Desde que assumiu a presidência do Flamengo, em 2013, Eduardo Bandeira de Mello priorizou o saneamento das finanças do clube, caminho necessário, em seu entendimento, para que o time volte a estar entre os mais competitivos do país. Dentro de campo, o preço foi alto, e o time correu risco de rebaixamento nos dois últimos Campeonatos Brasileiros. Amanhã, o rubro-negro inicia nova caminhada na principal competição do país, e a torcida ainda espera por contratações de impacto para não sofrer pelo terceiro ano seguido.
Bandeira de Mello garante que, desta vez, não haverá sustos, e promete trazer os reforços desejados pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. No entanto, mesmo com o maior faturamento do futebol brasileiro em 2014 — R$ 334 milhões —, o presidente rubro-negro mantém os pés no chão e os olhos no futuro. Com uma dívida de R$ 577 milhões — 70% maior que a receita do ano passado —, o dirigente não pretende mudar seu estilo. Apesar dos números robustos, o Flamengo ainda caminha passo a passo rumo a um futuro sustentável. Que pode passar, afirma ele, pela oficialização do Maracanã como legítimo estádio rubro-negro, uma das alternativas do dirigente para realizar o antigo sonho de ter sua própria casa. Mas Bandeira pede paciência até chegar o dia em que o clube poderá ser, efetivamente, competitivo no mercado.
— Quanto mais passar o tempo, mais isso vai ser possível. Acredito que 2015 já é melhor que 2014, que foi melhor que 2013. É possível que este ano a gente já possa, não diria ousar, porque tudo que a gente faz é extremamente responsável, mas já possa pensar em jogadores que, talvez, não conseguisse pensar no ano passado. Agora, 2016 e 2017, com certeza, vão ser bem mais confortáveis — afirmou Bandeira de Mello em entrevista exclusiva.
REFORÇOS
“Tenho certeza de que ele (Luxemburgo) sabe que nós estamos nos esforçando ao máximo, e é um esforço permanente para deixar o nosso time cada vez mais competitivo. O que a gente conseguir, com certeza vai nos ajudar bastante. E se não conseguirmos nada, o que eu não acredito, tenho certeza de que nós já temos um elenco que vai garantir que a gente faça uma boa figura no campeonato. Mas é possível que tenha novidade, a gente pode buscar esses reforços não só no mercado externo como no interno também.”
ROBINHO
“É um excelente jogador, mas, qualquer coisa que a gente venha a fazer, tem que ser com aquele cuidado que a gente sempre tem, sem precipitação. Claro que a gente gostaria de um reforço dessa dimensão, e se for possível a gente vai trazer.”
ESTÁDIO PRÓPRIO
“É viável, com certeza, mas não há uma solução escolhida. Nós nos demos um prazo até o fim do ano para resolver nossa situação, com relação ao Maracanã ou algum outro estádio. Se nós conseguirmos ficar no Maracanã em condições boas, acho que seria uma excelente solução. Se não, temos amplas condições de buscar uma alternativa para construir o nosso estádio, e nenhuma localidade está descartada.”
MARACANÃ RUBRO-NEGRO
“Acho que é o sonho da torcida fazer com que o Maracanã seja de direito, porque de fato já é, a casa do Flamengo, mas isso não depende só de nós. O contrato (com o Consórcio Maracanã) termina em 2016, e pode ser rescindido a qualquer momento por qualquer uma das partes. Estamos em avaliação permanente. Temos plenas condições de assumir o Maracanã. E uma solução para que o Flamengo assuma o Maracanã pode passar também por uma parceria com o Fluminense.”
JOGOS FORA DO RIO
“A gente procura balancear essas duas coisas. Jogar fora do Rio traz um certo desgaste de deslocamento, mas, por outro lado, nos dá uma receita que a gente não conseguiria jogando no Maracanã. O objetivo do futebol é gerar recursos para que a gente possa cumprir nossos compromissos, para que sejamos fortes a longo prazo. Se fôssemos pensar só na rentabilidade, não jogaríamos nunca no Maracanã. Por outro lado, se jogar sempre no Maracanã nos garantir um desafogo financeiro, não podemos desprezar essa possibilidade. A equação seria outra. Mas tenho a impressão de que um clube nacional como o Flamengo, com torcida em todos os lugares, não pode virar os olhos para a sua torcida do interior. Seja no Brasileiro, em amistosos ou torneios, sempre poderão ser realizados jogos em outras praças. Afinal de contas, o Flamengo é o clube mais popular em 24 das 27 unidades da Federação.”
SALÁRIOS EM DIA
“Estamos sempre sujeitos a alguns contratempos, mas o importante é que o elenco sabe que, quando acontece algum tipo de acidente, é uma coisa episódica, transitória, e que vai ser resolvido. O Flamengo talvez seja um dos únicos clubes que já cumprem todas as contrapartidas previstas na MP 671, mesmo sem ela estar em vigor. Adiantamento de receitas, percentual de gastos no futebol, déficit zerado… você tem prazo até 2021, mas o nosso já está zerado desde o ano passado.”
TÍTULOS DE EXPRESSÃO
“É claro que eu quero ganhar todos os títulos, não porque eu tenho vaidade, mas porque sou torcedor acima de tudo. Mas tenho certeza de que só vamos conseguir ser vencedores a longo prazo, chegar num patamar de excelência de maneira sustentável, se fizermos um sacrifício neste momento. Não adianta nada ganhar um campeonato, e depois não conseguir pagar suas contas e no ano que vem emburacar de vez.”
ANO ELEITORAL NO CLUBE
“Estamos no início de maio, é muito cedo para deflagrar esse processo, seria prejudicial para o Flamengo. Sei que é inevitável que esse assunto surja de maneira irreversível, mas, quanto mais a gente conseguir ter um pouco de paz antes desse processo eleitoral, melhor. É absolutamente natural esse movimento de oposição. Venha de onde vier, é um direito de todos fazer críticas e se posicionar. Mas eu tenho a responsabilidade de tentar postergar esse momento para que o clube não sofra.”
CARIOCA 2016 OU LIGA?
“Não sei se seria viável conseguir aprovação (da CBF) para a criação de uma liga, por isso nós não anunciamos que vamos criar, mas é nossa obrigação tentar. O que é absolutamente certo é que não vamos jogar o Carioca de 2016 nos moldes que jogamos este ano. Não vamos nos importar em perder dinheiro, porque vamos perder agora para ganhar depois. Claro que, juridicamente, todas as soluções são complicadas, e vamos avaliar tudo isso, ver de que maneira a gente pode contornar uma eventual punição. Estamos trabalhando para ter essa carta na manga.”
Fonte: O Globo
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