O tradicional campeonato carioca já teve momentos terríveis. Como em 1998, quando times se recusavam a disputar partidas nas condições estipuladas à época. O certame foi um festival de jogos definidos no "WO", com equipes simplesmente não aparecendo e entregando os pontos sem constrangimento.
Houve também o de quatro anos depois, que de tão ruim ficou popularmente conhecido como "Caixão 2002". Acabou com erros absurdos de arbitragem e numa espécie de semi-anonimato, ignorado pela torcida e até pela mídia, mais atenta ao torneio Rio-São Paulo e à Copa do Mundo, que se aproximava.
Esse disputado em 2015 é de jogar a tolha. Novamente marcado por arbitragens tétricas, decisões de bastidores e tribunais que interferiram diretamente no andamento da competição. Difícil esperar que o torcedor leve esse negócio a sério. Como falar do que se passa nas quatro linhas ignorando o entorno?
Nas semifinais o Fluminense foi a maior vítima. Primeiro com a mudança do segundo jogo com o Botafogo para o Engenhão, o que seria aceitável caso tal decisão não fosse tomada entre as duas partidas, numa canetada. Depois veio a absurda suspensão de Fred por declarações naturais em qualquer ambiente democrático.
Para completar, o Botafogo venceu por 2 a 1 com o primeiro gol numa jogada irregular. O impedimento foi ignorado pela arbitragem. Na segunda etapa, com os alvinegros se arrastando em campo, os tricolores perderam a chance de vencer. Foram incapazes, é óbvio. Mas o que aconteceria se Fred estivesse em campo?
Jamais saberemos, mas podemos imaginar. Como é de se imaginar num ponto do Rio de Janeiro alguém celebrando com euforia a presença de dois aliados em sua festinha particular. O futebol carioca virou mero feudo de alguns. A administração no caos é sempre conveniente para certos personagens.
Flamengo x Vasco. Primeiro vamos deixar claro que esta é a análise dos confrontos decisivos de 2015. Erros do passado, como os que beneficiaram os rubro-negros em 2014 e outros momentos, citamos antes. É só navegar aqui pelo blog para reler. Olhando para os dois últimos jogos, o prejuízo é dos flamenguistas.
Na primeira partida Jonas deveria ter sido expulso. Não foi. Como no segundo o vascaíno Christiano, ao enfiar a chuteira nas costas de Anderson Pico. Gilberto idem, por comemorar o gol lá na torcida, o que deveria lhe custar o segundo cartão amarelo. Discordo de tal recomendação, mas ela existe, logo, deveria ser seguida.
E tudo depois do pênalti absurdamente marcado e que definiu o clássico. É claro que a falha do apito no segundo jogo foi maior e mais decisiva do que a do primeiro duelo. Fica com jeito de "Lei da compensação". Nada surpreendente. "Erraram contra o Vasco, então se agora foi a favor, qual o problema?", perguntam alguns.
Infelizmente o torcedor, que na absoluta e massacrante maioria não freqüenta os estádios, ignora isso. Reflexos de nossa sociedade, onde levar vantagem é visto como virtude em muitos casos. No futebol então, poucos ligam para um triunfo conseguido de forma irregular. O importante é vencer, não são poucos os que seguem tal lema.
Há até quem endosse as palavras de Felipe, ex-goleiro do Flamengo. No ano passado ele disse que "roubado é mais gostoso". Foi logo após ganhar o título sobre o Vasco graças a um gol em impedimento de Márcio Araújo. Situações assim, mais comuns do que gostaríamos, proporcionam a proliferação de personagens nocivos ao futebol.
E eles são os maiores vencedores desse campeonato pífio e patético.
Vanderlei Luxemburgo não fez o Flamengo jogar uma vez sequer de maneira realmente convincente em 2015. Nem nos 3 a 0 sobre o Fluminense, facilitados pela injusta expulsão de Fred. Na coletiva após perder para o Vasco, dividiu a responsabilidade com o clube inteiro, do presidente ao porteiro. Mas o maior culpado é ele, que inexplicavelmente se valorizou com o interesse do São Paulo, algo que nos ajuda a entender o atual mau momento do time paulista.
Mas a vida de Luxemburgo poderia ser um pouco mais complicada se os repórteres fizessem perguntas mais ligadas ao trabalho dele, aos seus erros e acertos. O técnico ainda se safa com as velhas muletas, desviando do assunto central e levando a conversa para outro lado. Ele é esperto. Cabe aos cartolas serem mais inteligentes. Alguém vai cobrar o treinador? Não pela eliminação, mas devido ao futebol fraco do Flamengo no ano até aqui. Inclusive nos dois jogos ante o Vasco, que fora o pênalti, jogou melhor.
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Em apenas 17 jogos disputados no Carioca 2015, o Vasco teve oito pênaltis a seu favor, média de quase um a cada duas partidas. O número, altíssimo, é identico à quantidade de penalidades máximas assinaladas para os vascaínos nas 38 rodadas da Série B 2014, quando só a Ponte Preta teve mais (nove). E igual ao número de penais dados a Fluminense e São Paulo, os que mais tiveram esse tipo de infração a favor nas 38 partidas que disputaram na Série A do ano passado. O que você acha disso?
Dos oito penais, dois foram indiscutivelmente bem marcados: o último dos três assinalados contra o Friburguense, que Gilberto desperdiçou; e o diante do Nova Iguaçu, que abriu o placar. Outros dois são discutíveis, na vitória sobre o Fluminense, com o agarra-agarra na área ao ser cobrado um escanteio e que os árbitros eventualmente resolvem apontar, sem muito critério; e o do duelo com o Boavista. Na ocasião, Thales caiu numa jogada na qual a imagem da televisão não deixa claro se realmente ele é tocado por Vitor Faísca. Bem polêmico, mas o árbitro foi muito convicto. Aos 46 minutos do segundo tempo!
A penalidade máxima apontada para os vascaínos diante de Bonsucesso, aos 47 da etapa final, foi absurda, como sem sentido as duas primeiras no jogo com o Friburguense e finalmente o da partida com o Flamengo. Detalhe, dos oito pênaltis dados para o Vasco, quatro proporcionaram vitórias ao time, contra o Fluminense, Flamengo, Boavista e Bonsucesso, os dois últimos nos acréscimos do segundo tempo de partida. Os vascaínos venceram cinco dos seis jogos nos quais tiveram penalidades assinaladas ao seu favor. Somados no campeonato carioca deste ano, Botafogo, Flamengo e Fluminense têm sete penais contra os oito do Vasco da Gama.
Fonte: Blog Mauro César
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