Muito se tem falado no assunto estádio aqui e acolá. Nossos amigos colunistas também já deram seus pitacos. Muita gente acha melhor esquecer o Maracanã, outra corrente diz que o maraca é a casa do Flamengo, mas o que de verdade temos em nosso horizonte?
Como o assunto já é de conhecimento geral vou dar apenas umas pinceladas para pintar o panorama do que se tem até agora.
O complexo Maracanã está saindo da administração do ex maior do mundo. Depois de muitos escândalos, diretores presos, prejuízos, a Odebrecht e cia resolveram sair da enrascada.
Contudo, como esperado, ela não cedeu o estádio para administração do Flamengo, nem com parceria com empresas, nem com parceria com o Fluminense. Hoje o Maraca está indo para as mãos de uma administração que não fala o mesmo idioma do Flamengo, que se nega a abrir negociações com a empresa devido a problemas de incompatibilidade.
Neste ínterim, o Flamengo deflagrou uma parceria com a Portuguesa da ilha e, depois de fazer melhorias na estrutura do estádio que receberá públicos de até 20 mil pessoas, vai mandar seu jogos lá pelos próximos três anos renováveis por mais três.
Acontece que na configuração em que está o Flamengo vai precisar do Maracanã. Além de sua torcida que é imensa o Flamengo não pode mandar jogos das fases finais da Libertadores no estádio da Ilha, que não comporta a quantidade exigida pela Conmebol.
A resposta veio relativamente rápida. No dia seguinte ao resultado de que a Lagardere vai administrar o Maracanã, o Flamengo criou o edital para troca do prédio no Morro da viúva por terreno de igual valor ou que retornassem o excedente.
No dia seguinte a este, houve reunião com o prefeito do Rio de Janeiro que supostamente prometera maior boa vontade com a construção de um estádio na Gávea. Falou-se primeiro em uma quantidade semelhante à da Ilha depois esta capacidade foi aumentando.
Até agora só elencamos os fatos. A primeira coisa que devemos ter bem claro é que o presidente Eduardo Bandeira de Mello parece ser bem firme no que tange a relação com a empresa francesa, reduzindo ao pó qualquer sonho de retorno à casa/maracanã. O estádio está em péssimo estado de conservação, tem um alto custo de manutenção (cerca de 35-40 milhões anual, fora a operação também alta nos dias de jogos) e este ponto é crucial. Adicione a isso o inconveniente enorme de não ser mais o estádio das glórias do passado.
Virando a página do Maracanã, temos a questão do estádio na Gávea. Fala-se que seu projeto envolve um isolamento acústico. O projeto sendo aprovado, esta será a hora de separar o que o Flamengo quer do futuro.
Se a ideia do Flamengo for criar um estádio para 20 mil pessoas, com um levantamento de investimento necessário superficial, podemos afirmar que o estádio na Gávea custará muito aos cofres do Flamengo. Depois, estamos remodelando o estádio da ilha para a mesma quantidade de pessoas. Por que motivo o Flamengo faria então um estádio na Gávea para a mesma quantidade de público? Alguém pode falar “por que é Patrimônio”, “já existe um estádio lá, só precisaria de alguns ajustes”. Não! Não é bem assim.
O estádio da Gávea não comporta imprensa, precisaria de confecção de novas arquibancadas que dificilmente seriam tubulares, afinal de contas quando você faz uma obra numa casa alugada, compra móveis provisórios, quando faz obra na sua casa, você compra móveis definitivos. Somado a isso ainda, deve-se pensar em iluminação, novas bilheterias, setores de camarote, remodelação de vestiário… É bastante mudança. “Ah, mas seria nosso”! A conta também!
Tudo isso não faz sentido algum quando confrontado com o estádio da Ilha, que já existe. Claro, não é nosso, mas o flamengo pode propor um contrato renovável de dez em dez anos que pareça muito interessante para o clube. Algo parecido com o que o Atlético MG faz com o Independência.
“Então, Anderson. Você só vai criticar”? Calma! Em coluna recente do amigo Claudio, o colunista destaca que o Flamengo precisa de um estádio do tamanho dele. Na minha opinião, talvez nem o Maracanã o seja. E eu não sou contra tudo. Sou muito entusiasta de ter um estádio na Gávea, sim. Mas para 50 mil. Para fazer 20 ou 30, mantêm a ilha, que ainda será alternativa para jogos menores. O Estádio não será acústico? Não é essa uma das maiores preocupações? Então façam para 50, Inclusive, o Bandeira chegou a falar nesta possibilidade numa entrevista. Aí sim! Não é tão exagerado assim. Sem cadeiras atrás dos gols caberão muito mais pessoas que com arquibancada. Há estudos que se dizem que o ganho em capacidade é de 1,5 ou duas vezes mais. Ou seja se cabem 15 mil com cadeiras, caberão entre 22,5 e 30 mil sem. O ganho é bem interessante. Ou seja, com um projeto até modesto, é possível transformar um estádio de 33-35 mil em um com 50.
Mas aí alguém pode perguntar: “Mas e o Maracanã”? O Maracanã, amigo, será entregue a quem está fazendo campanha para arrendá-lo. “Deixe que os mortos enterrem seus mortos”. O Mengão construindo um estádio para 50 mil, atinge alguns objetivos. Não precisará depender do Maracanã para nada. Depois de um tempo, a Lagardere pede pinico como a Odebrecht, e aí sim o Maracanã poderá ser nosso. E, sim, o aceitaria. Afinal, com setor de geral atrás dos gols a quantidade pode aumentar em até 40 mil lugares, o que possibilitaria ter o maior em público da América Latina. Já pensou?
Ainda assim por hora a estratégia do Bandeira, é o que parece, é gritar que não jogará no Maracanã para demover a empresa de que vá enriquecer às custas do Flamengo e uma possível posição como era a do Kalil com o Mineirão possa acontecer, como já disse uma vez o Mauro Cezar Pereira. Joga na Ilha e quando precisar, vê qual é o valor. Agrada? Joga lá. Não agrada? Vai na TV e reclama: “Estão roubando o Flamengo”. Essa me parece uma boa estratégia. Ao menos enquanto o estádio não fica pronto. Simultaneamente providencie os alvarás, estão atrasando? Muda a estratégia e vai construir noutro lugar. Ameaça ir para outro estado. Eles vão ter boa vontade.
E você? O que acha que o Flamengo deve fazer? Chega mais, vamos prosear?
Fonte: Coluna do Flamengo
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