwait e Resende. Neste ano, ele defendeu Rio Branco-ES e São Gonçalo-RJ.
“Estou com 34 e sou o artilheiro do Brasil. É maravilhoso porque sempre trabalhei, mas nunca pensei em um dia chegar nisso. Já tive muitas oportunidades na vida e estraguei algumas delas”, disse.
“Eu antes ganhava um salário legal, mas não valorizava aquilo que tinha em mãos para poder crescer. Não tinha capacidade de ver meu potencial. Em quase todos os times sempre briguei por artilharia, mas joguei chances fora. Por besteiras ou brigas”, lamentou.
A mudança na vida de Márcio Carioca veio com o casamento e o nascimento dos filhos.
“De dois anos para cá eu comecei a ter família e uma vida mais tranquila eu comecei a pensar mais no futebol. antigamente eu não pensava. Minha carreira não era minha prioridade. Tenho dois filhos maravilhosos e por isso eu me dedico ao máximo”, explicou.
“O futebol brasileiro valoriza muito a Série A, mas o pessoal se esquece das divisões inferiores e que todos os jogadores são trabalhadores e têm família. É comum trabalhamos dois meses e depois ficarmos desempregados. Espero que o futebol melhore para as próximas gerações”, filosofou o atacante, que rebateu as críticas sobre sua forma física.
“Eu jogo pouca coisa acima do peso, mas não sou gordo, de forma alguma. Participei de todos os 39 jogos e marquei 30 gols neste ano. Fiz todos os minutos em campo. Não tive um problema com lesão”, garantiu.
Márcio já está se preparando para que o ano que vem seja ainda melhor. “Jogar no Goytacaz será muito bacana porque a torcida é maravilhosa. Jogamos contra eles e vi amo deles pelo clube. Espero ser muito feliz e que possamos fazer um grande trabalho na seletiva do Carioca”, finalizou.
Fonte: Espn
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