Na última entrevista da série do Jornal O DIA com os candidatos à presidência do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, que busca a reeleição para o próximo triênio, projeta maior investimento no futebol caso seja reeleito no dia 7 de dezembro. Segundo o candidato, o orçamento de R$ 420 milhões para 2016 terá uma verba destinada para a finalização das obras do CT, pelo menos na parte dos profissionais. Ele afirma que o Maracanã é a casa rubro-negra – e que está pronto para assumir parte da administração do estádio – , reitera a importância da Liga Sul-Minas-Rio e garante que o clube usará uma equipe alternativa no Carioca. Em relação ao sócio-torcedor, promete aumentar os benefícios para chegar a 200 mil sócios até 2018.
O DIA: Como pretende administrar o clube, financeiramente falando? A atual política será mantida e os acordos cumpridos?
Eduardo Bandeira: O nosso compromisso é com a continuidade da política fiscal. Vamos manter a responsabilidade para seguir com a redução do endividamento. Em 2013 e 2014, o Flamengo foi reconhecido como o clube de gestão mais transparente no Brasil. Acabou aquela história de o Flamengo “fingir que paga”. Tudo que estiver ou vier a ser acordado será cumprido, conforme tem sido feito. Ser um clube-cidadão, que honra as suas obrigações e tem credibilidade no mercado, é uma premissa básica do Flamengo em que acreditamos. Esse modelo veio para ficar.
O DIA: De que forma vai conciliar a responsabilidade nas finanças com os investimentos no futebol?
Eduardo Bandeira: Continuaremos extremamente criteriosos com o uso das nossas receitas. Isso não significa que a gente não possa incrementar investimentos. O maior orçamento no futebol, no ano que vem, vai acontecer por causa do aumento de receitas que teremos, e por termos conseguido equacionar nossa dívida. Com fluxo de caixa regularizado e sem risco de penhoras – como acontecia até recentemente –, nosso planejamento nos permitirá dar esse salto de qualidade.
O DIA: Quais os planos para concluir as obras do Centro de Treinamento?
Eduardo Bandeira: O CT profissional ficará pronto no fim do ano que vem. O orçamento de 2016 já tem a verba que será destinada à finalização separada: usaremos recursos que deixaremos de gastar por conta da adesão ao Profut. O CT da base será concluído posteriormente, até 2018. Criaremos uma vice-presidência temporária e um diretor-executivo exclusivamente dedicados ao projeto. Teremos um CT completo. O torcedor pode ter certeza de que o Flamengo terá o melhor e mais moderno CT da América do Sul, com padrão de excelência, até o final do próximo triênio.
O DIA: Como vê o programa sócio-torcedor e como fazê-lo render ainda mais recursos para o clube?
Eduardo Bandeira: Temos o programa de sócio-torcedor mais rentável do país. Entretanto, sempre há como aprimorar. Em parceria com a VISA, lançamos o cartão pré-pago que é mais uma alternativa para o rubro-negro aderir. O Flamengo tem hoje uma equipe de profissionais de primeira linha atuando no marketing. Além de descontos e comodidade na compra do ingresso, queremos oferecer mais experiências à Nação. Vamos incrementar benefícios e conteúdo exclusivo; ajustes nas categorias; vantagens para os torcedores de fora do Rio de Janeiro; ações especificamente destinadas ao público infantil e aumento dos postos de venda física. Nosso objetivo é atingir 200 mil sócios-torcedores até 2018.
O DIA: É possível levar os torcedores de baixa renda de volta aos estádios? Como?
Eduardo Bandeira: Com toda certeza. Desde a reforma do Maracanã, buscamos encontrar um equilíbrio financeiro no uso do estádio. É importante ressaltar que há uma série de gratuidades previstas em lei que fazem o ingresso sair mais caro para aqueles que pagam por ele. No entanto, o preço médio do ingresso que cobramos é bastante inferior aos mais elevados do Campeonato Brasileiro.
O DIA: Que projetos tem para a sede social?
Eduardo Bandeira: Em 2013, realizamos uma pesquisa de opinião com os associados para conhecer as principais reclamações e reivindicações. Com base nisso, planejamos as reformas da nossa sede social, de acordo com as prioridades apontadas. Nesse triênio apresentamos uma série de avanços. Nos próximos meses, vamos inaugurar a piscina Myrtha – mesmo modelo que será utilizado nos Jogos Olímpicos –, reformamos ginásios, vestiários, o campo da Gávea, modernizamos o centro de lutas, entregamos duas novas academias exclusivas para os atletas, além de diversas instalações sociais. No próximo triênio, pretendemos realizar uma nova série de intervenções. Estamos negociando a instalação de um restaurante e academia de ginástica de primeira linha, em parceria com investidores privados. Também vamos seguir com melhorias no parque aquático, ampliação da reforma nas quadras de tênis e outras novidades como salão de jogos, brinquedoteca e salas de convivência.
O DIA: Como lidar com a crise de relacionamento com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro? Pretende manter a ruptura? É possível diálogo?
Eduardo Bandeira: O Flamengo reassumiu seu papel de vanguarda no futebol brasileiro, liderando o movimento por uma nova realidade regulatória. Defendemos publicamente um modelo alternativo, de transparência, moralidade e democracia no futebol do Rio de Janeiro, e não vamos transigir com velhas práticas. Nosso campeonato, lamentavelmente, sofre com mudanças contínuas de fórmulas, regulamentos e critérios questionáveis, e perda de atratividade e rentabilidade em comparação com outras praças, como São Paulo. Infelizmente, a mentalidade local é refratária à mudança e à modernização, impedindo o diálogo e representatividade, de fato, dos clubes.
O DIA: Qual a sua visão em relação à posição de não disputar o Campeonato Carioca com o time principal?
Eduardo Bandeira: Estamos muito empolgados e otimistas com a criação da Primeira Liga, que envolverá clubes de Sul, Minas e Rio. Essa edição inaugural ocupará poucas datas, mas o formato do torneio é, claramente, muito atrativo para público e redes de TV. Diante disso, em respeito à nossa torcida e a acordos previamente celebrados com patrocinadores e televisão, participaremos do campeonato com uma equipe alternativa.
O DIA: Qual a previsão de receita para o ano? É possível montar um time capaz de ganhar títulos de expressão e também trazer um nome de impacto? Como?
Eduardo Bandeira: Há diferentes cenários previstos para o próximo ano. Em todos eles, teremos muitos desafios, mas não assumiremos nenhum compromisso que não possamos cumprir. A previsão de faturamento é de R$ 420 milhões. Haverá maior disponibilidade de verbas para investirmos no futebol – folha salarial, aquisição de direitos econômicos e também infraestrutura (como a conclusão do CT). O Flamengo será forte e terá um elenco para disputar títulos. O planejamento já começou há meses, muitas conversas estão acontecendo e, muito em breve, teremos novidades muito interessantes para a torcida. Chegou a hora de colher os frutos dos sacrifícios feitos até aqui.
O DIA: A torcida pode sonhar com um estádio próprio? E quais os planos em relação ao Maracanã?
Eduardo Bandeira: Nosso plano A é o Maracanã em condições mais vantajosas. Historicamente, é a casa do Flamengo. Se nos for permitido assumir um papel na administração do estádio, estamos prontos para fazer isso. Temos parceiros e acreditamos que será interessante para o Estado do Rio e para a torcida carioca. Caso isso não aconteça, já temos estudos sobre alternativas que podem servir muito bem ao Flamengo e à torcida, e serão melhor desenvolvidas nesse cenário.
O DIA: Como será a postura da diretoria em relação ao comportamento dos jogadores do elenco? Haverá patrulha para evitar problemas como o recente afastamento de cinco jogadores?
Eduardo Bandeira: Administramos o clube de maneira profissional e todos os nossos colaboradores devem se portar dessa maneira. Há aspectos relacionados à postura e ao comportamento previstos no contrato dos jogadores, que visam a resguardar a imagem institucional do Flamengo. Cobraremos firmemente que a conduta pessoal não interfira nos resultados esportivos, e a torcida pode esperar mudanças a partir de 2016.
O DIA: Qual será a importância dos esportes olímpicos na sua gestão? Que tipo de investimento será feito? Em quais esportes? E a arena multiuso na Gávea sairá do papel?
Eduardo Bandeira: Quando assumimos a gestão, em 2013, a situação dos esportes olímpicos era crítica. Tínhamos uma previsão de déficit de R$ 17 milhões apenas para aquele ano. Precisávamos eleger prioridades e reduzir custos. Criamos projetos financeiros através das leis de renúncia fiscal e, hoje, o cenário é completamente diferente: as modalidades se sustentam com recursos próprios. Conquistamos dezenas de títulos em diversas modalidades e o maior exemplo desse sucesso é o nosso basquete, tricampeão do NBB, campeão das Américas e Mundial. Tivemos avanços na infraestrutura, com investimentos de aproximadamente R$ 14 milhões em reformas nos ginásios e equipamentos. Em 2016, esperamos inaugurar a nossa Arena Multiuso, que trará novos recursos para o Flamengo. Será um ginásio de altíssimo padrão, para 3,5 mil pessoas, financiado inteiramente por um investidor privado. Também vamos integrar inteligência, saúde preventiva, psicologia, fisiologia, fisioterapia e preparação física através do projeto CUIDAR, voltado para identificação e desenvolvimento de atletas de rendimento.
Fonte: O Dia
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