domingo, 2 de julho de 2017

Folha de São Paulo detona Ilha do Urubu: "Acostumados com Maracanã, os Paulistas estão com medo do Caldeirão":



Torcedores de pé durante toda a partida, a maioria assistindo ao jogo sem a proteção de uma cobertura e assentos sem marcação.


Reformado e aberto como a nova casa do Flamengo no início de 2017, a Ilha do Urubu, na zona norte do Rio de Janeiro, foi concebida na contramão do padrão Fifa.


Na vitória dos cariocas contra o Santos, por 2 a 0, na quarta-feira (28), a maioria do público acompanhou o jogo inteiro de pé até no setor oeste, o mais caro, uma espécie de tribuna.

Neste domingo (2), às 16h, quando o time do Rio enfrentar o São Paulo, os flamenguistas deverão repetir a cena.

"Rejeitamos o termo arena desde o início. A Ilha do Urubu foi pensada sempre para parecer um estádio antigo, com a torcida mais participativa, interagindo com o time", afirma o diretor de novos negócios do clube, Marcelo Frazão.

O Flamengo ressuscitou até a geral, que havia sido banida dos estádios brasileiros. As arquibancadas atrás de cada gol não têm assentos para deixar os fãs torcendo em pé.

Para dar mais segurança, o setor acabou sofrendo uma adaptação. Foram instaladas barras antiesmagamento para evitar o efeito avalanche, com queda de torcedores.

A Ilha do Urubu não respeita outras regras exigidas pela Fifa, que obrigou o Brasil a construir mais de uma dezenas de estádios milionários.

Localizados embaixo da única arquibancada de concreto, os vestiários estão longe de ter os 150 m² impostos pela entidade que controla o futebol no planeta.

O Flamengo também deixou de lado o padrão Fifa ao escolher a localização do estádio, que fica numa área residencial, de ruas estreitas, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro.

A dona da Copa do Mundo recomenda que os estádios devem ser de fácil acesso por meio de transporte público.

Ao contrário do Maracanã, que conta com estação de trem e metrô, há apenas poucas linhas de ônibus que levam à Ilha do Urubu.

O estádio também não possui serviços como lanchonetes padronizadas com área de alimentação. O Flamengo improvisou um espaço com "food trucks" nos acessos das arquibancadas provisórias.

Até as redes colocadas nos gols seguem um desenho antigo, sem as barras atrás das traves que esticam a trama nas arenas modernas. Na Ilha do Urubu, a rede tem o estilo batizado de véu de noiva. Nos gols, a bola quase sempre fica presa na teia.

"Esse padrão Fifa só serviu para enriquecer as construtoras e o pessoal que gosta de propina. O torcedor quer ver o jogo desse jeito, bem junto dos jogadores. Chega de padrão Fifa. Aqui é muito melhor", disse o mecânico Gilberto de Matos.

A Ilha do Urubu custou cerca de R$ 15 milhões e foi erguida no antigo estádio da Portuguesa carioca.

Pelo acordo com a equipe, o Flamengo terá exclusividade para uso do estádio, com prazo de três anos, renováveis por mais três. O local tinha lugar para 15 mil torcedores. Hoje, tem capacidade para 20 mil.

Nas três partidas disputadas na Ilha, a equipe está invicta. Marcou nove gols e sofreu apenas um.

Com média de público de cerca de 14 mil torcedores, o Flamengo teve lucro ao mudar de casa. Arrecadou cerca de R$ 800 mil nos três jogos.

Em maio, amargou um prejuízo de cerca de R$ 300 mil ao jogar no Maracanã para 29 mil pagantes contra o Atlético-GO. O clube se queixa do alto valor das taxas cobradas.

PREÇO SALGADO

Apesar do sucesso de público, torcedores reclamam do preço dos ingressos. Sem tantos lugares (a capacidade é de quase 20 mil pessoas), o clube está cobrando R$ 200 pelo bilhete mais barato (sem a vantagem dos planos de fidelidade) para o confronto deste domingo.

"A Ilha do Urubu foi uma solução que encontramos para esse período de indefinição do Maracanã [a Odebrecht tenta devolver o estádio ao governo do Rio]. O estádio também consegue nos dar um efeito esportivo bom. Só vamos para um estádio maior, quando o jogo tiver um grande apelo de público", disse Frazão.

NA TV
Flamengo x São Paulo
16h TV Globo (para São Paulo) e Pay-per-view

Fonte: Folha de São Paulo

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