Houve um tempo em que a Máquina do Esporte era considerada fonte primária de notícias e análises relacionadas ao marketing esportivo. Seu visual amigável trazia consigo informações não encontradas em nenhum outro veículo do gênero – como as audiências do futebol. Infelizmente, uma equivocada mudança na divulgação e análise destes números vem colocando em xeque a credibilidade do portal.
Não vem de hoje, mas um exemplo se deu na 17ª rodada do Brasileirão, quando Ponte Preta e Flamengo se enfrentaram em partida veiculada pela Globo Rio. Para São Paulo, um eletrizante Cruzeiro x Palmeiras complementou a jornada esportiva. Os números no Rio foram condizentes com as médias do Flamengo: 17 pontos com 41% na Globo e 2 com 4% na Band (Total: 19 com 45%). Em São Paulo, resultado ainda melhor: 16 com 37% na Globo e 5 com 11% na Band (Total: 21 pontos com 48%). Números satisfatórios em ambas as praças, dado o menor número de televisores ligados naquela tarde de Dia dos Pais. Mesmo assim, a Máquina do Esporte se saiu com a seguinte chamada:
“Flamengo tem nova baixa e iguala sua pior audiência no Brasileirão”
Indo de encontro ao que costumava fazer, o veículo ocultou o elevado share das duas partidas (principalmente a do Palmeiras), focando suas análises nos falaciosos resultados da audiência absoluta. Interpelado via redes sociais, o proprietário da Máquina do Esporte, Erich Beting, alegou que a omissão do share era proposital, já que a mesma “mascararia” a realidade.
Ontem, de maneira mais escancarada, o expediente se repetiu:
“Flamengo e São Paulo fazem clássico de audiência pífia na TV”
Desta vez, além de premeditadamente ocultar o share, o portal se ateve à audiência individual de uma emissora, como se apenas os números da Globo SP os credenciasse a falar na audiência da TV como um todo. Se marcou 15 pontos com 31% na emissora dos Marinho, Flamengo x São Paulo atingiu outros 6 pontos com 11% na Band, totalizando nada desprezíveis 21 pontos com 42%.
Para que se tenha ideia do equívoco, o clássico do Maracanã foi simplesmente a maior audiência agregada do São Paulo no Brasileirão aos domingos (outros jogos: Internacional, Palmeiras e Sport). Se pela Globo o resultado não foi dos melhores (apenas superando os 14 pontos de Sport x SPFC), aqueles 6 pontos da Band configuraram recorde para o Tricolor no mesmo dia e horário. Mais: os 42% de share no agregado foram simplesmente o segundo melhor do clube na competição (incluindo aí quatro partidas às quartas e um sábado). Falar em “audiência pífia” nestas condições denota ignorância sobre um assunto que deveria dominar ou oportunismo.
Não é de hoje que o Blog Teoria dos Jogos enfoca os significados implícitos do share na análise das audiências televisivas. Para evitar redundâncias, segue o link de um texto que exemplifica diferenças nas praças de Rio e São Paulo de acordo com características ligadas ao clima. Tudo impacta nas audiências: dia da semana, horário, temperatura e até feriados. Mas a verdade que vem sendo tão refutada por quem se diz especialista é que apenas um elemento não se deixa iludir com tamanhas variâncias. Elemento que revela, ao invés de mascarar: justamente ele, o share.
Blog: Teoria dos Jogos
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