Diante da problemática que permeia a vida do Flamengo em relação a ausência de uma casa fixa, buscou-se por meio de estudos de caso, levantamento de dados e experiências, o resultado daquilo que seria um estádio ideal - como meio de alternativa - para o Clube. Em decorrência disso, apresenta-se a seguir um “projeto conceito” de Arena na Gávea, levando em conta um acordo colateral com o Maracanã.
No que tange à capacidade e identificação, não há concorrente para o Estádio do Maracanã quando o assunto é Flamengo. Opções como Engenhão, Raulino de Oliveira e Moacyrzão passam longe neste quesito e, alternativas fora do Rio de Janeiro, como optado na temporada de 2016, são inviáveis devido ao tempo e desgaste com viagens.
No entanto, o fato de atuar no maior estádio do Brasil tem trazido perdas substanciais de renda a agremiação. E, na edição de 2018 do Campeonato Brasileiro, isso ficou ainda mais evidente. Mesmo contando com a maior média de público (47 mil pagantes) e uma arrecadação total de R$ 25,34 milhões em bilheteria, apenas R$ 3,38 milhões (13%) foram para os cofres do Clube.
Somado a isso, a incerteza em relação ao público em jogos de menor apelo e/ou momentos adversos passaram a ser uma das principais problemáticas a serem resolvidas. A redução de despesas e um programa de fidelização eficiente a torcedores mais assíduos são necessidades a serem supridas num período de curto prazo. Porém, como seria possível atingir tal nível de excelência sem poder de negociação com à atual concessionária do Maracanã?
Ponto chave para o Clube alcançar um acordo que considera ideal e justo, onde o dono do espetáculo passa a ser o mais beneficiado, a construção de um estádio também acarretaria na solução para sediar partidas das Categorias de Base, Futebol Feminino e Futebol Americano de forma a atrair maiores públicos, conforto e identificação com o time.
Em virtude disso, o presente trabalho teve como princípio três aspectos principais:
- Custo
Idealizado com dois anéis de arquibancada, a Arena poderá limitar as áreas a serem utilizadas, reduzindo, assim, despesas básicas como água, luz e limpeza.
Além disso, adotou-se materiais de baixo custo e boa resistência como tijolo estrutural, concreto e estrutura metálica. Em sua fachada, utilizam-se placas de policarbonato para formar um mosaico rubro-negro, dando o mesmo aspecto do vidro mas sem reflexos prejudiciais ao seu derredor, somando-se, ainda, às cores claras em sua maior parte considerando-se o clima local e a pouca ventilação quando necessitado o fechamento de sua cobertura (veja a seguir).
Uso de policarbonato em projeto de Estádio para o Flamengo - Imagem: Eduardo El Khouri
- Acústica
Em maio de 2017, o Flamengo obteve junto à Prefeitura um protocolo de autorização para erguer o seu tão sonhado estádio mediante à apresentação e pré-aprovação do projeto. No entanto, como exigência, estava a necessidade de tratar-se de uma obra acústica. Passando a ser, este, o ponto principal para a discussão da obra.
Buscando-se atingir tal pré-requisito, adotou-se o tradicional formato olímpico que, além de apresentar melhor aproveitamento de espaços, ambientes circulares são comprovadamente mais eficientes no que diz respeito à fluência e absorção de sons, evitando ainda o fenômeno denominado “reverberação”, mais conhecido como eco.
Soma-se ainda a tecnologia de teto retrátil, presente apenas na Arena da Baixada entre os estádios brasileiros. No desenvolver do projeto, percebeu-se que, por se tratar de um estádio de pequeno porte, a região de gramado a ser coberto é maior do que a área das arquibancadas, havendo, portanto, a necessidade de adoção da tecnologia “skywindow”, onde os painéis são particionados como “escamas”, juntando-se uma à outra quando fechadas e, podendo assim, fazer com que o gramado receba a insolação necessária para a não-adoção de gramado sintético. Com isso, evita-se também problemáticas existentes no gramado do Maracanã pós-reforma, onde não foram considerados fatores naturais que acabam por prejudicar um dos pontos do gramado pelo fato de o sol ter menor alcance com a nova cobertura.
Vale ressaltar ainda a adoção do gramado abaixo do nível da área externa que, além de absorver melhor o som da torcida, também implica na redução de números de degraus das escadarias presentes no projeto e, consequentemente, os espaços requeridos.
- Identificação
Diante de um projeto deste porte, é de extrema importância considerar-se a história e tradição do Flamengo. Por isso, foi idealizado a volta do setor popular, inspirado na “antiga geral”, sem o uso de assentos para um melhor aproveitamento de espaços, elevando assim, a capacidade total do estádio.
Também levou-se em conta o fato de, tradicionalmente, o setor pulsante, frequentada pelas torcidas organizadas do rubro-negro, estar localizado à esquerda das cabines de televisão. Somado a isso, está a possibilidade da volta das marcantes faixas que separavam os antigos anéis e que coloriam o Maracanã em jogos do Mais Querido.
Localizado na Rua Gilberto Cardoso, a área frequentada preferencialmente pelas organizadas poderá ser interditada em eventuais partidas sem maiores impactos no seu entorno, assim como a Rua Ministro Raul Machado que, presente na fachada principal do estádio, tenderá a receber a maior concentração de torcedores.
Por se tratar da maior torcida do mundo, lidamos ainda com uma diversificação de faixas etárias, raças e classes sociais. Por isso, além do setor popular, foram adotadas outras cinco áreas para o estádio atingir todo o tipo de necessidade e público:
Anel inferior Sul: Localizado atrás de uma das traves, assemelha-se ao setor popular, mas com o conforto de assentos.
Anel inferior Leste e Oeste: Setor marcado pela visão mais próxima ao gramado, além do maior contato com os bancos de reservas (leste) dos times atuantes.
Anel superior: Área de visão mais ampla do estádio que concilia, ainda, com o conforto de assentos para melhor usufruir do espetáculo.
Área VIP: Com cadeiras de formatos especiais, trará maior conforto para os torcedores, além de vista ampla durante todo jogo e quiosques exclusivos.
Camarotes: Portando 20 cabines, tanto para uso particular, quanto para o uso de emissoras de televisão, poderá ser utilizado como atrativo para potenciais investidores na busca por receita para a construção da obra. Conta ainda com 18 assentos personalizados na área externa, TV, sofás, mesa, frigobar e potenciais serviços.
No projeto, estão previstos ainda área de acesso para a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e equipes médicas, entrada exclusiva para torcida visitante, além de 17 banheiros (PCD), 23 lanchonetes e 2 pontos de venda de ingressos, podendo ainda suportar loja oficiai e quiosque de assistência para sócio-torcedores.
Por fim, ressalto que não foram priorizadas questões estéticas, e sim de custos, funcionalidades e respeito às tradições com o objetivo de atingir um nível de excelência em relação à identificação do maior patrimônio do clube: a torcida.
O presente trabalho foi desenvolvido pelo período de 1 ano, de forma independente e sem maiores anseios pessoais, apenas como objeto de incentivo para o Flamengo avançar no que diz a respeito à sua “casa própria”, fazendo-o assim, ainda mais forte dentro e fora dos gramados.
DADOS TÉCNICOS
Área
Setor inferior: 14.939,055 m²
Área de campo: 10.245,05 m²
Setor superior:
- 1º pvto: 579,215 m²
- VIP: 2.042,495 m²
- Camarote: 1.263,955 m²
- Arquibancada superior: 5.390,90 m²
Externo: 625,86m²
Total: 35.086,53m²
Capacidade
Anel inferior: 10.330
Setor Popular: 7.688
Cadeirantes: 98
Anel superior: 11.762
Área VIP: 1.232
Camarotes: 360
Total: 31.470
Projeto, renderização, vídeo e edição:
Eduardo El Khouri da Silva
Estudante de Arq. & Urb.
Matéria:
Eduardo El Khouri da Silva
so falam em estadio nunca sai
ResponderExcluirUm estádio próprio seria ótimo!Na própria Gávea,mesmo!
ResponderExcluir