Cotas de TV. Novamente me vejo obrigado a tratar desse assunto que teima em se apresentar de forma cada vez mais insistente, mesmo se tratando de um pleito tão esdruxulo. E não tenho prazer nenhum em falar sobre isso novamente, já que em um mundo mais coerente tal situação jamais se faria presente. Mas me repito nesse tema por achar o momento por demais perigoso: Vejo muita gente de olho no que pertence de maneira justa ao Flamengo.
Um dos novos fatos que me levam a falar desse tema que já deveria estar vencido são as “sugestões” do Grêmio para melhorar nosso futebol ( entre elas está uma possível mudança no formato do campeonato, idéia da qual sou a favor, porém não para o péssimo formato sugerido pelos gaúchos…mas isso é assunto para outra coluna…). Outra motivação que eu tive foi a notícia veiculada de que os valores pagos para Corinthians e Flamengo teriam virado alvo de investigações do excelentíssimo Ministério Público Federal. E por fim a declaração do novo “aliado” do Flamengo, o novo CEO da Copa Sul Minas, o já conhecido atleticano Alexandre Kalil.
Por partes: Eu sou a favor de que exista um “bolo” de dinheiro para ser dividido entre os clubes de acordo com a classificação final do campeonato. Mas acho inadmissível que esse “bolo” seja construído compulsoriamente com o dinheiro pago pela televisão ao clubes. É completamente absurdo. Não faz o menor sentido. Já que a CBF é organizadora do torneio e teve um faturamento semelhante ao de Flamengo e Corinthians somados no ano de 2014 , uma boa idéia seria que ela colocasse o dinheiro dela nesse bolo. Outra boa idéia seria angariar patrocinadores para “inflar” esse bolo. Até mesmo cada clube colocar um valor “x”, igual para todos os participantes, para somar ao “bolo” acima sugerido é algo plausível. Mas nunca, em hipótese alguma, seria justo mexer no valor negociado individualmente pelos clubes em uma relação comercial particular entre clube e televisão.
Ora, dizem que relembrar é viver. Pois bem: anteriormente as cotas eram negociadas coletivamente através do clube dos 13. O que de bom essa união entre os clubes gerou? Por anos os valores arrecadados pelos clubes fora pífios e desatualizados. E qual o tipo de solidariedade, irmandade e parceria comercial entre os clubes aconteceu nesse período? O que eu mais vi foram clubes e presidentes de clubes sempre se eximindo de qualquer ação no intuito de falarmos de uma verdadeira união entre os clubes…união essa que somente aconteceu na Copa União em 1987…e todos conhecemos os resultados disso até hoje correto?
Pois bem…após a quebra do clube dos 13 cada agremiação foi negociar suas cotas de TV individualmente. E ai quem pode mais chora menos. E amigos, o Flamengo pode muito. Só para citar poucos e simples exemplos: Joinville x Flamengo chegou a 29 pontos de audiência e Flamengo x Chapecoense chegou a 25 pontos. Enquanto isso São Paulo x Palmeiras chegaram a 20 pontos e Inter x São Paulo bateram 16 pontos. Notem ai que coloquei jogos entre o Flamengo e times de menor expressão e para vias de comparação coloquei jogos entre equipes chamadas grandes no nosso futebol. E depois ainda aparecem alguns para falar em divisão injusta, em “espanholização”, etc. Isso me parece uma bravata e um jogo de interesses muito do mesquinho. A verdade é que tem muita gente que quer viver explorando o Flamengo. Cada um que faça o seu dever de casa e explore o seu potencial da melhor forma possível. Olhar apenas para a “grama do vizinho” numa situação dessas é de uma pequeneza…
Sobre a atuação do MP no caso em questão digo o seguinte: em primeiro lugar trata-se da relação entre diversos entes particulares e nada de irregular vem sendo feito, a princípio. A TV se dá ao direito de pagar mais a quem gera mais lucro pra ela. Simples assim. Nada mais comercial e capitalista que isso. E dentro desse conceito é absolutamente injusto querer falar em cotas mais “igualitárias”. É querer socializar o dinheiro alheio. Muito fácil assim. Sem falar que acredito que o MP tenha coisas mais importantes para tratar não é mesmo?
E sobre a entrevista do Kalil, mesmo ela não tendo sido direcionada ao Flamengo é bom abrirmos os olhos e tomarmos cuidado com os nossos “aliados”. Afinal, sair da frigideira para cair dentro do forno não é um bom negócio, certo?
Ao que parece que nossa diretoria está de olhos abertos para essa questão, mas temos eleição no fim do ano, e esse é sempre um momento de instabilidade. E também temos o time disputando uma vaga na libertadores do ano que vem, algo que chama muito a atenção e pode deixar temas de médio e longo prazo, que também devem ser tratados, jogados pra escanteio. Todo cuidado é pouco. Temos que manter ficar de olhos abertos!!!!
Fonte: Luiz Henrique Amorim
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