A cada dia pegando menos empréstimos e com dívida menor - a previsão é de que no final deste o débito que já foi de R$ 750 milhões chegue a R$ 400 milhões, na mesma proporção da arrecadação geral do clube em 2016 -, o Flamengo da gestão Eduardo Bandeira de Mello abriu os cofres definitivamente.
Mas abrir os cofres é a expressão correta? Também. Para buscar esta e outras explicações, o GloboEsporte.com conversou com o vice-presidente de planejamento do Flamengo, Pedro Paulo Pereira de Almeida.
- Acabou essa coisa de plano mirabolante para pagar grande jogador. Não tem plano mirabolante para contratar o Diego. Temos austeridade, temos planejamento, várias receitas crescendo e, aos poucos vamos abrindo a torneira. Vamos pagar Diego e toda a folha em cima das principais receitas, que são contratos de TV, patrocínios, bilheteria e sócio torcedor - explica o vice-presidente do Flamengo, sem esconder que o clube precisa vender mais jogadores, uma das maiores fontes de receitas de outros grandes do cenário nacional.
Organizando as contas e diminuindo processos trabalhistas, cíveis e fiscais, o Flamengo se prepara para o próximo passo: a casa própria. E sacrifica o time de futebol para isso. É o que diz, sem meias palavras, o dirigente rubro-negro. A diretoria não fala abertamente, mas hoje considera a ampliação da Gávea - e faz diversas e caras análises para a prefeitura -, assumir o Maracanã, mas apenas se for rentável, e estuda terceira via. Mas descarta Guaratiba. A referência mais clara é do estádio em Itaquera do Corinthians. Para o time é muito bom, mas o equipamento esportivo vai demorar anos e anos para se pagar, dificultando o equilíbrio do clube.
- Todos os times que estão na frente da gente em sócio torcedor têm estádio. Por isso, reservamos dinheiro para investir nisso. Posso dizer o seguinte: deixamos de comprar jogador para fazer estudo de estádio. Para a gente, estádio é um jogador a mais. A nossa torcida joga.
Confira abaixo os FAQs do Flamengo e entenda o poderia financeiro do clube:
Qual é o orçamento de 2016 do Flamengo?
A previsão de arrecadação do Flamengo para 2016 era de R$ 419 milhões. No fim do ano, a dívida deve ser fechada em R$ 400 milhões. Na linguagem de mercado financeiro, significa a dívida 1 para 1 - receita do tamanho do débito, o que geralmente quer dizer mais segurança para empréstimos bancários e investimentos externos. Somente com o futebol, o Flamengo deve gastar R$ 190 milhões em 2016 - acréscimo considerável para o ano passado, o que representa menos de 50% da arrecadação total para investimento em novas contratações, aumento de folha salarial, investimento em CT...
Qual a projeção de arrecadação para os próximos anos?
Os planos são ambiciosos. E ninguém melhor que o vice-presidente de planejamento para falar:
- O nosso segredo é ter equilíbrio dentro das quatro primeiras receitas. O Flamengo está próximo do ideal nesse equilíbrio. Mas vamos aumentar receitas. Queremos ser um Barcelona, um time imbatível, um time de receita de R$ 1 bilhão. Daqui a quatro, cinco anos podemos chegar nesse patamar. Para 2020 e 2021, se conseguirmos equilibrar esses quatro pontos - diz o dirigente.
Se essa estimativa for correta - de chegar na casa do bilhão a arrecadação -, isso significa que os R$ 190 milhões que o clube gasta com futebol podem chegar a... R$ 500 milhões. Isto considerando que 50% do arrecadado será direcionado para o campo.
Mas há na Gávea quem veja com restrição todo esse otimismo. Lembram que o mercado financeiro, que reflete no futebol, não permite toda essa expectativa otimista.
A falta de patrocinadores - até o do basquete saiu - não pode atrapalhar os planos? E as eliminações precoces em três competições?
O clube renovou com a Caixa Econômica Federal, que permaneceu na camisa da maioria dos times que patrocina, mas perdeu a Vitton 44 e outros anunciantes. Os acordos pontuais servem para alavancar receitas, mas não se comparam às verbas de acordos mais duradouros. O clube compensou com bilheteria em jogos fora do Rio, enterrou de vez Volta Redonda e Brasília. Até que se defina o Maracanã, a casa do Flamengo será Cariacica (ES), com custos menores que do Mané Garrincha, públicos maiores que de Volta Redonda e torcida empolgada. A direção afirma que se conseguissem mais patrocínios poderiam ter feito mais contratações.
Mas não faltaram investimentos este ano. No CT, são R$ 10 milhões em 2016, com previsão de mais R$ 20 milhões, pelo menos, para finalizar as categorias de base. Com leis de incentivo federal, o clube vai colocar R$ 5 milhões na nova piscina, que será inaugurada nos próximos dias na Gávea. No remo, vai renovar depois de mais de 10 anos a flotilha com R$ 400 mil.
- A gente se guiou naquela velha fábula da formiga e da cigarra. Enquanto uns (clubes) gastam absurdamente, nós procuramos poupar em alguns momentos, não sermos extremamente agressivos, para lá na frente gastar. Porque sabíamos que iríamos precisar dessa verba. Ainda não estamos no topo do investimento no futebol brasileiro, mas estamos subindo passo a passo - diz o vice-presidente de planejamento do Flamengo.
As eliminações no Carioca, Primeira Liga e Copa do Brasil inibiram as receitas com bilheteria e premiações do Flamengo, mas a Conmebol manteve altos prêmios para a Sul-Americana e o Rubro-Negro aposta alto nesta competição. Chegando nas quartas de final da Sul-Americana, o clube pode faturar US$ 450 mil. Nas semis, US$ 550 mil. Se for vice, leva US$ 1 milhão. Caso alcance o título, fatura US$ 2 milhões.
Fonte: Globo Esporte
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