Se estiver correto na matemática, o Flamengo deve se tornar no clube mais rico do país em 2017. A Diretoria Financeira do clube projeta, no orçamento para a temporada, uma receita de R$ 425 milhões. Nenhum outro orçamento no país vai tão longe. O Palmeiras, único a competir de igual para igual nas finanças, espera arrecadar R$ 389 milhões nesta temporada. Os demais adversários estão todos abaixo da linha dos R$ 300 milhões em faturamento. Na prática, o Flamengo terá mais dinheiro para gastar em atletas, portanto terá melhores condições de formar um elenco e disputar por títulos. Isso se estiver correto na matemática.
A julgar pelos números projetados pelo Departamento Financeiro, o Flamengo põe fé em dois fatores para continuar a crescer em grana: patrocínios e Maracanã. A estimativa de arrecadação com a área comercial é R$ 25 milhões maior do que no ano passado. Até aí tudo bem. Com a maior parte do uniforme já negociado, a depender apenas da renovação com a Caixa em abril, o time já fez a lição de casa e pode chegar lá sem percalços. Já em relação ao Maracanã a história muda de figura. Entre bilheterias e sócios-torcedores o clube projeta arrecadar R$ 26 milhões a mais do que em 2016. Para que isso aconteça, a Odebrecht precisa transferir a concessão do estádio para outra empresa, esta nova empresa tem de se acertar com o Flamengo, e o futebol, dentro de campo, precisa dar resultado para empolgar o torcedor. É uma meta cheia de condições, muitas fora do alcance do clube, para ser cumprida conforme o orçamento.
O critério adotado por ÉPOCA, bem como em todos os outros clubes, desconsidera da projeção de receitas o valor estimado para transferências de atletas. Há quem coloque no papel dezenas de milhões de reais com vendas de jogadores, uma perspectiva difícil de cumprir, visto que não há quem possa cravar quantos atletas serão vendidos, por quais valores e quanto disso vai para as mãos de intermediários e empresários. Mas isso não é um problema no Flamengo. A Diretoria Financeira colocou apenas R$ 10 milhões no orçamento, que fariam a receita chegar a R$ 435 milhões. A saída do lateral Jorge para o francês Monaco por quase R$ 30 milhões já cumpriu e deixou uma sobra considerável em relação ao orçado.
Apesar dos contínuos esforços desde 2013 para reduzir o endividamento do clube, o orçamento também mostra que os erros do passado ainda pesam. O Flamengo reservou R$ 50 milhões para o pagamento de despesas financeiras – são os juros sobre as dívidas feitas por gestões anteriores. Num adversário como o Palmeiras, como o endividamento foi sanado por empréstimos do ex-presidente Paulo Nobre, o clube queima a metade do dinheiro com despesas financeiras, R$ 23 milhões. Isso faz diferença no dia a dia. O Flamengo calcula que arrecadará mais na temporada, mas também admite que dedicará uma parte maior disso para dívidas. Só em 2017 a Diretoria Financeira rubro-negra calcula que R$ 140 milhões serão destinados à redução do endividamento. Nada de anormal nisso. Um problema que se agravou por décadas não se resolve em alguns anos
Fonte: Revista Epoca
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